in, Revista "O Occidente"" de 20 de Fevereiro de 1906
O vilancete foi uma forma de lirismo poético com origem no advento da Renascença e teve a sua aura entre o fim da Idade Média (séc. XIII) e todo o período da Idade Moderna (séc. XV a XVII), tendo esta forma poética obtido esse nome na Península Ibérica, obedecendo a um mote que funcionava como refrão a que se seguiam uma ou mais estrofes - chamadas as voltas ou glosas cada uma com sete versos, cabendo a cada um 5 ou 7 sílabas métricas.
Os temas dos vilancetes eram, normalmente, a saudade, a natureza (campos e pastores) a mulher e o amor não correspondido.
Este, que se reproduz, faz parte deste último tema, e não deixa de ser amargo, na conclusão se nos concentramos no mote, em que o Poeta começa por pedir a vida aos olhos da mulher requestada, para afinal concluir, que eles foram mais uma esp'rança perdida... como lemos na primeira das estrofes, fazendo jus a esta forma poética que se perdeu no tempo, mas tendo sido reabilitada pelo poeta Amadeu Junqueiro nos alvores do séc. XX, um ilustre desconhecido que a Revista de cultura "O Occidente" fixou numa as suas páginas.
O vilancete "morreu" como forma literária, mas jamais morrerá a sua substância, porque os temas que o introduziram na Literatura Portuguesa hão-de continuar enquanto houver na lírica apaixonada da mulher e do homem, a música e o verso como expressões humanistas que deram motivos a Petrarca para se fazer entender através desta forma de arte poética, que mereceu, como se sabe, a Camões uma desvelada atenção e em cujos vilancetes a sua arte, também se imortalizou.
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