Florbela
Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de dezembro de
1930). batizada como Flor Bela Lobo, e
que opta por se autonomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca, foi uma
poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora
tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube
transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização,
feminilidade e panteísmo.
Entre
1899 e 1908, Florbela Espanca frequentou a escola primária em Vila Viçosa. Foi
naquele tempo que passou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição.[6]
As suas primeiras composições poéticas datam dos anos 1903-1904: o poema
"A Vida e a Morte", o soneto em redondilha maior em homenagem ao
irmão Apeles e um poema escrito por ocasião do aniversário do pai "No dia
d'anos", com a seguinte dedicatória: «Ofereço estes versos ao meu querido
papá da minha alma». Em 1907, Espanca escreveu o seu primeiro conto:
"Mamã!" No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas 29
anos, vítima de nevrose.[5]
Espanca
ingressou então no Liceu Nacional de Évora, onde permaneceu até 1912.[8] Foi
uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar um curso liceal.[6] Durante
os seus estudos no Liceu, Espanca requisitou diversos livros na Biblioteca
Pública de Évora, aproveitando então para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo
Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Garrett. Quando ocorreu a revolução de 5 de
Outubro de 1910, Espanca está há dois dias com a família na capital, no
Francfort Hotel Rossio, mas não se conhecem comentários seus à sua vivência
deste dia.
Obra
Autora
polifacetada: escreveu poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários
romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa
índole, Florbela Espanca antes de tudo é poetisa. É à sua poesia, quase sempre
em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A temática abordada
é principalmente amorosa. O que preocupa mais a autora é o amor e os
ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade,
sedução, desejo e morte. A sua obra abrange também poemas de sentido
patriótico, inclusive alguns em que é visível o seu patriotismo local: o soneto
"No meu Alentejo" é uma glorificação da terra natal da autora.
Somente
duas antologias, Livro de Mágoas (1919) e Livro de Sóror Saudade (1923), foram
publicadas em vida da poetisa. Outras, Charneca em Flor (1931), Juvenília
(1931) e Reliquiae (1934) saíram só após o seu falecimento. Toda a obra poética
de Espanca foi reunida por Guido Battelli num volume chamado Sonetos Completos,
publicado pela primeira vez em 1934.
Poesia
1919
Livro de Mágoas. Lisboa: Tipografia Maurício.
1923
Livro de Sóror Saudade. Lisboa: Tipografia A Americana.
1931
Charneca em Flor. Coimbra: Livraria Gonçalves.
1931
Juvenília: versos inéditos de Florbela Espanca (com 28 sonetos inéditos).
Estudo crítico de Guido Battelli. Coimbra: Livraria Gonçalves.
1934
Sonetos Completos (Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Charneca em Flor,
Reliquiae). Coimbra: Livraria Gonçalves.
Fonte: Wikipédia - A Enciclopédia livre
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Admirador afecto desta poetisa ao publicar no meu blogue o soneto a que Florbela deu o sugestivo nome em jeito de pergunta: "Quem Sabe?" o meu primeiro impulso foi o de me interrogar sobre os seres que vivem a vida à procura de Deus e morrem sem o terem encontrado e, pensar, depois, que quem passa assim pela vida não são ateus, mas almas que sentem a falta do conforto desse SER inatingível sobre que aspecto for.
E, ante o último terceto de Florbela, "Quem sabe se este anseio de eternidade / A tropeçar na sombra, é a verdade, / É já a mão de Deus que me acalenta?" esta sensibilidade, ainda que "a tropeçar na sombra", já não foi, a partir de então o apaziguamento da sua alma atormentada por uma vida madrasta, que lhe deu a "certeza" de ter encontrado o alento naquela "mão de Deus" que a acalentava?
Como crente em Deus misericordioso, a minha fé n'Ele leva-me a pensar que Florbela Espanca no título que deu a este soneto inquieto, cheio de amor a Deus e à sua Verdade, tê-lo-ia entrevisto, porque na dúvida da pergunta: "Quem Sabe?" havia já um misto de sombra e sol a entrar na sua vida, e é por isso - para além da sua poesia sofredora de um amor perfeito que nunca achou - que eu admiro esta mulher de fibra que cantou como mais ninguém o fez a "Charneca em Flor" do seu Alentejo.
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