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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Um poema - CANÇÃO - de Guerra Junqueiro


Cópia ipsis-verbis captada na velha publicação de "O Occidente"

Algo desconhecida, possivelmente, esta composição poética de Guerra Junqueiro que  a Revista "O Occidente" publicou em 1 de Junho de 1878 - tinha o grande Poeta 28 anos - esta CANCÃO como ele a intitulou tem a força transmontana da sua origem natal, onde a verdade, a justiça e o direito de que ele fala não são figuras de retórica mas destinos de alma, onde se for preciso, para manter viva a chama desses princípios sócio-culturais não podemos hesitar e, se necessário, lança-se na fornalha em brasa - o coração... como ele o fez sem tibiezas.

Poetas, que somos nós?

- Ferreiros de arsenais... e, assim, para o ser e para corresponder à verdade que é pedida à consciência do homem é preciso que, sem manchas, desvios de ânimo ou de força anímica... bater, bater com alma na bigorna, como se as estrofes - ou seja, as vissicitudes existenciais devessem ser lanças ou punhais, porque a vida - vista como uma imagem - não pode dispensar a luta do "ferreiro" que todos os homens são e, logo, para o poder ser convictamente, este tem de se abastecer com a lenha necessária para poder acender a fornalha da vida.

Penso que este poema-CANCÃO tem resquícios da sua passagem por Coimbra onde Guerra Junqueiro estudou Teologia, mas porque o seu coração para obedecer à verdade que o acompanhou ao longo da vida veio a abandonar, para se formar em Direito, sem que, no entanto, aquela disciplina teologal se tivesse perdido inexoravelmente na alma do homem moldado nos costumes ancestrais de Freixo de Espada à Cinta.

Leio este poeta do então jovem Guerra Junqueiro e não posso deixar de pensar no ferreiro que ele foi e na fornalha que acendeu - onde tivesse, embora, matado o coração em lutas de que se viria a penitenciar na sua velhice, como aconteceu, no retrato que deixou do seu arrependimento em ter escrito, tal como o fez, o seu famosos livro "A Velhice do Padre Eterno - o seu coração redimido continua a bater até hoje nos muitos leitores que não dispensam o Poeta da então chamada "Escola Nova" que fez dele o panfletário que muito ajudou à queda da Monarquia.

Ler Guerra Junqueiro é entrar dentro da fornalha da vida e aquecer a alma em muitos dos seus versos, que são, pela clareza da escrita e dos sentimentos dos mais puros que a Literatura Portuguesa conhece, incluindo os mais cáusticos, porque mesmo nestes, o Poeta está inteiro com as verdades que usou - como lanças ou punhais - em cima do tempo onde caldeou grande parte da sua vida.

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