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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Uma verdade política para o dia de hoje!


Neste momento decorre por algumas ruas de Lisboa o cortejo fúnebre que conduz ao Cemitério dos Prazeres os restos mortais de Mário Soares.

Deixei de ver a televisão que segue em directo o percurso - que penso não será a última homenagem que é prestada à figura histórica do ilustre falecido - porque me cansa ouvir os "lugares comuns" que se lhe tecem, quando bastava mostrar o cortejo e falar-se, apenas, em pontos fulcrais do percurso, e guardar mais silêncio para que o povo interiorizasse o momento que passa ante os seus olhos de imagens únicas em que desliza o armão puxado por quatro cavalos brancos, e pudesse, sem barulhos escusados rezar pelo homem a quem Portugal muito deve.

Se a vida vivida por cada homem nos seus diversos cambiantes se pudesse pesar, eu pertenço ao número daqueles que acreditam, firmemente, que o prato da balança do MAIS do homem público cujo cadáver segue com honras de Estado a caminho de ser depositado na morada dos mortos, desequilibra enormemente a seu favor o prato do MENOS, porque as suas obras assim o impõem.

E é, ao pensar nisto que dou comigo a pensar, que este dia de hoje, 10 de Janeiro de 2017 tem uma verdade política que tem de ser dita.


O homem público que passa vencido para sempre, quando teve de decidir no exercício das suas funções nunca se deixou vencer pelas forças contrárias ao seu credo político - por advogarem princípios ditatoriais - tendo-as combatido a bem da minha liberdade e da dos meus concidadãos, bem ao contrário de quem, hoje, para se guindar ao poder se aliou às forças com quem ele recusou aliar-se.


Esta é a verdade política que sugere para o dia de hoje a memória de Mário Soares e isto, de per si, basta para demonstrar o homem que ele foi, para nos fazer lembrar o quanto estamos necessitados de homens da coragem do morto que se despede de um povo a quem deu o bem maior que dá pelo nome de liberdade que não se confunde com a libertinagem dos costumes.

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