Um pedaço (bem pequeno) da paisagem da Beira Baixa
a bordejar a Beira Litoral
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Este "mar de montanhas" da Beira Baixa interior é um espectáculo para o olhar mais desatento que passe pela cumeadas dos seus montes telúricos, onde a Natureza num bailado frenético há milhões de anos deixou a sua marca vincada aqui e ali pelos afloramentos rochosos, mas sempre nos verdes que atapetam os montes de matos e giestas nas encostas declivosas que descem para os vales onde correm mansos e deleitosos os fios de água que dão origem às suas muitas ribeiras.
É assim, neste local - perto do Vale Derradeiro - uma aldeia serrana que tem a honra de ter bem perto de si este "mar de montanhas" que se vai quebrando, monte a monte, vale a vale até se perder numa vista difusa, mas onde se percebe que o espectáculo continua diáfano, mas belo e exuberante como o ângulo da primeira vista que nos oferece na berma da estrada um feixe de matos que hão-de florir na próxima Primavera e por onde as abelhas, de flor em flor, atraídas pela polinização exalante de aromas agradáveis ao seu apurado olfacto, depois de sugar o néctar das flores, de papo cheio, hão-de voar para os cortiços dos apicultores e fabricar o mel.
Passei por ali neste último Verão - e este local era assim - num tempo em que na verdura da paisagem os meus olhos vogavam neste "mar de montanhas" numa delícia que se revigorava neste mágico horizonte - que parece não ter fim - para hoje, cinzento e triste mercê dos fogos de Outubro ser um desencanto que a força da Natureza há-de, num dia breve, voltar a mostrar nos seus verdes rejuvenescidos, até que um dia - e de novo - os predadores incendiários em cujo olhar apenas existe a mira dos negócios sujos da madeira voltem a matar esta paisagem de sonho.
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