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terça-feira, 15 de setembro de 2015

"Gato escondido com o rabo de fora"



Catarina Martins pôs luz onde havia uma sombra...

No debate de ontem entre António Costa (PS) e a responsável pelo Bloco de Esquerda, esta senhora - sem papas na língua -  pôs o que se chama "os pontos nos ii" ao afirmar que António Costa se for eleito Primeiro-Ministro no próximo dia 4 de Outubro se prepara para "retirar" se não acontecer que venha a "cortar" durante a legislatura 1.660 milhões de euros aos reformados, uma vez que pretende congelar as pensões, o que levou António Costa - naturalmente contrariado - a assumir o congelamento da maioria das pensões com excepção da mínimas enquanto a inflacção for muito baixa, recusando a expressão "corte".

Mas vejamos:

Na semântica das palavras congelar é diferente de cortar, mas se eu congelo uma conta, seja ela de uma reforma ou de uma conta bancária, estou a cortar, de imediato, a possibilidade dela crescer, pelo que faço encapotadamente uma acção que no fim conduz ao mesmo resultado, ou seja, como congelei algo ou alguma coisa, não a deixei crescer. É como se fosse ao tronco de uma árvore e para congelar o seu crescimento o tivesse cortado.

A comunicação social (http://www.tvi24.iol.pt) de hoje, relata assim: 


O PS abriu a janela às esquerdas no último congresso, algo que António Costa mantém, mas quando confrontado com o repto lançado esta segunda-feira pela líder do Bloco de Esquerda, no debate a caminho das legislativas, na TVI24, o secretário-geral do PS defendeu que há "fantasias" dos bloquistas muito difíceis de ignorar no Largo do Rato.

"Se o PS estiver disponível para abandonar esta ideia de cortar 1.600 milhões nas pensões, abandonar o corte na TSU e abandonar esta ideia do regime compensatório [que, segundo o BE, facilita os despedimentos], no dia 5 de outubro [um dia depois das eleições] cá estarei para conversar sobre um governo que possa salvar o país"

Desafio lançado no final do debate. Antes de Costa responder, Catarina Martins antecipou as consequências do sim e do não:

"Se me disser que sim ou que vai pensar, já valeu a pena o nosso encontro. Se me disser que não, os portugueses vão saber que pretende telefonar a Rui Rio ou a Paulo Portas, que os pensionistas vão perder dinheiro e que o corte da TSU vai significar pensões mais baixar no futuro"

Afinal, o que parece é que existe no Programa eleitoral do PS aquilo a que a sabedoria popular costuma chamar "gato escondido com o rabo de fora" e como "caldos de galinha não faz mal a ninguém" e não se "fazem omeletes sem ovos", somos levados a pensar que António Costa ou mostra o jogo, ou não deve merecer a confiança que pede nos novos cartazes que vieram substituir o desastre dos primeiros.

Mas não será desastroso o actual cartaz em que a "confiança" ao que parece, pode ser posta em causa, como o provou Catarina Martins, tendo levado o seu contendor a admitir que afinal existe no seu programa eleitoral um congelamento de pensões?


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