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Profundamente lírico em toda a sua Obre, João de Deus neste poema de cunho eclesial e cujo tema no modo e na substância é único em toda a Língua Portuguesa, no diálogo cheio de subtileza e de simplicidade que este "Cristo" contém profusamente, é um espelho de um tempo em que as crianças faziam estas perguntas com ar natural e empenhadas em saber por ouvirem seus pais falarem aos serões de Jesus, nas orações que faziam com a família, e onde, a religiosidade assinalava o seu campo no devir das coisas que preenchiam os dias de um saber em que a religião não era - de modo nenhum - um tema arredio.
João de Deus conheceu isto na sua casa de S- Bartolomeu de Messines, e com toda a lucidez e o saber que a Universidade lhe deu, sem lhe coartar estes mimos recebidos na infância, neste belo poema que ele cabe por inteiro, tendo-nos deixado o sabor infantil das perguntas interrogativas de mistura com as respostas cheias de uma grande verdade espiritual postadas naquela mãe atenta com que o Poeta que remata o poema ao falar do império da VERDADE que devia ser, não uma palavra vã, mas um modo de a viver assumindo todas as suas consequência, assim como CRISTO assumiu e morreu por isso, sem medo dos seus algozes.
Que falta estão fazendo nesta sociedade frívola e descristianizada exemplos de literatos como foi João de Deus!
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