Gravura publicada pelo Jornal "O Zé" de 13 de Dezembro de 1910
"O Zé" foi um jornal de crítica mordaz contra a Monarquia caída e pugnou com acérrimo pela República nascente, o que se compreendeu, dado o fervor que se viveu e as esperanças que os incipientes republicanos emergentes não tardariam a deitar por terra, fazendo dum regime que se queria impoluto um jogo de paixões exacerbadas, não tendo merecido o novo tempo proporcionado pelo regime vencido cobardemente no Terreiro do Paço, essa nobre praça da cidade de Lisboa que mancharam de sangue.
Foi nessa euforia - esquecido o crime cometido pela Maçonaria e pela Carbonária - que o jornal "O Zé" apresentou o povo a segurar a Bandeira Nacional, tendo em rodapé a emblemática frase: Esta é a Bandeira minha amada, símbolo da Pátria regenerada.
Todos os portugueses - os de então como os de hoje - dizem o mesmo, com vigor igual e do mesmo modo o sentimento se abre e exalta sempre que a nossa Bandeira - como acontece quando a vemos subir no mastro mais alto em competições internacionais de que o atletismo é um exemplo - nos faz sentir orgulhosos de pertencermos à Pátria que tem no seu nobilitante escudo o resumo eloquente dos bravos portugueses que a tornaram independente contra os "ventos e marés" que os quiseram subjugar.
Não deixemos, pois, apesar dos novos tempos que se uniram - embora de um modo inábil na velha Europa - que eles nos roubem o orgulho de sermos portugueses, porque, sendo uma das Nações mais antigas de fronteiras continentais consolidadas, este facto de per si só, nos deve merecer o nosso empenho em defesa deste valor e, nisto, devemos estar todos, os que sonham, ainda, pela restauração da Monarquia ou por aqueles que acrisoladamente defendem a República, que é, aliás, o regime constitucional que nos rege e que urge defender.
Vêm aí novas eleições para a Assembleia da República no dia 4 de Outubro de 2015.
O que se pede aos políticos e em geral ao povo - de que sou uma ínfima parte - é que a frase publicada pelo jornal "O Zé": Esta é a Bandeira minha amada, símbolo da Pátria regenerada, assim o seja nos seus dois aspectos: no amor que lhe temos mas nos leve a pensar na segunda parte da frase, em que a regeneração seja. efectivamente, um acto de amor entre todos os portugueses - mantendo as diferenças de credos políticos - mas enterradas de vez as ofensas pessoais, porque REGENERAR PORTUGAL é preciso.
E regenerar deve acontecer, a começar pelo renovar das mentalidades.
Lembremo-nos, situando-nos na História ainda recente - falamos dos tempos da Monarquia Constitucional - quando o movimento de cidadãos eclodido em 1851 que ficou conhecido pela Regeneração ao derrubar Costa Cabral, pondo a valer o credo político encabeçado pelo marechal Saldanha e levado à prática por Fontes Pereira de Melo, que ingloriamente foi apeado em 1868 pelo Partido Reformador - que nada reformou - e as pesadas medidas fiscais dos Regeneradores no sentido de modernizar Portugal de nada valeram porque tudo foi esbanjado no banquete das vaidades e compadrios.
Tendo-se abandonado a anterior política dos Regeneradores do semear para colher passou-se ao uso e abuso do recurso ao crédito e aos consequentes aumentos de impostos de que, paulatinamente, devemos fugir, a menos que não queiramos sair da "cepa torta"... um fanal que cumpre a todos levar a cabo.
Por isso, que a Bandeira Portuguesa seja para sempre "a minha amada", ou melhor dizendo "a nossa amada", mas seja, ao mesmo tempo, o símbolo da "Pátria regenerada", que parece estar num novo caminho e não deve voltar para trás.
É que, por aí, uns certos "reformadores" que já se encontram à espreita na esquina do Poder.
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