As Bem-aventuranças
Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte. Depois de se ter
sentado, os discípulos aproximaram-se dele.
Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo:
Felizes os pobres em espírito,
porque deles é o Reino do Céu.
Felizes os que choram,
porque serão consolados.
Felizes os mansos,
porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Felizes os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Felizes os puros de coração,
porque verão a Deus.
Felizes os pacificadores,
porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça,
porque deles é o Reino do Céu.
Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.
(Mt 5, 1-12)
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O Sermão da Montanha está considerado entre os maiores discursos da História, atendendo àquilo que nele se encontra para além do aspecto religioso, pois cada bem-aventurança é uma bofetada à nossa sociedade acomodada, esquecida que devia viver embrenhada no espírito em que cada uma delas é uma chamada de atenção à crise de valores em que a Humanidade continua a viver.
Quem são, afinal, os felizes?
Quem são, afinal, os homens que a sociedade considera os felizes?
Os fortes pela riqueza?
Os poderosos pelo poder dos cargos que ocupam?
Os bem instalados... sabe Deus à custa de quem?
Os que fazem o seu caminho em cima dos caminhos de outros?
Os que a si mesmo se julgam acima de todos?
No Sermão da Montanha tudo está centrado no impulso divino que o concebeu para que cada pessoa compreenda em plenitude as regras sociais que lhe cabem cumprir, constituindo, por isso, uma sabedoria que ninguém devia ignorar, a começar pelo entendimento da primeira regra - Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu - da qual dependem todas as regras ou bem-aventuranças seguintes.
Os pobres em espírito - ao invés dos que vivem desalinhados com a Igreja e tomam esta regra por "pouco inteligentes", "papalvos", e outros epítetos semelhantes, estão profundamente enganados e precisam de rever esta atitude, porque são os pobres em espírito os mais ricos perante a sociedade, porque são eles que afirmam eloquentemente a sua humildade perante o Saber de Deus, porque se sentem pobres ante o Ser Supremo.
São os que, perante a sociedade, num simples gesto de humildade e humanidade - porque todos os homens têm direito à felicidade - fazem lembrar, que:
- Cabe a cada um enxugar as lágrimas do companheiro que foi vitima dum infortúnio.
- Cabe a cada um ser manso, no sentido de ser cordial, afável, amoroso, compreensivo.
- Cabe a cada um, tendo fome e sede de justiça, saber que pode contar com uma sociedade justa.
Por isso:
- Felizes os que misericordiosos, por saberem que que a alcançarão dos outros e de Deus que se faz presente os que a usam para bem do próximo.
- Felizes os puros de coração, porque no cumprimento de regras básicas do comportamento humano estão e vivem face a face com Deus que lhe inspira boas acções.
- Felizes os pacificadores, porque vivendo centrados com o bem estar dos outros - conforme Deus quer - podem ser chamados com todo o direito filhos de Deus.~
- Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque sofrendo-a por amor dos seus irmãos são herdeiros de Deus.
E, finamente, o Orador do Sermão da Montanha - que era Deus que falava - sabendo o que lhe a acontecer, num certo dia, pela ingratidão dos homens, rematou: Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.
Tudo isto dá que pensar.
Jesus veio e falou desta maneira... e, no entanto, como está o nosso Mundo?
Continuamos a assistir aos mais fortes, no poder, podendo não ser os mais sábios, donde se conclui que algo está errado na nossa sociedade e, no entanto, as Bem-Aventuranças não foi um discurso para se continuar a proteger a iniquidade, e muito menos, foi uma promessa para continuar a proteger - acima dos outros - o meu direito à felicidade egoísta, pelo que nunca é demais que a sociedade em geral as tomem a sério, para que os homens - todos eles - sejam pobres de espírito perante Deus e olhem com mais brandura e justiça para os seus companheiros, tendo um coração de pobres e não de soberbos.
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