Pesquisar neste blogue

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Excomunhão de Martinho Lutero


Faz hoje anos...
No dia 3 de Janeiro de 1521 o Papa Leão X 
excomungou Martinho Lutero.


Católico apostólico romano que sou, volto a este assunto - sobretudo, hoje, em que na minha modesta opinião a Igreja a que pertenço cometeu um erro - que urge reparar e para o qual o Papa emérito Bento XVI na sua visita à Alemanha deu algum impulso  - porquanto o célebre teólogo alemão mais não fez que explicitar dois modos de ver a religião fundada por Jesus Cristo de que resultou a cisão que dura até hoje no Cristianismo.

O pároco da Igreja do Castelo de Wittenberg, função assumida em 1514, rebelou-se contra a compra de indulgências que eram vendidas em mercados livres para angariar capital urgente destinado às obras da Catedral de S. Pedro, em Roma, cujas obras decorriam desde o ano de 1506, e para as quais, para suprir as dificuldades financeiras segundo foi voz corrente na época o monge dominicano Johann Tetzel dizia: "Quando o dinheiro cair na caixinha, o Céu estará recebendo a sua alminha".

Martinho Lutero lutou contra isto e foi da sua rebelião - que de facto existiu - que ele em 31 de Outubro do ano de 1517, pregou nas portas da Igreja que paroquiava as suas 95 teses contrárias ao que defendia o Papa Leão X, não tardando que os seu documento tivesse sido impresso e distribuído entre os naturais de Leipzig, Nurembergue e Basileia, de que veio a resultar no ano seguinte a abertura em Roma de um processo por heresia, com a obrigação dois anos depois de Lutero as revogar ou ser punido.

Não tendo obedecido e tendo em 1520 chegado ao extremo que queimar a Bula papal, dá-se o rompimento com Roma, um facto imperdoável para Leão X que em 3 de Janeiro de 1521 lança sobre o destemido reformador da Igreja Católica a excomunhão, que levou o pregador das indulgências Tetzel, num acto extremo a pedir a fogueira contra a vida de Lutero, um acto que não tardou a colocar ao lado de Lutero alguns príncipes contrários ao poder papal, julgando ver ali um motivo de verem diminuir o poder de Roma, convidando o Imperador Maximiliano II - como título de Imperador do Sacro Império Germano-Romano - para Lutero se deslocar à corte de Worms contra a vontade da Igreja Católica, sendo acolhido com entusiasmo em todo o trajecto.

Maximiliano II - que se denominava "nem católico, nem protestante, mas cristão" mas era tido perto dos luteranos, pesasse embora esse pormenor tentou convencer o teólogo a retirara as suas críticas, obtendo como resposta que ele seguia pelo caminho que lhe indicavam a passagens das Escrituras e que "estava preso às Palavras de Deus", acrescentando:Portanto, não voltarei atrás, pois agir contra a consciência não é seguro nem saudável. Que Deus me ajude. Amém.

Em linhas breves - breves demais para trauma tão grande - está traçado o caminho de Martinho Lutero, que sendo verdade que foi um rebelde e autor da Reforma Protestante dividindo a Igreja do Ocidente entre romanos e reformados ou protestantes, apesar dissso o seu gesto deve ser compreendido à luz do tempo que vivemos, porque a sua rebeldia, tendo em conta que não vivemos no século XVI e a Igreja Católica Romana deu passos de aproximação e convivência com os irmãos separados, seria de toda justiça - no meu entender que até ao dia 31 de Outubro de 2017 - quando se perfazem os 500 anos da sua dissenção - a Igreja Católica Romana revisse a Bula de excomunhão e reabilitasse Martinho Lutero.

Tudo isto - sinto-o - é um assunto complexo, mas é necessário dar um passo em frente e este devia caber a ambos os lados... porque as separações, normalmente, têm culpas comuns, como no caso presente.

Sem comentários:

Enviar um comentário