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sábado, 22 de novembro de 2014

VI Estação - Verónica enxuga o rosto de Jesus




Ao ver o Teu rosto desfeado do pó amassado
pelo suor e pelo sangue que te escorria pela face,
uma mulher saída de entre o povo
furou sem medo da selva das lanças dos soldados
e num repente
tirou o véu branco que lhe emoldurava a cabeça
e limpou com ele o Teu rosto
escondendo-o de seguida.

E aquele véu passou a ser desde aquele instante
o melhor dos seus tesouros!

Há quem afirme que aquela mulher anónima
era a mesma, que algum tempo atrás havias curado
do fluxo de sangue que a tornava impura
segundo as leis antigas.
No véu de Verónica
ficaram para sempre as marcas do Teu rosto
prefigurando a paga que lhe deste pelo seu gesto de amor.

Naquela hora e naquele tempo de ódios à solta
serenamente, como sempre aconteceu na Tua vida
não deixaste sem recompensa quem se abeirou de Ti
cheia de piedade,
como se nos desses a lição exemplar
que assim deveria sempre acontecer entre nós...
uma coisa que nem sempre cumprimos!

Ao que parece, a cena ter-se-ia passado bem defronte
da casa de Verónica, onde hoje os peregrinos de Jerusalém
detêm os seus passos quando passam pela Via-Dolorosa.
O seu gesto jamais foi esquecido
e jamais o será!

Aquela mulher que certamente acompanhava da sua janela
o desenrolar dos acontecimentos
não hesitou em abrir a porta da sua casa
e sem se importar com respeitos humanos
limpou o Teu rosto sofredor.

E a Imagem do Teu rosto gravado no seu véu
ficou ao mesmo tempo gravada no seu coração...
assim estivesse no nosso!




Perdoa-nos, Senhor, todas as vezes que Te havemos visto
bem gravado nos rostos dos nossos irmãos doentes
e nas suas lágrimas...

sem, contudo, as termos enxugado.
Perdoa-nos, Senhor, se o gesto de Verónica
nem sempre está presente nos nossos gestos
quando Tu passas bem rente da nossa porta...

Perdoa-nos, Senhor, se nos quedamos quietos
bem no conforto das nossas casas
e não enxugamos os rostos dos que passam esmagados
pelo pesos das suas cruzes,
rua acima...
rua abaixo...



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