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sábado, 13 de outubro de 2018

"Quem sabe?" - Um soneto de Florbela Espanca



Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de dezembro de 1930).  batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.

Entre 1899 e 1908, Florbela Espanca frequentou a escola primária em Vila Viçosa. Foi naquele tempo que passou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição.[6] As suas primeiras composições poéticas datam dos anos 1903-1904: o poema "A Vida e a Morte", o soneto em redondilha maior em homenagem ao irmão Apeles e um poema escrito por ocasião do aniversário do pai "No dia d'anos", com a seguinte dedicatória: «Ofereço estes versos ao meu querido papá da minha alma». Em 1907, Espanca escreveu o seu primeiro conto: "Mamã!" No ano seguinte, faleceu a sua mãe, Antónia, com apenas 29 anos, vítima de nevrose.[5]

Espanca ingressou então no Liceu Nacional de Évora, onde permaneceu até 1912.[8] Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar um curso liceal.[6] Durante os seus estudos no Liceu, Espanca requisitou diversos livros na Biblioteca Pública de Évora, aproveitando então para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Garrett. Quando ocorreu a revolução de 5 de Outubro de 1910, Espanca está há dois dias com a família na capital, no Francfort Hotel Rossio, mas não se conhecem comentários seus à sua vivência deste dia.

Obra
Autora polifacetada: escreveu poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa índole, Florbela Espanca antes de tudo é poetisa. É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A temática abordada é principalmente amorosa. O que preocupa mais a autora é o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. A sua obra abrange também poemas de sentido patriótico, inclusive alguns em que é visível o seu patriotismo local: o soneto "No meu Alentejo" é uma glorificação da terra natal da autora.

Somente duas antologias, Livro de Mágoas (1919) e Livro de Sóror Saudade (1923), foram publicadas em vida da poetisa. Outras, Charneca em Flor (1931), Juvenília (1931) e Reliquiae (1934) saíram só após o seu falecimento. Toda a obra poética de Espanca foi reunida por Guido Battelli num volume chamado Sonetos Completos, publicado pela primeira vez em 1934.

Poesia
1919 Livro de Mágoas. Lisboa: Tipografia Maurício.
1923 Livro de Sóror Saudade. Lisboa: Tipografia A Americana.
1931 Charneca em Flor. Coimbra: Livraria Gonçalves.
1931 Juvenília: versos inéditos de Florbela Espanca (com 28 sonetos inéditos). Estudo crítico de Guido Battelli. Coimbra: Livraria Gonçalves.

1934 Sonetos Completos (Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Charneca em Flor, Reliquiae). Coimbra: Livraria Gonçalves.

Fonte: Wikipédia - A Enciclopédia livre
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Admirador afecto desta poetisa ao publicar no meu blogue o soneto a que Florbela deu o sugestivo nome em jeito de pergunta: "Quem Sabe?" o meu primeiro impulso foi o de me interrogar sobre os seres que vivem a vida à procura de Deus e morrem sem o terem encontrado e, pensar, depois, que quem passa assim pela vida não são ateus, mas almas que sentem a falta do conforto desse SER inatingível sobre que aspecto for.

E, ante o último terceto de Florbela, "Quem sabe se este anseio de eternidade / A tropeçar na sombra, é a verdade, / É já a mão de Deus que me acalenta?" esta sensibilidade, ainda que "a tropeçar na sombra", já não foi, a partir de então o apaziguamento da sua alma atormentada por uma vida madrasta, que lhe deu a "certeza" de ter encontrado o alento naquela "mão de Deus" que a acalentava?

Como crente em Deus misericordioso, a minha fé n'Ele leva-me a pensar que Florbela Espanca no título que deu a este soneto inquieto, cheio de amor a Deus e à sua Verdade, tê-lo-ia entrevisto, porque na dúvida da pergunta: "Quem Sabe?" havia já um misto de sombra e sol a entrar na sua vida, e é por isso - para além da sua poesia sofredora de um amor perfeito que nunca achou - que eu admiro esta mulher de fibra que cantou como mais ninguém o fez a "Charneca em Flor" do seu Alentejo.

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