Irene Lisboa, é assim que ficou conhecida esta personagem do ensino e das Letras Portuguesas encheu os tempos livres que lhe deixavam as suas ocupações de professora do Ensino Primário e das suas aulas de Pedagogia para nos deixar na sua obra poética várias composições sobre o tema do amor humano e que o mundo onde viveu, atrasado relativamente à emancipação da mulher lhe trouxe alguns dissabores, não tendo muitos dos seus contemporâneos pressentido que havia na sua alma uma bela estima pela pessoa que enchia em pleno a sua sensibilidade humana.
Lembrando o seu poema AMOR que se reproduz, antes, tenhamos presente o mito de Eros e Psique como um convite à nossa humanidade a meter-se por dentro do mito e com ele metido dentro do poema.
The adduction of psyche
Quadro de William Bouguereau
Estava feliz, mas para assim continuar - por ordem dele - não podia ver o seu rosto, porque se tal fizesse perdê-lo-ia para sempre. Psique, concordou, até porque se tratava de obedecer ao deuse Eros que na mitologia romana corresponde a Cupido.
Um dia Psique, arriscou um pedido: que o marido a deixasse ir visitar seus pais e suas irmãs a que ele acedeu. Chegada ali confessou que por imposição dele estava proibida de lhe ver o rosto, algo que indignou as irmãs, tendo-lhe dito:
- Isso não pode ser e contra a vontade dele tens de lhe desobedecer.
Levada por esse desejo que já tinha e assim espicaçada, ao regressar a casa e vendo o marido a dormir acende uma vela e ao vê-lo fica de tal modo extasiada pela sua beleza que não se apercebeu que uma gota de cera quente se desprendeu e caiu sobre ele, acordando-o, o que provocou de imediato que ele ao dar conta de Psique ter quebrado a promessa, abandona-a a vagar pelo mundo até que, um dia, Eros - morto de saudade - pediu a Zeus que os ajudasse a reconciliar.
Diz a lenda que Eros (Cupido), usou na reconciliação uma das suas flechas e levou a sua amada para o Olimpo e nunca mais se separaram.
E o mito de Eros (o amor) e Psique (a borboleta) que em grego significa "alma" faz que o mito - no Ocidente - seja uma alegoria à imortalidade da alma, simbolizando também o seu sofrimento, mas para receber como prémio o verdadeiro amor que é eterno.
- Isso não pode ser e contra a vontade dele tens de lhe desobedecer.
Levada por esse desejo que já tinha e assim espicaçada, ao regressar a casa e vendo o marido a dormir acende uma vela e ao vê-lo fica de tal modo extasiada pela sua beleza que não se apercebeu que uma gota de cera quente se desprendeu e caiu sobre ele, acordando-o, o que provocou de imediato que ele ao dar conta de Psique ter quebrado a promessa, abandona-a a vagar pelo mundo até que, um dia, Eros - morto de saudade - pediu a Zeus que os ajudasse a reconciliar.
Diz a lenda que Eros (Cupido), usou na reconciliação uma das suas flechas e levou a sua amada para o Olimpo e nunca mais se separaram.
E o mito de Eros (o amor) e Psique (a borboleta) que em grego significa "alma" faz que o mito - no Ocidente - seja uma alegoria à imortalidade da alma, simbolizando também o seu sofrimento, mas para receber como prémio o verdadeiro amor que é eterno.
AMOR
Aqueles olhos aproximam-se e
passam.
Perplexos, cheios de funda luz,
doces e acerados, dominam-me.
Quem os diria tão ousados?
Tão humildes e tão imperiosos,
tão obstinados!
Como estão próximos os nossos
ombros!
Defrontam-se e furtam-se,
negam toda a sua coragem.
De vez em quando,
esta minha mão,
que é uma espada e não defende
nada,
move-se na órbita daqueles olhos,
fere-lhes a rota curta,
Poderosa e plácida.
Amor, tão chão de Amor,
Que sensível és...
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregado de desejos!
Acalmas e redobras
e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e
enfurece
e logo recai na branda impotência.
Canseira eterna!
Ou desespero, ou medo.
Fuga doida à posse, à dádiva.
Tanto bater de asas frementes,
tanto grito e pena perdida...
E as tréguas, amor cobarde?
Cada vez mais longe,
mais longe e apetecidas.
Ó amor, amor,
que faremos nós de ti e tu de nós?
Irene Lisboa
in, Poemas de Amor
Ressalta como nota final o grito de Irene Lisboa.
Ó amor, amor,
que faremos nós de ti e tu de nós?
Lembrando a saudade que Eros sentiu por Psique depois de a ter despedido, lembremo-nos de nós, pessoas reais e voltemos atrás naqueles momentos irados do Cordeiro que se encabrita e enfurece de que nos fala Irene Lisboa, porque manda a inteligência humana que é nesses momentos preciso recair na branda impotência e tudo refazer - imitando o Eros mitológico - para que, após tanto grito e pena perdida se saber que tem de ser dessa tomada de consciência que deve nascer a resposta que o AMOR reclama e assim aparece no poema e à qual somos obrigados a responder por ela ser a filha dilecta da branda impotência, pois é deste modo de agir que se reconstroem as mais belas histórias de amor.
Continua, por isso, válida a pergunta da poetisa:
Ó amor, amor,
que faremos nós de ti e tu de nós?
Que o belo quadro de William Bouguereau nos inspire e aconselhe. Nesta obra pictórica Psique enleia-se em Eros para de novo reunidos nunca mais se separarem e se isto teve na mente e na paleta do pintor como fonte o mito grego, não deixa de ser uma chamada de atenção ao modo como se deve viver o amor humano quando ele resulta de uma verdade de sentimentos e evitar, assim, casais desfeitos nesta sociedade tonta, onde, muitas vezes, chega um amuo ou uma palavra mal dita para romper uma ligação de amor.
Que o mito de Eros e Psique se realize na realidade humana é o que apetece concluir.
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