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sábado, 22 de novembro de 2014

III Estação - Jesus cai pela primeira vez





Mais que o peso da Cruz, começaram a pesar
os insultos da multidão compactada em alas
à beira do caminho para Te ver passar dobrado.

Relinchavam os cavalos e troçavam de ti os cavaleiros...
e Tu seguias, arrastando o madeiro
enquanto o sol da tarde fazia reluzir as lorigas dos soldados
e punha a plebe em delírio contra Ti,
rindo-se de cada passo menos seguro que davas.

O primeiro grito que havia ecoado nas escadas do Pretório,
sob as ameias da Torre Antónia, crescia cada vez mais.
Era um grito de raiva,
um grito furioso contra Ti, contra o Deus que passava
coberto de suor.

Das quelhas surgiam multidões que se atropelavam...
era um mar de gente!
E das janelas e terraços caíam insultos e vaias,
enquanto Tu seguias bem perto do cavalo do centurião
reluzente na sua armadura e Tu, arquejante e insultado!

-Vejam –dizia a turbamulta – o rei que esteve para se sentar
no trono de David! Vejam como ele vai!...

E as mãos sujas e os pescoços da populaça
esticavam-se mais e mais e as risadas era açoites que sofrias,
muito mais que o peso do madeiro.
Num dado momento, cambaleaste.

Caíste a seguir, sobre o pó e pedras da calçada...
Um grito torpe, ébrio e descomunal
encheu o peito de todos os que Te viram cair
e morder o pó do chão.

Num certo dia, entre os teus, havias dito:

Se alguém quiser ser meu discípulo
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.

Naquele momento olhaste em redor e daqueles
que haviam ouvido estas palavras
nem um sequer, viste perto de Ti, para Te ajudar
a erguer do chão.














Olha, Senhor:
na minha próxima queda, faz que eu tenha a Tua força
e me volte a erguer
sem dar ouvidos a quem se possa rir de mim.

Faz, Senhor, que eu me levante sempre
e, sobretudo, faz que nunca aconteça,
que por minha culpa
haja alguém que possa cair sob o peso dos seus problemas.

E faz, Senhor,
que eu nunca me ria das quedas dos outros
para que no meu rosto não haja nunca
traços daqueles que se riram de Ti.



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