Ouve-se dizer, amiúde, que os jovens de hoje são "cabeças de vento", quando, afinal, o que se passa é essas tais "cabeças" serem os adultos - muitas vezes, os próprios pais pela vida desregrada que levam, enquanto eles caminham para ser mais consequentes nas suas opções de vida, não encontrando, na sociedade, no seu todo, condições para poderem escolher conscientemente os seus caminhos.
Vai longe - felizmente - o tempo da jovem submissa que aceitava o esposo que lhe era imposto pelo compadrio familiar e, de um modo geral, de todas as condições a que era submetida por um destino cruel,
É evidente que a nova situação precisa de solidificar-se e, não raro, aqui e ali, tem-se cometido exageros e, até, perfeitos absurdos comportamentais, mas o amor como zénite ou horizonte maior não deixa de morar no coração dos jovens, continuando a ser a pedra preciosa de que eles - salvo as excepções que sempre acontecem - de que eles não prescindem para embelezar a vida.
O problema reside nos adultos, pelo que se torna urgente mudar as mentalidades.
Não há moral que resista ao espectáculo degradante da procura em primeiro lugar do "ter" e, depois - mas distância longínquas do pensamento - a necessidade social de "ser", que é o que está faltando no equilíbrio que os deve nortear e, com ele, vivo e actuante, serem testemunho para os jovens.
Eis, porque, as "cabeças de vento" andam por aí, à mostra demais na sociedade materializada que estamos a construir e que tendo libertado os jovens para sua comodidade pessoal não lhes têm dado como mereciam condições de "ser", que dito deste modo seco, pode parecer um conceito onde falta o sentido que de facto existe.
Efectivamente, o "ser" só ganha sentido, quando na interrogação do Universo se encontra a transcendência do humano, pelo que é preciso - e urgente - que os adultos e a sociedade no seu todo, se voltem para os jovens, mostrando-lhes que a vida é uma aventura que tem duas conquistas: a material e a espiritual, pelo que Deus não pode ser ignorado, como se o facto de "existir" se bastasse por si mesmo até ao mergulho no nada que é a morte.
Donde, a matéria sem o acompanhamento espiritual o que faz acontecer são "cabeças de vento" que vivem a caminho da finitude da vida transformada em nada, quando se deve viver para nos libertármos desse nada e emitarmos como diz o Poeta, "os que se vão da morte libertando"
E para aqui que caminhamos. Todos, sem excepção.
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