Parte da minha comunidade paroquial fez recentemente uma peregrinação a Ávila para festejar "in loco" o V Centenário do nascimento da Santa Teresa de Jesus (1515-1582), a mística contemplativa espanhola - também conhecida por Santa Teresa de Ávila - por ter nascido naquela cidade do então Reino de Castela, tendo como seu primeiro ponto de paragem em de Espanha, a histórica cidade de Toledo.
Não tendo feito parte desta peregrinação, contudo, "fui com todos" espiritualmente e foi, recorrendo às minhas memórias que o meu espírito acalenta que ao regressar a uns anos atrás, mercê da graça de Deus de me continuar a agraciar fazendo-me presente coisas que já se foram, que a lembrança da cidade de Toledo - que tanto me encantou - me desafiasse a deixar aqui esta lembrança, onde a Virgem Branca da sua Catedral e um dos episódios cruéis da Guerra Civil espanhola (1936-1939), quando Toledo se viu cercada pelas milícias socialistas, comunistas e anarquistas e o fim trágico que isto causou, foram a causa que aliada à peregrinação dos meus amigos a terras de Ávila, me despoletou o desejo de escrever esta apontamento, sem esquecer que é ali, naquele formoso santuário que se encontram os restos mortais do rei português D. Sancho II - o Capelo - que as lutas internas com o seu irmão D. Afonso o levaram a abdicar, refugiando-se em Toledo onde faleceu.
in, Google-Earth
A Catedral de Santa Maria de Toledo com a sua cruz perfeita a desenhar o telhado é um monumento católico belíssimo sob todos os aspectos, em que este Sinal que não está à vista de quem a visita é por aquilo que representa o Madeiro onde Jesus agonizou e ali ficou para mostrar ao Céu e à posteridade que os homens, não apenas honram mas têm presente a Cruz do Calvário.
Santa Maria La Blanca
Pormenor da Imagem
"Santa Maria La Blanca" da Catedral de Santa Maria de Toledo - como já foi dito - faz parte das minhas recordações de viagens e dos apontamentos que tomei e dos quais me sirvo, hoje, para relatar que esta singular representação escultórica de alabastro branco da Mãe de Deus está presente na imponente Catedral desde o século XV, podendo-se adivinhar no gesto ternurento do Menino ao acariciar com a sua mão direita a parte inferior do rosto da Mãe, existe - como então me disseram - o agradecimento da Senhora sua Mãe ter ouvido, na Anunciação, a voz do Anjo Gabriel.
Segundo se crê - seguindo os meus apontamentos - esta Imagem lindíssima foi oferta do rei Luís IX de França e teria sido executada naquele País tendo a escultura sido influenciada pelo protótipo da Virgem de marfim da "Saint Chapelle".
Quando ali estive levava comigo, de propósito, o lindo poema de Natércia Freire que ela dedicou a "Santa Maria La Blanca" e, recordo-me, que recolhidamente, ante a beleza que me enchia os olhos, num murmúrio lento e profundamente sentido, li, como se rezasse, encostado a uma das colunas do coro, aquele místico trabalho poético
Segundo se crê - seguindo os meus apontamentos - esta Imagem lindíssima foi oferta do rei Luís IX de França e teria sido executada naquele País tendo a escultura sido influenciada pelo protótipo da Virgem de marfim da "Saint Chapelle".
Santa Maria La Blanca
Da Catedral de Toledo:
Que bem aqui ficarias
Debruçada no presépio
Com o teu arzinho de névoa,
De mistério e de segredo,
Santa Maria La Blanca
Da Catedral de Toledo.
Soçobrava, ao sol da tarde,
El Tajo de corpo fino.
Corre o Tejo aqui à beira.
Vós não teríeis saudades,
Virgem Branca e meu menino.
Soçobrava, ao sol da tarde,
El Tajo de corpo fino.
Cantavam pássaros loucos
No claustro da catedral.
Também eu te cantaria,
Por seres a Virgem Maria
E ser noite de Natal.
Cantavam pássaros loucos
No claustro da catedral!
Com teu arzinho de névoa
Podias mostrar-te ao Mundo.
Com teus dedos de água pura
Podias banhar o Mundo,
Iluminar com teus passos
Os pinhais de todo o Mundo
Nesta noite de Natal.
Trazer o Reino dos Céus
Para os caminhos do Mundo
Porque os homens vão matar
O teu menino, no Mundo!
Porque esperas, Virgem Branca,
Da Catedral de Toledo?!
Porque sorris, Virgem Branca!?
Não sabes? Mataste o Medo?
Gabriel não disse tudo?
Para a Dor inda era cedo...
Mas que névoa no teu ar
De mistério e de segredo,
Santa Maria Blanca
Da Catedral de Toledo
Recordo-me bem.
Reli duas vezes a penúltima estrofe do poema e hoje faço o mesmo, porquanto, cada vez mais se torna urgente trazer Aquele Menino que a Virgem Branca apoia em seu braço esquerdo e ampara com a direita para os caminhos do Mundo, porque e é nisto que eu vejo como Natércia Freire viu através da sua alma de poetisa a grande inquietude que nos leva a concluir que, ou colocamos em primeiro plano na sociedade dos filhos de Deus a sua a Mensagem de Amor por todos os homens, ou então, a não ser assim - como sugere a poetisa, dirigindo-se à Virgem Branca - os que fazem disto "letra morta", vão matar/o teu menino no Mundo.
Com teu arzinho de névoa
Podias mostrar-te ao Mundo.
Com teus dedos de água pura
Podias banhar o Mundo,
Iluminar com teus passos
Os pinhais de todo o Mundo
Nesta noite de Natal.
Trazer o Reino dos Céus
Para os caminhos do Mundo
Porque os homens vão matar
O teu menino, no Mundo!
Naquele dia, e naquele mesmo momento veio-me à lembrança um facto histórico ocorrido ali perto, no Alcazar, no decorrer da Guerra Civil de Espanha, onde - segundo se diz, o filho do coronel José Moscardó - comandante militar da guarnição de Toledo e defensor-mór do Alcazar - na hora trágica em que o seu filho Luís ia ser fuzilado pelas milícias - com o Alcazar cercado e que devia ser defendido "a qualquer preço" mandou que este invocasse "Santa Maria La Blanca".
Este facto histórico aconteceu no dia 21 de Julho de 1936 quando as forças das milícias marxistas cercaram o Alcazar.
Na confusão gerada Moscardó, o Governador daquele fortim militar não conseguiu reunir dentro da fortaleza a mulher e os filhos Luís e Carmelo, tendo-se a esposa refugiado com Carmelo em casa amiga, enquanto o mais velho, o Luíz de dezassete anos caía em poder das tropas inimigas, um revés que levou, prestes, o chefe das milícias comunistas a telefonar a Moscardó dando-lhe conta de lhe terem prendido o filho, ameaçando-o:
Na confusão gerada Moscardó, o Governador daquele fortim militar não conseguiu reunir dentro da fortaleza a mulher e os filhos Luís e Carmelo, tendo-se a esposa refugiado com Carmelo em casa amiga, enquanto o mais velho, o Luíz de dezassete anos caía em poder das tropas inimigas, um revés que levou, prestes, o chefe das milícias comunistas a telefonar a Moscardó dando-lhe conta de lhe terem prendido o filho, ameaçando-o:
-- Se não se render dentro de dez minutos o rapaz será fuzilado.
Em resposta obteve o seguinte:
- Você não é um militar nem um homem digno. De contrário, saberia que a honra de um oficial não cede a
ameaças.
E veio a resposta pronta e cruenta:
- Pensa assim, porque não dá crédito ao que Ihe digo. E acrescentou: - Pois bem, falará pessoalmente com o seu filho.
E o diálogo foi este:
- Que se passa, filho?
- Dizem que me fuzilarão, se não
resolveres entregar-te, por isso pensa bem...
E veio de novo a reiteração da ameaça e mais esta pergunta do filho:
- Que vaia fazer papá?
Moscardó, sem nenhumas ilusões acerca da benevolência
daqueles que praticavam uma chantagem tão ignóbil, respondeu:
- Sabes como penso. Se é certo que vão fuzilar-te,
encomenda a tua alma a Deus, e envia os teus pensamentos para a Espanha e para a Senhora La Blanca
- É simples, meu pai. Pensarei em ambos.
Por fim, exclamou:
- Um abraço muito apertado, papá.
- Adeus, meu filho! Um grande abraço!
E a 14 de Agosto, o jovem Luís caía varado pela balas impiedosas dos marxistas.
E a 14 de Agosto, o jovem Luís caía varado pela balas impiedosas dos marxistas.
Aconteceu, porém, que aquele cerco infrene de setenta dias, só acabaria a 28 de Setembro não produziu os efeitos desejados e o Alcazar não se rendeu aos inimigos de Deus, mercê de uma resistência monárquica, patriótica e de liderança católica.
Dois monumentos sobressaem.
O Alcazar, como era uma necessidade da fortificações defensivas do tempo, bem postado no alto da colina e de onde se podem ver passar as águas do rio Tejo fica fronteiro à imponente Catedral de Toledo que ostenta ao Céu a sua imponente torre sineira, tendo toda a imensa construção sido feita no decorrer do século XIII em obediência artística à talha gótica de origem francesa.
Começou por ser no século VI um templo visigótico, no tempo em que Toledo foi a capital do reino visigodo, destruído com a invasão muçulmana para nele se construir uma mesquita.
Começou por ser no século VI um templo visigótico, no tempo em que Toledo foi a capital do reino visigodo, destruído com a invasão muçulmana para nele se construir uma mesquita.
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