Pesquisar neste blogue

sábado, 22 de novembro de 2014

IV Estação - Jesus encontra sua Mãe




Todos os Teus haviam fugido
menos Tua Santa Mãe, que seguia contricta o Teu martírio.
Ela é a grande Presença – uma vez mais – agora do espectáculo triste
que era a Tua caminhada lenta sobre a Via-Dolorosa!

Julga-se que teria sido avisada da Tua prisão pelo teu amigo João,
quando estava em Betânia, na casa de Lázaro.
Correu logo, pressurosa, num alvoroço incontido,
lembrando-se das palavras antigas que ouvira da boca de Simeão:

Uma espada trespassará a tua alma(...) (1)

Mas o “faça-se” fora dado ao Anjo, há muitos anos em Nazaré
e cumpria-se, dolorosamente, naquela hora de amargura
tudo quanto estava escrito
e Tu, Senhor, vivias em cada passo que davas a caminho do Gólgota.

Não se sabe,
ninguém há-de saber até à consumação dos séculos
as palavras que trocaste com Tua Santa Mãe.

Parece que os olhares de um e de outro, 
                          cúmplices no drama que decorria,
foram mais explícitos que as palavras
porque ambos compreendiam que os passos que Tu davas
eram necessários ao plano de Deus...
e ambos sabiam que assim tinha de acontecer,
para que se cumprisse em pleno o sentido da Cruz
que carregavas sobre os teus ombros nus.

Tua Mãe chorava por dentro.
Sofria por dentro todas as injúrias
e todas as blasfémias de que eras alvo.

Seguia-te atónita, mas lúcida
naquele caminho de raivas à solta e de ódios extravasados.
E só ela é quem sabia, de entre toda aquela multidão que se atropelava
que o plano de Salvação dos homens
precisava do Teu sangue derramado sobre o caminho do ódio.




Senhor o que hoje Te peço
é que neste mundo eu saiba sempre encontrar
aquele que carrega a sua cruz – maior que a minha! –

E por entre aqueles que o desprezam
eu tenha palavras de amor para o ajudar no caminho.

Que o exemplo de Tua Santa Mãe
ao furar o cordão dos Teus verdugos
até ao ponto de se abeirar de Ti para te olhar e falar,
seja o exemplo maior que eu tenha de seguir...
mesmo que para tanto
me sinta olhado com desdém por todos aqueles que insensatamente
fazem carregar aos outros uma cruz mais alta
e mais pesada
que as suas forças podem consentir.





(1) -  Lc. 2, 35


Sem comentários:

Enviar um comentário