INQUIETAÇÃO
Letra e voz de Edmundo Bettencourt
Quanto mais foges de mim
Mais corro e menos te alcanço.
O meu amor não tem fim…
Morrerei mas não me canso.
Todo o bem que não se alcança
Vive em nós morto de dor;
Bem amar e amar não cansa
E se morrer é de amor.
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Edmundo Bettencourt gravou este fado de Coimbra em 1928 para a editora Columbia, na cidade do Porto, concretamente no bem conhecido "Palácio dos Carrancas", uma das mais valiosas peças aquitectónicas do século XVIII, daquela cidade, adquirido pelo rei D. Pedro V para servir de habitação nas deslocações da Família Real ao norte de Portugal, passando, então, a ser conhecido por: PAÇO DO PORTO ou PAÇO REAL.
Nele se acoitou e fez dele o seu quartel-general na segunda invasão francesa, Soult, que em 1809 abandonou à força com a aproximação do exército anglo-português às ordens de Arthur Wellesley, tendo sido doado por D. Manuel II, em 1915, por via testamentária à Santa Casa da Misericórdia, e hoje, sede do Museu Nacional de Soares dos Reis.
Relata-se isto, porque no tempo que passa, a História vive, tanto vive da voz e da lírica das duas quadras do Poeta funchalense que a Columbia gravou e difundiu no primeiro quartel do século XIX, como dos locais que lhe serviram de Estúdio, para ser hoje, um afamado Museu Nacional.
Por tudo isto, que o fado INQUIETAÇÃO pela sua letra amorosa que espelha bem o momento então vivido e cantado por Edmundo Bettencourt, seja, neste momento, um motivo que nos leve a meditar e a crer no amor e que o - Bem mar e o amar não cansa - e só nos cansa a falta do amor puro e simples, construtor de mundos e que, infelizmente, no tempo que passa nos devia inquietar.
Honra à memória deste afamado cantor de Coimbra.
Ouçamo-lo com reverência.