Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 4 de março de 2016

"Senhor, falta cumprir-se Portugal!"

O SONHO DO INFANTE
Pintura de José Malhoa

Passa, hoje, dia 4 de Março a data do nascimento do Infante D. Henrique, na cidade do Porto. Sobre ele, quatro séculos depois, disse Fernando Pessoa:


Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!


Conforme Malhoa o viu sentado num dos rochedos de Sagres a olhar nas lonjuras o Mar distante e assim o retratou, cumpre-nos, hoje, olhar a figura deste homem e ao lembrar o que ele fez pela expansão de Portugal, render-lhe uma homenagem, num tempo em que o nosso inexistente Ministério da Cultura se esquece destas figuras, pois que se saiba, está a findar o dia e sobre a sua memória e  tantas outras que como a dele tornou Portugal maior há a cortina do silêncio.
  • Será por vergonha?
  • Será por isso... por ele ter sido o "pai" do velho Império português?
  • Será por isso... por a ele ter pertencido o acto colonizador de Portugal, que apenas cumpriu no seu tempo a gesta heróica da descoberta de novos mundos?
Fernando Pessoa, fiel ao homem nesta bela poesia, não deixou de lembrar que com ele "Cumpriu-se o Mar", e desfeito pelos ventos da História o Império que ele sonhou, quando tudo se podia ter congregado após a queda das terras que as suas caravelas e naus descobriram, faltaram em Portugal, homens da sua estirpe, porque este belo País está à espera dos que, um dia, o hão-de cumprir.

Não sabemos é quando... mas a profecia de Fernando Pessoa há-de cumprir-se num tempo futuro, quando uma nova geração não se envergonhe, como faz a actual de lembrar os seus heróis... e isso vai acontecer, quando de verdade, tivermos a galhardia de fazer da cultura portuguesa um meio de exaltação dos valores pátrios.

Acontecerá quando tivermos, a sério, um Ministério da Cultura... algo que nunca tivemos nesta nova e desmiolada República.

Sem comentários:

Enviar um comentário