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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A música e os estados de alma.


Temos de reconhecer, adultos e jovens,  sobretudo estes  com as audições em volume alto da música Rock -  que esta os entusiasma e os excita - uma forma que nos leva a reconhecer que o poder musical se faz sentir profundamente, como acontece nos filmes de terror ao levar a alma para o campo do medo  e do desconhecido e que outras ao servir de fundo a cenas amorosas as enquadram no romantismo próprio do momento, enquanto  outras  produzem sentimentos de melancolia  e até de tristeza.

Depreende-se daqui que a música de qualquer canção tem mais impacto na alma que a sua própria letra, e é esta constatação que nos faz recuar nos tempos e nos leva até aos filósofos gregos que davam à música um papel preponderante na formação da juventude, como por exemplo, Aristóteles que dizia: "pelo ritmo e pela melodia nasce uma grande variedade de sentimentos" e que "a música pode ajudar na formação do carácter".

Platão, pertencente ao mesmo período clássico torna mais claro este assunto, advertindo na “República” que “é possível conquistar ou revolucionar uma cidade pela mudança da sua música”, o que nos leva a concluir  que o fenómeno musical forma ou pode deformar as consciências quanto mais for inadvertido o modo como ela é assumida, o que não deixa de ser uma verdade no tempo de hoje, dando razão aos velhos filósofos, porque a música, paulatinamente, molda mentalidades e, consequentemente, os costumes.

Eis, porque, a educação musical – bem conseguida nos seus aspectos sócio-culturais - é uma arma poderosa ao permitir que a alma da criança desde a mais tenra idade se habitue a ver nela um instrumento do amor à beleza e à virtude, levando-a a distinguir o fosso que existe entre a beleza e a harmonia  e o barulho ensurdecedor dos concertos tipo Rock, o que nos leva a votar a Platão para ler e meditar o que ele nos disse através de uma pergunta:

"Não saberá (tal pessoa) louvar o que é bom, receber o bem com deleite e, acolhendo-o na alma, nutrir-se dele e fazer-se um homem de bem, ao mesmo tempo que detesta e repele o feio desde criança, mesmo antes de poder raciocinar? E assim quando chegar a razão, a pessoa educada por essa forma a reconhecerá e acolherá como uma velha amiga".

(in, República, Livro III)

Ressalto, a velha amiga como Platão queria que a música fosse entendida e ao fazê-lo tenho em mente que a música ou é assim - velha amiga - ou se pode transformar em inimiga da sociedade, como hoje acontece em tantos lados de um Mundo que perdeu o sentido da beleza que existe na música - velha amiga - de um Mundo que se perdeu por entre os barulhos que só, por desnorte, a nossa juventude lhe dá o nome de música, quando ela é uma alienação da alma que se excita, quando devia extasiar-se na contemplação da letra e dos sons harmónicos formadores do equilíbrio mental.

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