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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Os já percorridos 600 anos da conquista de Ceuta e os 347 da sua perda


48 -   ( Tomada de Ceuta por Dom João I )

        Não sofre o peito forte, usado à guerra,
        Não ter amigo já a quem faça dano;
        E assim não tendo a quem vencer na terra,
        Vai cometer as ondas do Oceano.
        Este é o primeiro Rei que se desterra
        Da Pátria, por fazer que o Africano
        Conheça, pelas armas, quanto excede
        A lei de Cristo à lei de Mafamede.

  in, Canto IV
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E já lá vão 600 anos. perfilados, exactamente, no passado dia 24 de Agosto de 2015.

Ceuta foi a primeira conquista das terras africanas feita pelos portugueses, pelo facto deste importante território mourisco sujeito à lei de Mafamede gozar da sua posição estratégica por se situar bem perto do Estreito de Gibraltar, na confluência do oceanos Atlântico e Mar Mediterrâneo.


Conta-se que a armada levou embarcados 2000 homens, e entre eles o rei D. João I, o príncipe D. Duarte que veio a ser rei, os infantes D. Pedro e D. Henrinque e o condestável D. Nuno Àlvares Pereira - hoje Santo - que para acompanhar aquela jornada guerreira interrompeu o recolhimento do Convento do Carmo, tendo como se sabe a vitória recaído sob o poder das armas de Portugal que de regresso a Lisboa, ali deixaram como seu representante o conde de Viana, D. Pedro de Meneses.

Ceuta, de facto, permitiu com mais segurança, que Portugal se aventurasse costa africana abaixo até dobrar o Cabo das Tormentas e chegar à Índia, tendo mantido a administração portuguesa mesmo sob a dominação filipina, mas aquando da Restauração da independência em 1640, o território ao não ter prestado vassalagem ao Duque de Bragança, D. João IV como rei de Portugal, ficou sob o domínio de Espanha, tendo a sua situação sido oficializada com o Tratado de Lisboa em 1668, que pôs fim à Guerra da Restauração.

E assim perdemos Ceuta para sempre.

O território, é hoje uma cidade autónoma do reino de Espanha, pelo facto deste território pertencer a Espanha antes da existência do reino marroquino, apesar da contestação existente, pelo que, ao lembrar os 600 anos deste facto histórico, o que nos levou a recordá-lo é que, se de muito serviu a conquista de Ceuta para a expansão de Portugal em terras africanas, e termos levado as nossas naus até tão longe, ao olhar para esta passado, fica-nos a tristeza de nada nos valer nos tempos que correm - salvando a língua que ali deixámos - o reconhecimento dos feitos que Luís de Camões imortalizou.


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