Respigo da célebre "Carta de um velho a um novo" que Ramalho Ortigão destinou a João do Amaral em 7 de Setembro de 1914 esta pequeno parágrafo que não sai do contexto, mas o foca num dos aspectos mais críticos que a fez ditar ao eminente escritor.
.................................................................................
Pelos processos improvisados e caóticos em que vivemos
sucessivamente nos desenraizamos do torrão paterno, desandando e retrocedendo
da ordem ascendente e lógica de toda a evolução social, principiando por
substituir o interesse da Pátria pelo interesse do partido, depois o interesse
do partido pelo interesse do grupo e por fim o interesse do grupo pelo
interesse individual de cada um. É a marcha da dissolução marcha rapidíssima
para o aniquilamento, porque é inteiramente aplicável à vida social a lei biológica
de que toda a decomposição orgânica dá origem a seres parasitários cuja função
é acelerar e completar a decomposição.
......................................................................................
Depois de ler isto atentamente fico a pensar que Ramalho Ortigão teve razão para além do seu tempo, tendo escrito deste modo ao ver a miséria moral de uma jovem República, que no dizer dele, levou os seus próceres a substituir o interesse da Pátria pelo interesse do partido, depois o interesse do partido pelo interesse do grupo e por fim o interesse do grupo pelo interesse individual de cada um.
Lamento que Ramalho Ortigão tenha razão 103 anos depois!
Sem comentários:
Enviar um comentário