in, Revista "O Occidente" de 20 de Setembro de 1906
Há livros que são tão puros que se elevam acima do ar das montamnas.
"OS MEUS AMORES", foi na minha juventude um dos "meus livros de cabeceira" e o seu autor, Trindade Coelho, enfileirou o rol dos meus escritores favoritos, no seu caso especial, pelo facto de eu ser oriundo das terras do Distrito de Coimbra - onde ele estudou -e aquele livro, apesar de ser, fundamentalmente composto de costumes rurais transmontanos, muitos deles com aragens vindas do cimo da paisagem nortenha das origens de Trindade Coelho se aquietaram, aninhados, no mundo rural de onde provenho.
E é logo no começo, no texto dedicado aos - PRELÚDIOS DE FESTA - que as similitudes entre a festa à Senhora das Dores, que naquele ano - segundo queria o juiz da Festa, o António Fagote, no seu ano a coisa fosse de arromba, a começar por destronar o fogo preso do ano do José da Loja - que fizera estrondear uma peça com um castelo a dar tiros...
Ora deixa estar que eu te arranjo! - disse o António Fagote... e, ate, leitões, se cá os os não houver manda-se o Miguel à procura deles... e houve uma perna de vitela e como em todas as festas não faltou o fogueteiro!
Eram as rivalidades do tempo - até com escaramuças, muitas vezes - porque a honra da Festa da aldeia à Santa Padroeira as "exigiam" se fosse preciso, como aconteceu entre o António Fagote e o José da Loja...
Lá, pelos meus lados das terras de Coimbra, algo perecido existiu em tempos que lá vão e é por isso, que ao lembrar hoje, este meu antigo e belo "livro de cabeceira" o faço, a pensar nas camadas mais novas que desconhecem este tesouro literário que já mereceu a honra de ter sido escolhido - em tempos - para o 7º ano de escolaridade pela sua preciosidade dialogal e de costumes rurais de uma tal beleza genuína que OS MEUS AMORES, ontem como hoje, é um livro que merece ser lembrado.
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