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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

"O Leilão da Casa da Mariquinhas"

O FADO
Pintura de José Malhoa - 1910
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in, "Alma de Marialvas" - Órgão dos Marialvas de S. Cristóvão - Lisboa, Julho de 1957
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Um feliz acaso levou-me, hoje, até à leitura deste velho número do da "Alma dos Marialvas", que constituiu - conforme informação da "Wikipédia" - a Enciclopédia Livre - um número único, publicado em Julho de 1957, eventualmente comemorativo do 18º aniversário do grupo "Marialvas de S. Cristovão", constando, na última página do mesmo, o programa referente ao dia assinalado. Vários são os temas focados ao longo do jornal: o percurso histórico dos "Marialvas" como pequena coletividade; um conto histórico decorrido durante a I Guerra Mundial, protagonizado pelos marinheiros portugueses do caça-minas Augusto Castilho; o auxílio prestado aos pobres pelos "Marialvas", orgulhosos de "vestir os nus" (lema do agrupamento); poesia variada, e a tradição das touradas. E vários são os seus colaboradores: Joaquim Gonçalves Piçarra, Francisco M. de Almeida, Afonso dos Santos, António José da Cunha, Luís José Simões, Maria Amélia Carvalho de Almeida, entre outros. 

De folha em folha, deliciado com a leitura tão antiga, os meus olhos caíram e ficaram presos ao poema "O Leilão da Casa da Mariquinhas" que Alfredo Marceneiro imortalizou com a sua voz de grande fadista desta "Lisboa alfacinha" ao cantar com a sua voz característica esta letra de João Linhares Barbosa - o maior poeta do fado que Lisboa conheceu - e foi num misto de saudade, assombro e de uma grande ternura por aquelas duas personagens que Deus lá tem que li e reli esta letra famosa que encantou tantos amantes do fado e assim continua pela vida fora.

No tempo, estava longe de pensar o autor da letra e a voz que a tornou conhecida, que o FADO português viria a alcançar o honroso título "Património Oral e Imaterial da Humanidade" outorgado pela Unesco em Novembro de 2011, retirando a esta forma de cantar que vai buscar a sua raiz à marinhagem as naus das descobertas, dando aso a que só em 1840, o fado como canção popular tivesse passado a ser conhecido "nas ruas de Lisboa"  tendo sobressaído um nome: o "Fado do Marinheiro".

Segundo a Wikipédia é este  fado que vai se tornar o modelo de todos os outros géneros de fado que mais tarde surgiriam como o fado corrido que surgiu a seguir e depois deste o fado da cotovia. E com o fado surgiram os fadistas, com os seus modos característicos de se vestirem, as suas atitudes não convencionais, desafiadoras por vezes, que se viam em frequentes contendas com grupos rivais. Um fadista, ou faia, de 1840 seria reconhecido pela sua maneira de trajar.

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