Ao ver o Teu rosto desfeado do pó amassado
pelo
suor e pelo sangue que te escorria pela face,
uma
mulher saída de entre o povo
furou
sem medo da selva das lanças dos soldados
e
num repente
tirou
o véu branco que lhe emoldurava a cabeça
e
limpou com ele o Teu rosto
escondendo-o
de seguida.
E
aquele véu passou a ser desde aquele instante
o
melhor dos seus tesouros!
Há
quem afirme que aquela mulher anónima
era
a mesma, que algum tempo atrás havias curado
do
fluxo de sangue que a tornava impura
segundo
as leis antigas.
No véu de Verónica
ficaram
para sempre as marcas do Teu rosto
prefigurando
a paga que lhe deste pelo seu gesto de amor.
Naquela
hora e naquele tempo de ódios à solta
serenamente,
como sempre aconteceu na Tua vida
não
deixaste sem recompensa quem se abeirou de Ti
cheia
de piedade,
como
se nos desses a lição exemplar
que
assim deveria sempre acontecer entre nós...
uma
coisa que nem sempre cumprimos!
Ao
que parece, a cena ter-se-ia passado bem defronte
da
casa de Verónica, onde hoje os peregrinos de Jerusalém
detêm
os seus passos quando passam pela Via-Dolorosa.
O
seu gesto jamais foi esquecido
e
jamais o será!
Aquela
mulher que certamente acompanhava da sua janela
o
desenrolar dos acontecimentos
não
hesitou em abrir a porta da sua casa
e
sem se importar com respeitos humanos
limpou
o Teu rosto sofredor.
E a Imagem do Teu rosto gravado no seu véu
ficou
ao mesmo tempo gravada no seu coração...
assim
estivesse no nosso!
Perdoa-nos,
Senhor, todas as vezes que Te havemos visto
bem
gravado nos rostos dos nossos irmãos doentes
e
nas suas lágrimas...
sem,
contudo, as termos enxugado.
Perdoa-nos,
Senhor, se o gesto de Verónica
nem
sempre está presente nos nossos gestos
quando
Tu passas bem rente da nossa porta...
Perdoa-nos,
Senhor, se nos quedamos quietos
bem
no conforto das nossas casas
e
não enxugamos os rostos dos que passam esmagados
pelo
pesos das suas cruzes,
rua
acima...
rua
abaixo...
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