Pesquisar neste blogue

sábado, 2 de julho de 2016

"Quem semeia ventos colhe tempestades"

"Ao que chegámos" 


É o título desta caricatura de Rafael Bordallo Pinheiro publicado no jornal humorístico A Paródia, que viu a luz dos escaparates entre 1900 a 1907.

Possivelmente, vendo e sentindo os desmandos constitucionais dos que governavam em nome do Rei, Rafael Bordallo Pinheiro - um republicano assumido que fez da caricatura política a sua lança de combate - tem neste desenho toda a força da sua crença numa mudança de Estado que pudesse conduzir o velho Portugal por outra via.

Aconteceu isto no tempo em que A Monarquia já agonizava, mercê da guerra feroz que lhe moveram os republicanos que, infelizmente, a destronaram para implantar um regime coxo, de tal forma que teve de ser derrubado pela ditadura militar, farta de ver a balbúrdia que levou Portugal a tomar parte na I Grande Guerra e a assistir ao assassinato de um outro chefe de Estado - Sidónio Pais - como se já não tivesse bastado aos republicanos emergentes ter assassinado o Rei D. Carlos e o seu filho Luís Filipe.

Ao que chegámos... e, hoje, retomo a frase do célebre caricaturista, para verberar com muita mágoa o facto de temos imposto um regime em 1974 que não soube dar - como foi cantado e dito - outra sorte a Portugal que não fosse a continuação do endividamento ao estrangeiro e, ainda se apraz pela voz dos actuais governantes criticar o Ministro das Finanças alemão por este ter insinuado que Portugal pode estar à porta de pedir um novo resgate.

Permito-me publicar - ipsis-vrbis - um pequeno texto da conceituada jornalista Helena Garrido, que diz assim:

A probabilidade de Portugal ter de pedir um novo apoio financeiro vai subindo a cada dia que passa. Schäuble poderia até ter acrescentado mais argumentos para mostrar os riscos que Portugal enfrenta.

O ministro alemão das Finanças pronunciou em público a palavra proibida. “Resgate”. Só pode ser uma surpresa para quem está pouco atento ou quer acreditar em impossíveis. A probabilidade de Portugal ter de pedir um novo apoio financeiro vai subindo a cada dia que passa. Schäuble poderia até ter acrescentado mais argumentos para mostrar os riscos que Portugal enfrenta.
                                               in, Observador" de 1 de Julho de 2016

- Será que a falta de lucidez é de quem nos avisa ou dos que cá dentro - tendo por portas travessas - tomado conta do poder, tem a desfaçatez de alto e bom som, como se fôssemos intocáveis de criticar as palavras avisadas de Schauble?

Atentemos naquilo que temos feito, mormente, depois do "jogo de bastidores" das últimas eleições legislativas e, depois, tomemos consciência de que, como ilustrou a pena brilhante de Rafael Bordallo Pinheiro na gravura que se reproduz, "quem semeia ventos colhe tempestades"...

Sempre assim foi!

Sem comentários:

Enviar um comentário