O guindaste Titan
in. Revista "Occidente" de 1 de Março de 1886
Desenhado pela pena de um ilustre colaborador da Revista "Occidente" esta revista publicou com o pormenor que o guindaste Titan - uma máquina prodigiosa para aquele tempo - suscitou.
Diz assim o relato:
Diz assim o relato:
É uma verdadeira monstruosidade, um dos grandes
arrojos da mecânica moderna, o imenso guindaste
que está funcionando nas obras do porto de Leixões e que se destina a colocar
blocos artificiais do peso de 50 toneladas no fundo do mar, para a construção
dos molhes.
O ilustre publicista
o sr. Oliveira Martins, falando deste poderoso aparelho, comparou-o à torre dos
Clérigos, deitada de costas.
Efectivamente, nada mais imponente do que ver esta máquina
a extraordinária deslisar serenamente pelos carris em que assenta, girar em
todas as direcções com a maior facilidade, erguer sern o menor esforço
pesadíssimas massas e ir submergi-las no fundo do oceano.
Para melhor se avaliarem as dimensões e estrutura do
Titan, que o Occidente hoje reproduz em gravura, damos aqui as seguintes
minudências:
O grande braço mede de comprimento 68,75m, dividundo-se
para a frente em 46 metros e para a rectaguarda ou culatra em 22,75m. O contrapeso
nesta última pane é forrmada por um maciço de alvenaria. A altura do braço no
centro, é de 5 metros e meio, na culatra, de 3 metros e na extremidade oposta
de 80 centímetros.
Esse braço repousa sobre uma torre assente num plano
circular, ao qual imprimem o movimento circular 16 rodas de aço, agrupadas
quatro a quatro. Pelo centro de um veio que liga o braço à torre, passa o eixo
vertical que dá movimento ao aparelho de translação do guindaste. O plano
circular tem 9,20m de diâmetro.
Toda a parte superior do guindaste assenta sobre duas
paredes paralelas apoiadas em 32 rodas, colocadas em dois grupos de oito rodas
de cada lado, as quais giram em quatro carris de aço, separados cada par por
uma entrevia de 8,70m.
No cimo do braço, parta o lado da culatra, estão as
caldeiras de vapor da força de 50 cavalos, bem como uma máquina que comanda
todo o mecanismo do Titan. Um só homem, movendo as alavancas põe em acção todos
os membros do imenso aparelho.
O peso total do guindaste é de 450 toneladas de ferro
e o braço tem força para pegar em 50 toneladas até 27 metros do centro da trave
e em 15 toneladas até 47 metros.
O tempo gasto em cada operação é de 16 minutos e 20
segundos, divididos do seguinte modo: 30 segundos para erguer um bloco de 50
toneladas a 20 entimetros acima do solo; 550 para o descer à profundidade de 8
metros; 250 para subir de novo a cadeia e aparelho de suspensão: 150 para
engate e desengate.
Informa a Revista "Occidente" que esta máquina que assombrava que a via trabalhar foi fabricada nas oficinas
Fives, um famoso Grupo Industrial sediado em Lille, em França, ainda hoje existente.
Titan (ou Saturno VI) é a maior lua de Saturno.
Pela sua densidade foi a este fenómeno atmosférico que os fabricantes franceses desta máquina recorreram para lhe dar o nome, não só pelo facto dela girar rotativamente, como ele faz à volta do planeta Saturno, mas pela densidade da sua sólida construção metálica.
Esta máquina revela, como desde sempre, o homem se tem esforçado pelo domínio das coisas, cumprindo, aliás, um mandato do Criador que para tanto colocou ao seu dispor os materiais naturais, que ontem como hoje continuam a dar resposta à sua ânsia de saber e de projectar sobre a matéria inanimada a força do seu espírito e o génio da sua inteligência.
Ficamos assim a saber que no fundo do Porto de Leixões estão colocados maçiços de 50 toneladas que a Titan proporcionou que ali fossem lançados, assegurando, a segurança do cais de então e, possivelmente, ainda hoje, a beneficiar dos trabalhos então realizados por esta máquina prodigiosa que Oliveira Martins não se esqueceu de a lembrar como a Torre dos Clérigos deitada de costas, tal era a sua envergadura.
Ficamos assim a saber que no fundo do Porto de Leixões estão colocados maçiços de 50 toneladas que a Titan proporcionou que ali fossem lançados, assegurando, a segurança do cais de então e, possivelmente, ainda hoje, a beneficiar dos trabalhos então realizados por esta máquina prodigiosa que Oliveira Martins não se esqueceu de a lembrar como a Torre dos Clérigos deitada de costas, tal era a sua envergadura.
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