Hoje está um dia cinzento, dos muitos que temos tido neste Inverno agreste.
O Céu plúmbeo, chora.
Nós já não choramos e temos lágrimas.
São interiores e vivemos afogados nelas, com a particularidade de não serem verdadeiras.
São ânsias e desesperos. Desenganos, até.
Muitas delas são ilusões perdidas.
Sonhos que tivémos, lindos como papoilas em verdes campos de trigo.
Tudo se foi esfumando, como se tudo fora uma Primavera que se anunciou, ridente, e já não existe.
Sonhos que tivémos, lindos como papoilas em verdes campos de trigo.
Tudo se foi esfumando, como se tudo fora uma Primavera que se anunciou, ridente, e já não existe.
Somos um povo igual àquele que vem arrostando canseiras e lutas e nos antecedeu há muitas centenas de anos, continuando como ele, falho de alegria, acrescida, hoje, mais um vez, de nos sentirmos vergados à dívida e à protecção internacional que vai continuar depois de 17 de Maio de 2014 - fim do actual resgate - a cuidar do modo como gerimos as nossas contas. Uma vergonha!
- Porquê?... porquê?
Esta interrogação cresce em nós e ninguém responde.
Mas, intimamente, uma voz sem eco diz-nos que a nossa tragédia tem sido a falta de cultura.
Nós, os mais velhos, estamos a perder a seiva de onde a Pátria se alimentava e os nossos filhos, lançados fora como apátridas vão dá-la a povos estranhos, ficando por lá muitos deles.
Resta-nos a esperança das novas gerações não virem a ser vítimas - como nós fomos - de sonhos incumpridos, de bandeiras desfraldadas a um vento anunciado como amigo, e possam reerguer esta Pátria falida.
Podia apontar e culpar os mentores da falsa esperança que nos deram.
Mas não o faço. Deus que me guia não me deixa estender a mão e apontar culpas.
Todos somos culpados!
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