Tenho, como milhares de portugueses, um carinho muito especial por esse grande homem das Letras Pátrias que foi Miguel Torga, um vulto de rara integridade intelectual e espiritual - assim o considero - que levou a vida à procura de um sentido racional que entrasse como um furação dentro de si, e ele lhe levasse Deus.
Neste belo poema, profundo, sentido, pessoal - digo eu - porque no nome que lhe deu IDENTIFICAÇÃO - a pessoa que aparece identificada é ele mesmo ao dizer que na "barca do mundo" que ele coloca em cima do mar da vida "Gemem os remadores" e estes,, são os seus iguais em presença física e caminho espiritual e em que o gemer mais não é que a luta que é travada para em cada homem se encontrar Deus na figura de Cristo, de que ele,
numa pergunta inquietante, mas onde está inteiro o seu humanismo cristão, pergunta, com a singularidade da pergunta ser feita a ele mesmo: "Que humanidade tens, irmão?"
"És o Cristo, talvez"...
Não se enganou Miguel Torga.
À sua maneira ele foi um homem-Cristo, como tantos o têm sido, ainda que longe da teologia das Escrituras, porque, houve, efectivamente, no seu tempo, que é o nosso, Cristos sem altar, ou seja, homens íntegros, verdadeiros na sua crença que embora desalinhada com os cânones da Igreja que Jesus Cristo fundou, se comportaram como Cristo, com uma postura "Tão presente, real e natural" que nas suas vozes ecoou, o amor e a paz que o Filho de Deus pregou.
Tenho para mim que Miguel Torga foi um "Cristo" assim, pela verdade da sua vida.
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