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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Porquê, Senhor Dr. Mário Soares, tanta falta de senso?



in, jornal online "Observador"

A gente ouve ou lê mas custa a creditar que um ex-Presidente da República tenha expendido tanta falta de senso nas afirmações inauditas proferidas com um azedume indisfarçável conta a Justiça - corporizada no meretíssimo Juiz Carlos Alexandre - no final da visita que fez, hoje, a José Sócrates, em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora.

Por muito que lhe doa, a hora que vivemos não é a hora do políticos, mas é a hora da Justiça que em Tribunal, quando chegar o tempo sustentará os motivos que levaram José Sócrates a ser preso preventivamente, o que pressupõe que algo de muito grave impenderá sobre o arguido.

No ar - embora o termo "cabala" tão usado pelo PS no processo da Casa Pia - não tivesse sido dito, ficou, no entanto, para os mais avisados esse influxo discursivo, mas o Dr.Mário Soares tem de entender - até para seu bem emotivo - que o tema da "cabala" se deu frutos, esse tempo, presumimos, está a acabar em Portugal ou melhor dizendo, chamando à colação a sabedoria do povo: é chão que deu uvas!

É evidente, que neste momento o preso nº 44 do Estabelecimento Prisional de Évora tem todo o direito à consideração de inocência, mas daí, a ser concluir-se como o fez Mário Soares que "todo o PS está contra esta bandalheira" e que isto é um "caso político" é, em primeiro lugar, alargar a um todo - ou seja, à instituição respeitável do PS como Partido Político - o sentido de haver em acto, uma "bandalheira" como se a própria Justiça que retirou a liberdade ao ex-Primeiro Ministro agisse daquele modo inepto e em segundo lugar, misturar num caso que é, intrinsecamente do foro policial, um "caso político", quando altos dirigentes do PS, embora magoados com o que aconteceu, tenham em público separado as águas, enquanto o visitante do preso preventivo da cadeia de Évora, as misturou.

Penso que o não fez, ingenuamente!
Se estou errado, peço desculpa.

Eis, parte das palavras de Mário Soares:


Mário Soares assumiu a defesa mais acérrima de José Sócrates até ao momento, depois de uma visita de mais de uma hora à prisão de Évora. “Todo o PS está contra esta bandalheira”, disse o fundador do PS, acrescentando que a operação Marquês “não é outra coisa que não seja um caso político” e que “todo a gente acredita na inocência do ex-primeiro-ministro” – “menos o senhor”, referência ao jornalista que lhe dirigia uma pergunta.

“Isto é uma malandragem daqueles tipos que atuam mas que que não fizeram nada”, disse o ex-Presidente, referindo-se indiretamente à investigação. “Isto não tem nada a ver com os socialistas, tem a ver com os malandros que estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar”. “Isto é tudo uma infâmia”, acrescentou também. “Afinal o que é que ele fez?” – questionou ainda.

Texto captado com a devida vénia do Jornal online "Observador"


O Dr. Mário Soares com estas palavras abriu uma fenda no edifício da Democracia, o que fica muito mal a quem tanto fez pelo seu advento em 25 de Abril.
Portugal está, efectivamente, doente, porque estão doentes os seus senadores de que ele é um expoente - que sem gosto meu - constato, que tem vindo a perder o meu respeito.  

É evidente, que ninguém quer um País justicialista em que a Justiça se sobreponha à Política, mas o que se quer e é bem-vinda é que exista uma Justiça que não deixe sem castigo - quando existirem - políticos que abusaram dos seus cargos em proveito próprio, caso que em relação a José Sócrates tem de ser provado em Tribunal e que nunca mais, se admita, como possível o contrário: que a Política se sobreponha à Justiça, como aconteceu em tempos ditatoriais que não podem voltar, não fazendo, por isso, qualquer sentido a insinuação torpe - que se vai ouvindo - de que estamos a correr o risco de ter uma "República de Juízes", algo impossível em Democracia, mas o que parece, é que há quem comece a ter medo da actual Justiça.

Mas uma pergunta deve ser feita: 

Para o Dr. Mário Soares, quem são os malandros que estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar?
Ele devia ser obrigado a nomear os "malandros" e não atirar coisas destas sem ter por perto quem lhe imponha o contraditório.

Com esta visita a José Sócrates - compreensível e do ponto de vista humano muito meritória, tratando-se de amigos - foi pena, contudo, que não tivesse evitado os comentários despropositados porque nada acrescentaram à sua pessoa e são um encargo a mais para ser gerido pela actual Direcção do PS.


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