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sábado, 12 de setembro de 2015

"Para quê gritar?" - Uma reflexão de Mahatma Gandhi, a propósito da gritaria de António Costa



in, Wikipedia (Mahatma Gandhi na juventude)

Para quê Gritar ?

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos :

"Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas ?" "Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.
"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado ?", questionou novamente o pensador.
"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar :
"Então não é possível falar-lhe em voz baixa ?"
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.

Então ele esclareceu :
"Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido ?"
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas ?
Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê ?
Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta.

Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.

Por fim, o pensador conclui, dizendo :

"Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".

Nota: O sublinhado é meu,


Deixar sempre - no meio das diferenças - 
possibilidades de não ser interrompido o caminho


Este texto de Gandhi fica aqui como um reflexo da actuação de António Costa, quer seja no acto do debate político com Passos Coelho no Museu da Electricidade em que gritou - não porque tivesse razão, mas porque o PS estava em baixo nas intenções de voto - contra Passos Coelho que se comportou como homem de Estado e no qual coube por inteiro o provérbio que diz: "A consciência fala, mas o interesse grita", porquanto, no debate o que houve foi uma voz consciente que se bateu contra uma voz altissonante, a gritar para agradar àqueles que andavam preocupados, vendo o terreno a fugir.

António Costa ganhou fôlego e agora grita cada vez mais alto, mas sem pensar que Portugal não vive no PREC e aquele modo de se fazer ouvir - a roçar a insinuação maldosa "ad hominen" - não é modo de fazer política, sobretudo, neste tempo difícil que Portugal atravessa e todos fazem falta no pós-eleições.

Por isso, este texto de Gandhi era bom que fosse meditado na sua devida profundidade, especialmente na sua conclusão, "Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta" e este facto - que pode vir a ser uma realidade - é não deixar no meio das diferenças naturais, possibilidades de olhar o mesmo caminho, porque Portugal está acima de qualquer interesse partidário.

É assim que tem de ser entendido qualquer disputa política, ou seja, não quebrar entendimentos que possam vir a ser necessários.
Penso, sinceramente, que se Passos Coelho e António Costa, submetidos pelos entrevistadores, no fim do debate, com a pergunta de entendimentos pós-eleitorais - se ambos foram inconclusivos - António Costa ficou mais longe, porque como diz o provérbio popular "o interesse grita", enquanto Passos Coelho se comportou dentro da sabedoria do mesmo provérbio: "a consciência fala", e ele, tem, ao contrário do seu opositor a consciência de ter ajudado Portugal a "por a cabeça de fora" do atoleiro onde o partido de António Costa o meteu.

Será, por ter consciência disto que o leva António Costa a gritar?

Sinceramente, penso que sim, para ver se é ouvido, mas não nos esqueçamos que é sempre dos maus passados é que se podem construir melhores futuros.
É assim que fala a ciência da vida.


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