As mulheres compassivas que
seguiam de perto
a
Tua caminhada, ante os modos bruscos dos soldados
soltavam, amarguradamente,
gritos
de dor em cada um dos passos que davas
vergado ao peso do madeiro.
Apiedaram-se
do Teu sofrimento
e
do modo sofredor mas sereno
como
prosseguias o caminho,
lamentando
o tormento que carregavas
sem que elas entendessem a culpa.
E
Tu, Senhor,
efectivamente, inocente de tudo quanto se passava,
num
dado momento ergueste para elas os teus olhos fundos
e
pediste-lhes:
(...) não choreis por mim,
chorai antes por vós mesmas e por vossos
filhos. (1)
Profeticamente,
nestas palavras
estava presente a dor futura de todas as mães de Jerusalém
aquando
da destruição daquela cidade ingrata
que
Te levava à morte.
À
morte aviltante, que era o espectáculo da cruz dos condenados
como
acontecia com os dois que fechavam o cortejo daquele dia:
Gestas
e Dimas, que haviam de configurar junto de Ti
a
maldade e o arrependimento.
Profeta
até ao derradeiro instante,
de
que são exemplo as palavras que disseste às mulheres
de
Jerusalém, quiseste vincar que mesmo no sofrimento
e
na maior das hecatombes
é
possível erguer os olhos e dar conselhos:
Não
choreis por mim...
Chorai
antes por vós...
Chorai
por aquilo que virá de mau para a vossa cidade...
para
a insensata Jerusalém que repudiou e matou os profetas.
O
ódio vesgo havia cegado todos aqueles que Te haviam julgado.
Nada
podiam ver... e, no entanto, em cada um dos passos que davas,
muitas
vezes empurrado por eles,
eram
eles mesmos, que sem saberem,
estavam
a ajudar a edificar o Trono de Deus,
fundado
sobre o Teu sofrimento
em
cima da Cruz do Calvário.
Obrigado,
Senhor, pelo Teu sacrifício.
Perdoa
de todas as vezes que vejo passar, derrotado,
o meu irmão e
caminho indiferente.
Sobretudo, sem olhar aquele que passa
a caminhar sob o peso duma cruz que finjo não ver!
Perdoa,
Senhor, de todas as vezes
que
procedo assim,
sem
sequer levantar os olhos
como fizeram - ao ver-Te passar -
as mulheres piedosas de Jerusalém!
(1) - Lc. 23, 28
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