FADO HILÁRIO
Voz de António Menano
A minha capa velhinha
É da cor da noite escura,
Nela quero amortalhar-me,
Quando for p'ra sepultura.
A minha capa ondulante
Feita de negro tecido,
Não é capa de estudante
É mortalha de vencido.
Ai!... Eu quero que o meu
caixão
Tenha uma forma bizarra,
A forma de um coração,
Ai!... A forma de uma guitarra.
Letra e música de Augusto Hilário
Este é, possivelmente, um dos
mais famosos fados de Coimbra, cabendo toda a responsabilidade poética e
artística ao celebrado estudante de Coimbra, Augusto Hilário da Costa Alves.
O poeta-cantor nasceu em Viseu e
chegou a Coimbra para ingressar no 1º ano de Medicina, onde não tardou a ser
conhecido pela sua veia fadista e de trovador na Academia de Coimbra que o
cognominou de "Rei da Alegria" que fizeram dele um dos grandes
animadores dos serões, onde cantou poemas - para além dos seus - de Guerra
Junqueiro e António Nobre, tendo-lhe cabido a honra de cantar de joelhos em
terra na homenagem nacional ao Poeta João de Deus.
António Menano que ouvimos, deu
com a sua timbrada voz a exaltação musical que a memória de Augusto Hilário
merecia, tendo constituído, na altura um momento de rara beleza pelo modo como
ele interpretou o sentimento coimbrão de Augusto Hilário, pelo que ouvi-lo,
ainda hoje, mesmo com os defeitos que o tempo deixou marcados na gravação não
deixa de ser um privilégio.
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