LIBERDADE
- Liberdade, que estais no céu…
Rezava o padre nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
- Liberdade, que estais na terra…
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um siêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude,
deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
- Liberdade que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga
in, “Diário XII” (1977)
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Leio sempre com emoção -mas também com alguma perplexidade - este poema de Miguel Torga, e leio-o assim, porque ressuma em todo ele a luta íntima que ele travou com a aceitação de um Deus revelado aos homens e que viveu já passa de dois milénios.
É na última estrofe que recai toda a minha atenção e emoção, por me parecer que o Poeta interrogador do Mistério, tendo olhado noutro sentido, e esse sentido foi o de, ao ver-se por dentro ter sentido como era bom o pão da sua fome, dando a entender que a LIBERDADE procurada, antes de a achar num Deus que não lhe respondeu, achou-a no mais íntimo que havia em si, e quando diz: Santificado seja vosso nome, o que ele nos deixa não é um vazio de sentimentos, mas o encontro com o santificado que morava dentro dele tal como mora dentro de qualquer homem, porque nenhum homem é um estranho para Deus, ainda que assim se julgue perante Ele.
por favor
ResponderEliminarapos muitas tentativas não consegui obter uma analise da primeira e segunda estrofe deste poema e era de meu interesse obter alguma informação fidedigna acerca das mesmas
so encontrei de facto um bom site e respetivo e publicador uma boa analise deste poema ainda assim acho que não possui uma informação suficientemente clara e objetiva perante o que é o poema do nosso ilustre Miguel torga
agradecia mais uma vez a colaboração do senhor ilustre tamen mendes
muito obrigado e até sempre.