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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

"Desfecho" - Um poema de Miguel Torga




Há quem veja - assim como eu - em Miguel Torga o homem que levou a vida à procura de Deus na forma e na substância e que, se não O encontrou na substância encontrou-O moldado na forma da poesia que lhe dedicou como esta DESFECHO em que o Poeta põe a par dois "mudos e malogrados", sem ele se ter apercebido que na sua imensa misericórdia o único "malogrado" foi ele, porque Deus fez-se encontrado em grande parte da sua Obra, mesmo. até, nesta poesia em que se pressente a sua luta com a divindade que ele teimou em encontrar Deus, mas dentro da sua razão.

Fê-lo sempre com uma grande virtude: "Sempre silencioso na agressão", atitude suficiente para Deus O entender... por não ser fácil decifrar o seu Mistério, porque é algo que só a luz da Fé é que o homem o pode "ver".

Deus - é ele que o afirma - causava-lhe "terror"  - porque, apesar da sua razão O não ver a sua alma transmontana via-O em "toda a parte", o que prova, que dentro do seu ser, muito no fundo ele caminhou sempre com Deus, sabendo-se à luz da Fé, que Ele não despreza criatura, o que nos leva a pensar que em Miguel Torga o "encontro" com Deus se deu após a sua morte, porque assim o mereceu pela luta tenaz, porfiada, sábia e honesta como ele desejou entendê-lo em vida.

Deus, decerto, amparou nos seus braços o homem inquietado que foi Miguel Torga!

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