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domingo, 28 de outubro de 2018

"Honra e Justiça a Cavaco Silva"


Honra e Justiça a Cavaco Silva

Tanto quanto julgo saber, disse um dia Aníbal Cavaco Silva que, “Não somos donos da terra, mas apenas os seus hóspedes transitórios”.

Frase sábia e bem demonstrativa da maturidade do homem que mais tempo e com maior sucesso governou na história da democracia portuguesa. Goste-se mais ou menos disso, esta é a realidade. A realidade pessoal e política de um homem que ao contrário dos de hoje marcou a sua época. Daqui a 50 anos todos continuarão a saber quem foi Cavaco Silva. Por sua vez muitos dos seus detratores, julgo nem virem a constar das notas de rodapé da história do nosso país. Posto isto, sem querer desvirtuar o sentido da citada afirmação do ex. Primeiro Ministro e Presidente da República não resisto ainda assim a fazer-lhe uma adenda.

Cavaco Silva não foi dono da terra, foi também ele um hóspede transitório da legitimação por sufrágio, mas uma coisa é certa, o que nunca foi nem é transitório é o impacto que tudo quanto diga e faça tem nos restantes atores políticos. Cavaco já não manda, mas como sempre ainda os mói. O recalcamento de muitos, por verem nele, o que gostavam de ser ou ter sido e não são, continua como sempre a fazê-los espumar de raiva. Mas terão de espumar até que sejam atingidos por um qualquer esgotamento nervoso. Começa a ser, portanto, a meu ver, ridícula a forma como todos “malham” em Cavaco sempre que este diz alguma coisa. Escreveu um primeiro livro de memórias, o que a maior parte dos políticos importantes fazem, caiu o Carmo e a Trindade com José Sócrates, entre outros, em horário nobre, a lançar tiros de pólvora seca por todo e para todo o lado.

Algum comentário que faça, surgem logo os arautos da verdade ou os papagaios amestrados dizendo que com eles demonstra falta de sentido de Estado. Pergunto: Qual é político que hoje o demonstra? Estimado Carlos César, diga-me, é o Senhor? Se comenta algo sobre a postura da atual presidência é uma deselegância para com o atual titular do cargo e os que já o foram. Pergunto de novo: Os outros não o faziam? Mais: E porque não o devem poder fazer? E não satisfeito ainda pergunto: Estou enganado ou Marcelo Rebelo de Sousa passou anos e anos, semanalmente a fazê-lo e, agora, parece não lhe agradar que outros o façam? Podem dizer. “Bem, mas o Marcelo aí não era Presidente”. Pois não! E Cavaco também já não é! Chega desta palhaçada.

Cavaco Silva como qualquer outro político fez coisas boas e menos boas, tomou decisões mais e menos acertadas, os seus últimos anos foram de facto cinzentos, mas ainda assim um cinzento verdadeiro ao contrário do falso cor de rosa com que muitos hoje pintam a cara e com ela aparecem em público. Aníbal Cavaco Silva foi e continua a ser o político mais influente e com maior poder formal e informal no país. Em quarenta e poucos anos de democracia, destes, governou em vinte. Merece, portanto, respeito. Foi o único homem que enquanto primeiro ministro fez obra e lançou o país para a frente. E não me venham com o argumento de que “ah, obrigado, com o dinheiro que nessa altura vinha lá de fora também eu.” Tretas! Depois disso veio na mesma e o descalabro está à vista.

Transcrição “ipsis-verbis” e com a devida vénia de um texto de Rodrigo Alves Taxa, in “Jornal i” de 26 de Outubro de 2018
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"20 valores com tendência para subir".

Era assim que se manifestava um saudoso professor de Português que eu tive, e que se manifestava sempre deste modo quando uma redacção lhe agradava.
Sendo, apenas, um modo de expressar a satisfação que tal leitura lhe dera como docente e leitor - sabia a turma - que o professor fazia desse hábito um incentivo ao grupo que lhe estava confiado, e que o aluno que lhe merecia aquele louvor iria ter boa nota.

Faço o mesmo a este texto de Rodrigo Alves Taxa, porquanto, subscrevo na íntegra tudo quanto diz, lamentando não ser eu o autor de tão asisadas palavras, na certeza que tenho que os maldizentes de Cavaco Silva - um homem que se fez a pulso - não sendo filho de gente rica e por isso não ter nascido "num berço de oiro", quando se escrever a História dos primeiros decénios da Democracia Portuguesa, o seu nome passadas as paixões políticas do tempo que passa, não vai ser esquecido.

"Honra e Justiça a Cavaco Silva".

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