Gravura publicada pelo Jornal Já extinto "O Zé" de 12 de Outubro de 1915
O povo que a gravura representa não é por acaso que tem um imenso relógio onde estão numeradas - ao contrário dos relógios tradicionais - as 24 horas do dia. O feliz caricaturista da época que ilustrava o Jornal "O Zé" - sucedâneo do "Xuão" - quis demonstrar e fê-lo muito bem que durante todas as horas do dia, a dormir ou acordado, o povo era martelado com as marretadas de quem sobre ele exercia o poder económico, mas alijando-se a carga nos privilegiados do Poder executivo.
Tal como hoje.
Leiamos com a atenção devida este excerto capturado do Jornal "Económico" que bem merece ser lido e meditado, tendo em vista o que se passou, hoje, na Assembleia da República, tendo por protagonistas o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD), que perecem andar de candeias às avessas, mas tal não acontece quando é preciso que as candeias iluminem o que lhes convém ser iluminado, a tal ponto que todas as diferenças de esbatem de todo para dar lugar a uma união de facto.
Ora vejamos:
Os dois partidos arrancaram o debate na especialidade do
Orçamento do Estado com críticas acesas sobre o grau de austeridade que deve
ser mantido no próximo ano. Mas chegaram ao fim do dia de acordo sobre a
reposição de subvenções vitalícias acima dos dois mil euros para os políticos.
Com os votos favoráveis do PSD e do PS, os ex-titulares de
cargos políticos voltam a ter direito a receber as subvenções vitalícias, mesmo
nos casos em que os seus rendimentos superam os dois mil euros. A medida foi
aprovada esta tarde, na sequência de uma proposta de alteração ao Orçamento do
Estado para 2015 entregue pelos deputados Couto dos Santos (do PSD) e José
Lello (do PS). O CDS-PP absteve-se e o PCP e o BE votaram contra.
(in Jornal "Económico" de 20 de Novembro de 2014)
Tem, por isso, todo o cabimento a reprodução da velha gravura de "O Zé" porque, efectivamente, este continua a ser martelado - com taxas, taxinhas a taxões - sem dó nem piedade, enquanto os senhores ex-líderes de cargos políticos voltam a receber as subvenções vitalícias...
O descaramento é demais.
Feito às escâncaras com as cadeias bem acesas e bem alinhadas, o que prova que quando elas andam às avessas é só para inglês ver!
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