Um dia, o Mestre
perguntou aos seus discípulos:
— Por que é que
as pessoas gritam quando estão aborrecidas?
Depois de
discutirem entre si, os discípulos disseram:
— As pessoas têm
tendência a gritar porque perdem a calma.
O Mestre
convidou-os a aprofundar mais a questão. Mas, ao verificar que o tempo passava
e começavam a surgir ideias um tanto desencontradas, lançou-lhes esta pergunta:
— Mas por que se
grita a uma pessoa que está ao nosso lado? Se não é surda, não é possível falar-lhe
em voz baixa?
Os discípulos
continuaram a tentar encontrar uma resposta a esta questão tão simples.
Como não
conseguiam, o Mestre explicou-lhes:
— Quando duas
pessoas estão aborrecidas, os seus corações afastam-se muito. Para encurtar a
distância, precisam de gritar para se poderem ouvir. Não sei se já repararam que,
quanto mais aborrecidas estão duas pessoas, mais alto precisam de gritar!
Os discípulos
começavam a entender. O Mestre continuou:
— O contrário
acontece quando duas pessoas gostam uma da outra. Elas não gritam, mas falam suavemente,
porque os seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. E,
quando se enamoram, acontece que os corações ficam tão próximos um do outro que
nem precisam de dizer nada. Basta o olhar.
Os discípulos
perceberam a lição. O Mestre, no fim, recomendou-lhes:
— Quando
discutirdes, não deixeis que os vossos corações se afastem. Se gritardes um com
o outro, é porque estão demasiado distantes. Antes de começar a discutir,
tendes de começar por vos amar mais.
Autor
Desconhecido
Tudo leva a crer, pela compostura do texto que este "Autor Desconhecido" sem infringir normas evangélicas na sua substância discursiva como a Igreja as apresenta e defende, se tenha servido do influxo doutrinal que elas assumiram de acordo com o ensino que Jesus deixou - o Mestre como ele lhe chama e muito bem - para a essa luz ficcional, onde não faltou a alusão aos seus apóstolos, para com beleza e arte ter criado este belo diálogo de amor humano.
Ao citar as distâncias dos corações e, consequentemente, a necessidade de falar mais alto para ambos se ouvirem - chegando à ofensa, tantas vezes - e em contraponto, a aproximação dos dois para que as vozes num sussurro se possam ouvir num entendimento aprazível, fica bem explícito, nestes antagonismo, o modo como nos devemos situar perante os acontecimentos da vida, nem sempre concordes, mas merecedores da nossa melhor compostura, com a finalidade de não se criarem distâncias, sempre perniciosas ao bem pessoal e comum das colectividades humanas.
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