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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O Amor - Um poema de Khalil Gibran



                    in, Wikipedia


O Amor


Quando o amor te acenar, segue-o,
ainda que por caminhos ásperos e íngremes.

E quando suas asas te envolverem,
rende-te a ele,
ainda que a lâmina escondida sob suas asas possa ferir-te.

E quando ele te falar , acredita no que ele diz,
ainda que sua voz possa destroçar teus sonhos,
assim como o vento norte açoita o jardim.

Pois, se o amor te coroa, ele também te crucifica.
Se te ajuda a crescer, também te diminui.
Se te faz subir às alturas
e acaricia teus ramos mais tenros, que tremem ao sol,
também te faz descer às raízes
e abala a tua ligação com a terra.

Como os feixes de trigo, ele te mantém íntegro.
Debulha-te até que fiques nu.
Transforma-te, retirando a tua palha.
Tritura-te, até que estejas branco.
Amassa-te, até que te tornes macio;
e então te apresenta ao fogo,
para que te transformes em pão,
no banquete sagrado de Deus.

Todas essas coisas pode o amor realizar,
para que saibas dos segredos do teu coração,
e com esse conhecimento sejas um fragmento
do coração, da vida. 


Khalil Gibran, nascido no Líbano, embora tenha vivido grande parte da sua curta vida nos Estados Unidos manteve sempre em todas as suas incursões literárias o cunho da sua espiritualidade oriental, um motivo que o tornou conhecido e admirado.

Este poema sobre  - o amor - é a prova de como a sua alma espiritualizada pelos costumes e crenças da terra onde nasceu, exalta aquele sentimento humano que estando despido dos convites fáceis apegados ao Mundo dos desejos carnais, ele transforma na sua poesia, revestindo-o com a fragrância de um "perfume" que advém de Deus, porque, se o amor te coroa, ele também te santifica, deixando vincado nesta expressão a chama espiritual que tem de o fazer viver, porque sem que tal aconteça, o amor é, apenas, um desejo fugaz de fruição do outro e não como dever ser - e o Poeta não deixa de o expressar - um pão no banquete sagrado de Deus, ficando assim plasmado o sentido sobrenatural como se deve entender o amor, ou seja, pão que se troca entre pessoas, tal como aquele pão que no banquete sagrado, cada homem e cada mulher recebe se o procurar.

E é tanta a convicção de Khalil Gibran, neste admirável poema, que ele diz: todas essas coisas pode o amor realizar - e porque assim é - cada homem e cada mulher, conhecendo esta realidade, são chamados a ser fragmentos do coração da vida.

Os Poetas - como ele foi - têm o condão de em poucas palavras dizerem muito, algo que ele fez com a sabedoria libanesa que nunca deixou de professar.


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