Todos os Teus haviam fugido
menos
Tua Santa Mãe, que seguia contricta o Teu martírio.
Ela
é a grande Presença – uma vez mais – agora do espectáculo triste
que
era a Tua caminhada lenta sobre a Via-Dolorosa!
Julga-se
que teria sido avisada da Tua prisão pelo teu amigo João,
quando
estava em Betânia, na casa de Lázaro.
Correu
logo, pressurosa, num alvoroço incontido,
lembrando-se
das palavras antigas que ouvira da boca de Simeão:
Uma espada trespassará a tua alma(...) (1)
Mas
o “faça-se” fora dado ao Anjo, há muitos anos em Nazaré
e
cumpria-se, dolorosamente, naquela hora de amargura
tudo
quanto estava escrito
e
Tu, Senhor, vivias em cada passo que davas a caminho do Gólgota.
Não
se sabe,
ninguém
há-de saber até à consumação dos séculos
as
palavras que trocaste com Tua Santa Mãe.
Parece
que os olhares de um e de outro,
cúmplices no drama que decorria,
cúmplices no drama que decorria,
foram
mais explícitos que as palavras
porque
ambos compreendiam que os passos que Tu davas
eram
necessários ao plano de Deus...
e
ambos sabiam que assim tinha de acontecer,
para
que se cumprisse em pleno o sentido da Cruz
que
carregavas sobre os teus ombros nus.
Tua
Mãe chorava por dentro.
Sofria
por dentro todas as injúrias
e
todas as blasfémias de que eras alvo.
Seguia-te
atónita, mas lúcida
naquele
caminho de raivas à solta e de ódios extravasados.
E
só ela é quem sabia, de entre toda aquela multidão que se atropelava
que
o plano de Salvação dos homens
precisava
do Teu sangue derramado sobre o caminho do ódio.
Senhor
o que hoje Te peço
é
que neste mundo eu saiba sempre encontrar
aquele
que carrega a sua cruz – maior que a minha! –
E
por entre aqueles que o desprezam
eu
tenha palavras de amor para o ajudar no caminho.
Que
o exemplo de Tua Santa Mãe
ao
furar o cordão dos Teus verdugos
até
ao ponto de se abeirar de Ti para te olhar e falar,
seja
o exemplo maior que eu tenha de seguir...
mesmo
que para tanto
me
sinta olhado com desdém por todos aqueles que insensatamente
fazem
carregar aos outros uma cruz mais alta
e
mais pesada
que
as suas forças podem consentir.
(1) - Lc. 2, 35
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