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terça-feira, 21 de novembro de 2017

Ramalho Ortigão teve razão para além do seu tempo?


Respigo da célebre  "Carta de um velho a um novo" que Ramalho Ortigão destinou a João do Amaral em 7 de Setembro de 1914 esta pequeno parágrafo que não sai do contexto, mas o foca num dos aspectos mais críticos que a fez ditar ao eminente escritor.

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Pelos processos improvisados e caóticos em que vivemos sucessivamente nos desenraizamos do torrão paterno, desandando e retrocedendo da ordem ascendente e lógica de toda a evolução social, principiando por substituir o interesse da Pátria pelo interesse do partido, depois o interesse do partido pelo interesse do grupo e por fim o interesse do grupo pelo interesse individual de cada um. É a marcha da dissolução marcha rapidíssima para o aniquilamento, porque é inteiramente aplicável à vida social a lei biológica de que toda a decomposição orgânica dá origem a seres parasitários cuja função é acelerar e completar a decomposição.

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Depois de ler isto atentamente fico a pensar que Ramalho Ortigão teve razão para além do seu tempo, tendo escrito deste modo ao ver a miséria moral de uma jovem República, que no dizer dele, levou os seus próceres a substituir o interesse da Pátria pelo interesse do partido, depois o interesse do partido pelo interesse do grupo e por fim o interesse do grupo pelo interesse individual de cada um.

Lamento que Ramalho Ortigão tenha razão 103 anos depois!

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