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sábado, 19 de março de 2016

Para lembrar... uma novidade, que valeu a pena!


http://expresso.sapo.pt/ (de 9 de Março de 2016)


Era um acto normal a visita dos Presidentes da República empossados no pós 25 de Abril visitarem os Jerónimos para deporem junto ao túmulo de Camões uma grinalda de flores.

Marcelo Rebelo de Sousa fez o mesmo, mas com uma diferença importante: repetiu a tradição junto da urna tumular do épico, mas teve o mesmo gesto junto da urna de Vasco da Gama, num simbolismo que prova como a cultura académica em homens da estirpe do novel Presidente da República se fez eco, porque foi, entre muitos e valorosos marinheiros portugueses - como o descobridor do caminho marítimo para a India - que Camões se inspirou para cantar em versos imorredoiros a gesta marítima de Portugal.

Foi um sinal, mas é destes sinais que Portugal precisa e não da repetição de cenas meramente protocolares, pois é preciso ir mais ao fundo da História e honrar os homens que conseguiram deixar por toda a costa atlântica e para a que ficou para trás do Bojador, marcos da nossa passagem pelos caminhos desconhecidos dos muitos "Adamastores" que nos quiseram tolher a passagem.

Marcelo Rebelo de Sousa com aquele gesto ao honrar o nauta que singrou para além da Rota do Cabo, teceu-lhe o louvor merecido, criando uma novidade que valeu a pena pelo simbolismo do acto e por ter sido o primeiro Presidente da República a lembrar-se de um dos heróis marinheiros do Portugal de antanho.

Depois, antes de deixar aquela jóia de pedra lavrada pelo cinzel dos artistas, tendo como assistentes,  entre eles o Prior de Santa Maria de Belém, assinou demoradamente o Livro de Honra do Mosteiro dos Jerónimos.

in, com a devida vénia do blog "Portugal dos Pequeninos"


Tenho a certeza que aquele momento - demorado - como foi considerado, teve de ser assim, porque, por entre a frieza dos claustros seculares havia um homem que quis aquecer  o momento com a sua pena que deixou lavradas, palavras de ouro, tão valiosas quanto o foram os cinzéis dos artistas canteiros, que palmo a palmo - demoradamente - na secretaria das paredes, das pilastras e dos arcos dos tectos "escreveram" sem palavras, todas as palavras que eles nos merecem.

Esta foto é um momento especial, onde o velho das cantarias se tornou mais novo na moldura serena do actual Presidente da República. 

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