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sábado, 29 de novembro de 2014

VIII Estação - Jesus e as mulheres de Jerusalém


As mulheres compassivas que seguiam de perto
a Tua caminhada, ante os modos bruscos dos soldados
soltavam, amarguradamente,
gritos de dor em cada um dos passos que davas
vergado ao peso do madeiro.

Apiedaram-se do Teu sofrimento
e do modo sofredor mas sereno
como prosseguias o caminho,
lamentando o tormento que carregavas
sem que elas entendessem a culpa.

E Tu, Senhor,
efectivamente, inocente de tudo quanto se passava,
num dado momento ergueste para elas os teus olhos fundos
e pediste-lhes:

(...) não choreis por mim,
chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos. (1)

Profeticamente, nestas palavras
estava presente a dor futura de todas as mães de Jerusalém
aquando da destruição daquela cidade ingrata
que Te levava à morte.

À morte aviltante, que era o espectáculo da cruz dos condenados
como acontecia com os dois que fechavam o cortejo daquele dia:
Gestas e Dimas, que haviam de configurar junto de Ti
a maldade e o arrependimento.

Profeta até ao derradeiro instante,
de que são exemplo as palavras que disseste às mulheres
de Jerusalém, quiseste vincar que mesmo no sofrimento
e na maior das hecatombes
é possível erguer os olhos e dar conselhos:

Não choreis por mim...
Chorai antes por vós...
Chorai por aquilo que virá de mau para a vossa cidade...
para a insensata Jerusalém que repudiou e matou os profetas.

O ódio vesgo havia cegado todos aqueles que Te haviam julgado.
Nada podiam ver... e, no entanto, em cada um dos passos que davas,
muitas vezes empurrado por eles,
eram eles mesmos, que sem  saberem,
estavam a ajudar a edificar o Trono de Deus,
fundado sobre o Teu sofrimento
em cima da Cruz do Calvário.













Obrigado, Senhor, pelo Teu sacrifício.
Perdoa de todas as vezes que vejo passar, derrotado,
o meu irmão e caminho indiferente.
Sobretudo, sem olhar aquele que passa
a caminhar sob o peso duma cruz que finjo não ver!

Perdoa, Senhor, de todas as vezes
que procedo assim,
sem sequer levantar os olhos
como fizeram - ao ver-Te passar - 
as mulheres piedosas de Jerusalém!



(1) - Lc. 23, 28

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