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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A economia aumenta. O desemprego desce.


http://económico.sapo.pt - de 31 de Agosto de 2015,
com a devida vénia 

Diz o INE que é assim: A economia está acrescer e o desemprego a diminuir e o "Económico" faz eco desta boa notícia, que parecem ser más para uma esquerda atabalhoada com os números oficiais duma entidade independente de quem governa o País e o que devia ser motivo de contentamento para todos os portugueses, causa engulhos a formações políticas "do quanto pior, melhor", pelo que não se entende o que querem.

Faria bem o PS congratular-se e dar os parabéns - não ao Governo que era uma impossibilidade contra-natura - mas aos patrões portugueses que têm sabido erguer-se do atoleiro.


Palácio da Pena: Um poema na Serra de Sintra!



 Palácio da Pena - Sintra - Portugal
Gravura publicada pela Revista "Occidente"
de 11 de Janeiro de 1886



Relata esta Revista do século XIX, um facto curioso.
Diz assim:

Numa  formosa tarde de fins de Agosto de 1499, via-se no ponto mais elevado da serra de Sintra, denominado a Cruz Alta, um homem de mediana estatura, fidalgamente vestido e que não desprendia os olhos da vastidão do Oceano, que vinha estender as suas vaga por sobre a praia das Maçãs, ou elevá-las pelos rochedos da costa como se lhe não bastasse para as conter a grandeza dos mares.

A fixidez desse homem cada vez era mais firme procurando enxergar na distância alguma coisa que lhe despertava uma curiosidade interesseira.
Esse homem era el-Rei D. Manuel que por muitos dias ali tinha ido àquele mesmo sítio ver se descobria a grande frota que esperava da India, com Vasco da Gama, e com tal empenho ele procurava ser o primeiro a saber a grande nova que, efectivamente, descobrriu naquela tarde, na penumbra da distância, os topes das naus portuguesas que voltavam da aventurosa viagem, em que se tinham descoberto mundos novos pelo esforço e valor do primeiro navegador português, o glorioso Vasco da Gama.

Depois de D. Manuel ter reconhecido os seus navios, desceu da eminência da Cruz Alta e veio render graças a Deus no convento dos frades Jerónimos, por ele fundado no alto da serra em 1503.
Eis a razão porque o Palácio da Pena nos traz à memória este facto histórico da chegada de Vasco da Gama a Lisboa de regresso da sua primeira viagem à Índia.

Vê-se mais por isto que Sintra já então era considerada como um dos mais belos lugares de Portugal e que aqueles penedos sobrepostos uns sobre os outros a envoverem-se nas núvens, tinham a mesma atracção que hoje nos impele a galgarmos aquela eminência, ora para visitarmos o Castelo dos Mouros e nos sentarmos nas suas ameias denegridas e musgosas a contemplar a grandeza do mar ou a vastidão das campinas com os seus povoados, ora para nos extasiarmos no formosos parque da Pena e bebermos a deliciosa água da fonte dos Passarinhos, isto quando não temos a ventura de entramos no Palácio e vermos de perto as belezas que ele encerra.

O primeiro edifício mandado fazer por el- Rei D. Manuel, era apenas de madeira, porque a rigidez do solo não se prestava facilmente a obra mais sólida, mas o rei tanto se agradou do sítio e a sua munificência não se acomodava a obra tão singela, que em 1511 mandou evantar nova fábrica de pedra e cal, e para isso dispenderam-se então grandes somas, principalmente nos aicerces e terraplanagens a que se procederam no topo da serra.
Calcula-se em cerca de 30.000 cruzados o que se gastou, quantia que, para a época se pode considerar fabulosa.

O convento foi dedicado a Nossa Senhora da Pena e daí provém o nome que ficou depois de extinto o convento e secularizado para habitação profana.
Foi este convento meio arruinado e deserto que el-Rei D. Fernando transformou no mais rico Palácio feudal e na habitação mais invejável.


Ficamos assim a saber que toda a beleza deste Palácio que torna Sintra e toda a sua região um marco turístico de Portugal em todo o Mundo, nasceu naquela tarde muito distante que levou até ao cimo da serra de Sintra o rei D. Manuel I, que se enamorou do lugar, tal como veio a acontecer no século XIX com Lord Byron - que não tendo gostado dos portugueses - se sentiu atraido pelas belezas de Sintra, que apelidou de éden e à qual dedicou alguns versos do seu extenso poema "Childe Harold's Pilgrimage" 

"Eis que em vários labirintos de montes e vales
surge o glorioso Eden de Sintra.
Ai de mim! Que pena ou que pincel
logrará jamais dizer a metade sequer
das belezas destas vistas (...)?"

Sintra que tem no Palácio da Pena o ex-libris maior da sua notoriedade não escapou à pena de poetas, como é um exemplo este soneto de Afonso Lopes Vieira:


 "Serra de Sintra, em ti se iam pousando
Os olhos dos mareantes que abalavam,
E só por fim ao longe adivinhavam
A pátria entre neblinas ondeando.

 Pedras sagradas, foi-vos desgastando
O olhar de tantos olhos que choravam;
Fostes o adeus de todos que ficavam,
E a saudade dos outros, navegando.

 Em ti, serra marítima e da Lua
Paira a Saudade como a maresia,
Mágoa de amor tão alta e tão serena.

 E quem depois voltava à pátria sua,
Ao mesmo tempo lá das ondas via
Terra de Portugal e sua pena..."


Na peugada de Lord Byron,  William Beckford, no seu "Diário de Portugal e Espanha" descreve assim o "èden" do seu compatriota:

''Todos os caminhos vão dar a Sintra. O viajante já escolheu o seu. Dará a volta por Azenhas do Mar e Praia das Maçãs, espreitará primeiro as casas que descem a arriba em cascata, depois o areal batido pelas ondas do largo, mas confessa ter olhado tudo isto um pouco desatento, como se sentisse a presença da serra atrás de si e lhe ouvisse perguntar por cima do ombro: “Então, que demora é essa?” Pergunta igual há-de ter feito o outro paraíso quando o Criador andava entretido a juntar barro para lazer Adão. [..]

É ilimitada a perspectiva que se desfruta deste monte em forma de pirâmide: os olhos, baixando, dilatam-se pela imensa extensão das águas do vasto e infinito Atlântico. Uma longa série de nuvens soltas, duma alvura deslumbrante, suspensas a pouca altura do mar, produziam um efeito mágico, e nos tempos do paganismo tomá-las-iam, sem grande esforço de fantasia, pelos carros das divindades marinhas, que acabavam de surgir do seio do seu elemento. [...] A fresca brisa, impregnada do perfume de inúmeras
ervas e flores aromáticas, parecia infundir um novo alento nas minhas veias, e um quase irresistível desejo de me prostrar por terra e adorar neste vasto templo da Natureza a origem e a causada vida. […] Esta manhã, a grande suavidade da luz do sol, e a atmosfera serena e perfumada infundiam no espírito aquela voluptuosa indiferença, aquele desejo de ficar como num paraíso, nessa manhã de delicias, que nas ficções da fábula se supunha fazia esquecer aos que provavam o lótos a pátria, os amigos e todos os laços terrenos. Era isso que eu sentia, e tornara-se-me odiosa a ideia de me arrancar dali. ''


Na Cruz Alta, entalhado numa pedra existe uma placa com um soneto de Francisco Costa, que julgamos ser natural de Sintra
  

"Longe das ondas turvas da maldade,
Sobre este cume, entre rochedos nus,
És bem o extremo apoio que Jesus
Legou, por sua morte, à humanidade.

Vai bem à tua simples majestade
Este lugar que te foi dado, ó cruz,
Pois neste cimo é mais intensa a luz
E é mais intensa e bela a tempestade.

Feriu-te um dia o raio e, certamente,
Mais d’uma alma estranhou, irreverente,
Que o céu visasse o que une o céu à terra.

Mas eu sei bem que tu é que atraíste
A cólera do espaço, e assim cobriste
Com dois pequenos braços, toda a serra."


Há nesta poesia de cariz cristão um agradecimento a Jesus e como o Poeta usa de uma liberdade literária que só a ele é concedida, Francisco Costa apresenta-nos Jesus como tendo atraído a si o raio do Céu para que, na Cruz Alta abarcasse toda a serra, cobrindo com o seu influxo espiritual os verdes das matas e o Palácio da Pena, que sendo por si só, um poema da serra da Sintra, tem inspirado muitas gerações de artistas da pena que em verso ou prosa têm exaltado todo o encanto que nasceu, um dia, numa tarde formosa do mês de Agosto de 1499, como relata a Revista "Occidente" que serviu de embalo para este apontamento histórico, sob todos os aspectos.



domingo, 30 de agosto de 2015

A Basílica da Estrela.



Basílica da Estela
Gravura publicada pela Revista "Occidente" 
de 21 de Janeiro de 1886



A Revista "Occidente", depois de ter dado conta aos leitores da sua época que as a celebração das exéquias oficiais por alma de el-Rei D. Fernando (marido da Rainha D. Maria II), relata do seguinte modo este famoso monumento religioso, dos mais emblemáticos da cidade de Lisboa (de acordo com a grafia actual, anterior ao Acordo Ortográfico, que jamais utilizarei.):

O convento da Estrela, assim denominado por ser edificado no largo onde já existia o pequeno convento dedicado a Nossa Senhora da Estrela, hoje hospital militar, foi mandado construir pela rainha D. Maria I, com a dedicação de Basílica do Coração de Jesus, em cumprimento de um voto feito pela piedosa rainha, para que Deus lhe desse um sucessor à coroa.
O cumprimento desse voto custou a importante soma de 6:400 contos, que não se pode dizer em absoluto que foram mal empregados, visto que se tratava de levantar um templo à Divindade, pode-se contudo, afirmar, que a soma despendida está longe de corresponder à perfeição do edifício, que aliás é bem defeituoso e apoucado para fabrica tão dispendiosa.

Tanto se convenceu disso o seu próprio autor, Mateus Vicente, que morreu de desgosto antes do edifício se concluir.
A Mateus Vicente sucedeu na direcção da obra o major Reynaldo Manuel, ambos discípulos da Escola de Mafra.
O edifício ergue-se num dos pontos mais elevados de Lisboa, tendo na su frente o jardim público da Estrela. O seu aspecto exterior é majestoso, dando ideia de um vasto templo interior. Na frente do edifício estende-se um espaçoso adro com dois lanços de de degraus de pedra. Três portas de volta redonda dão entrada para o vestíbulo e outras duas, abertas uma de cada lado destas, dão serventia para o convento. Entre as três portas da entrada principal há, de cada lado, duas colunas com seus capitéis jónicos sustentando  os pedestais de quatro grandes estátuas de pedra representando a Fé, a Adoração, a Liberdade e a Gratidão; em baixo e aos lados, em nichos vasados na parede há outras quatro estátuas representando Santos da Ordem de Santa Teresa, que era o Ordem do convento.

As duas torres que se erguem dos lados da frontaria são elegantes e custosamente arquitectadas como se pode ver pela gravura. Estas torres têm onze sinos e um grande relógio cujo sino pesa 4,125 kilogramas.
Na parte superior do edifício avulta o zimbório de forma circular, que é sem dúvida a peça mais bela deste monumento.
Este zimbório fica sobre o cruzeiro da Igreja e constitui a sua principal luz, porquanto as janelas da Igreja abertas por sobre as capelas laterais, pouca luz fornecem ao Templo, em consequência da enorme grossura das paredes do mesmo.

Pela parte interior do zimbório correm duas varandas em frente das duas ordens de janelas que o circundam, uma no primeiro corpo do zimbório e outra no segundo ou lanternim.
É fácil de calcuar o vasto panorama que destas janelas se avista porque além do zimbório estar a uma altura superior a 50 metrs do solo, acontece que este solo é, como já dissemos, um dos pontos mais altos de Lisboa.
Interiormente a Igreja é também rica de arquitectura, principiando pelo vestíbulo onde há mais estátuas de santos esculpidas em pedra; mas não é bela por estranhamente acanhada ao relação ao exterior e até desproporcionada na sua divisão, que forma uma cruz perfeita e por isso mesmo , muito estreita no corpo de Igreja e muito acanhadas, o cruzeiro e a capela-mór.
É toda de mármore, incluindo o tecto abobadado. Tem quatro altares por banda, fora os dos cruzeiro e capela-mór.

Dois formosos grupos de anjos cinzelados em mármore estão por sobre os altares do cruzeiro; um outro grupo também magnífico está por sobre o altar-mór.
Estas esculturas assim como as estátuas que estão no vestíbulo e frontaria, são obra do escultor Machado de Castro e seus discípulos.
Há cerca de quatro meses morreu a última freira que lá havia, e em cumprimento do decreto que extinguiu os ordens religiosas, foi o convento desocupado e o Estado tomou conta dele.
Não se sabe por enquanto que destino terá este monumento religioso, que é ao mesmo tempo um monumento nacional e que exprime o estado das artes portuguesas num determinado período, pois que tudo foi delineado e executado por artistas nacionais. Entretanto será pena, se no destino que o Governo lhe der, não levar em vista a sua conservação, como monumento nacional que é.
Na capela-mór do lado da epístola está metido em um arco da parede o mausoléu que guarda os restos mortais de D. Maria I, fundadora deste convento.



Fala-se aqui num acto de usurpação que o Estado fez deste e outros monumentos nacionais, mercê da lei iníqua de Joaquim António de Aguiar de 30 de Maio de 1834, que não só extinguiu todos os conventos, como mosteiros, colégios, hospícios e todas as casas das ordens religiosas regulares, com o confisco dos bens a favor da Fazenda Nacional.

O "mata-frades", acérrimo defendor do "Iluminismo" e maçon assumido, como refere o livro "Benfica Através dos Tempos" do Padre-Historiador, Álvaro Proença, na página 482 foi , contudo, membro da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, de Benfica - Lisboa - acrescentando o autor daquele livro que se viveu numa era de "mistura e confusão" com o Liberalismo maçónico triunfante.

Vale isto por dizer que o belo e característico monumento do campo da Estrela, não escapou à sanha confiscadora que tomou de assalto a Monarquia Constitucional, onde na confusão do tempo se misturaram ideais opostos - como os defendidos por Joaquim António de Aguiar a gerir os negócios do Estado, quando na vida civil se enquadrava com a Igreja - a quem usurpou as casas religiosas, tendo como fito e como diz o povo, viver "com Deus e com o Diabo", o que não deixa de ser uma incoerência inadmissível.

Tudo, porém, se aclarou com a devolução à Igreja - em épocas distintas - dos bens de que haviam sido esbulhadas, pelo que, se aproveitou à vaidade jacobina o que sucedeu em 1834, um outro tempo, mais tolerante - e menos "iluminado" - restituiu o que havia sido perdido, como aconteceu com este célebre e lindo edifício religioso num tempo que se foi eivado de algum poder temporal da Igreja - desmedido quanto à sua função religiosa - esta, mercê de homens ordenados e Papas mais comprometidos com os destinos sociais dos povos, encontraram maneira, como hoje acontece, de recolocar a Igreja no papel que lhe cabe de ser testemunha dos desígnios de Deus sobre o mundo criado.


Uma história intemporal.



Gravura publicada pelo Jornal "O Zé" 
de 14 de Maio de 1912


Como se vê, olhando a gravura, chega-se à "Taberna da Intrujice" pela "Rua do Progresso", o que parece uma anomalia,  porque o progresso exige a rua larga que só pode haver com o trabalho profícuo que cabe a todos fazer sem intrujices, porque o progresso não pode admitir mutilações da verdade.

Um dia, constou à Pátria (prefigurada na imagem de vermelho vestida) que num dado local da cidade, na tal "Taberna da Intrujice" era costume reunirem-se personagens cujo fim era dizer mal de tudo quanto viam fazer a nível político, acabando toda a discussão sem proveito para ninguém, a começar por eles
Ou, seja, reunidos da "Taberna da Intrujice" todos falavam acalorados e isto, depois, tinha sérias consequências quando era preciso resolver as questões sérias da "res-pública", que eles não ajudavam a fazer.

A Pátria - pessoa de bem - com alguma vergonha daquele local, num certo dia deslocou-se para chamar à razão os que só viam até onde onde acabava o seu umbigo - esquecendo-a - tirou-se do sério e vai daí, depois de lhes pregar um "sermão", apontou um facto, que isto de pregar sem ter na mira a realidade das coisas não era de bom tom para a Pátria.

E assim, disse o seguinte:

Alguns de vós, que eu conheço muito bem, entendem que esta rua acanhada que conduz à "TABERNA DA INTRUJICE" se deve chamar "RUA DO PROGRESSO", e até já lhe deram o nome há muito tempo, só que do dizer ao fazer vai uma grande distância - e eu exijo - que faleis menos e façais mais obras, como esta, de alargar a rua para que o progresso possa entra por um espaço mais largo e não por este espaço estreito indigno da Pátria que sou!

Acaba a história por concluir que mais sisudos deixaram a "Taberna da Intrujice" e tendo passado a ajudar o diálogo fizeram com que aquela rua fosse alargada e o PROGRESSO entrasse por ela e de tal modo, que por ser anómala para local tão digno a "Taberna da Intrujice" se viu forçada a ter vida nova.

Apenas um comentário:

Como a gravura sugere, por detrás de todas as querelas há sempre um SOL radioso que nasce com o desejo de chegar ao alto e ser para todos!

sábado, 29 de agosto de 2015

A reposição do feriado de 1 de Dezembro é uma imposição nacional


Monumento à Independência de Portugal - Praça dos Restauradores. Lisboa
Gravura publicada pela Revista "Occidente"
de 1 de Maio de 1886


O monumento à independência nacional de 1640 foi inaugurado no dia 29 de Abril de 1886 e, logo, no mês seguinte a célebre Revista "Occidente" trouxe a público uma esmerada notícia sobre tão magno acontecimento e onde podemos ler o seguinte, de acordo com a grafia actual:

Para levantar o monumento que acaba de ser inaugurado, abriu a Comissão Central 1º de Dezembro de 1640 um concurso para o projecto do monumento, mas sem resultado prático, porque os projectos apresentados não satisfazeram.
Encarregou então o professor da Academia de Belas Artes de Lisboa, sr. António Thomaz da Fonseca, de elaborar o referido projecto e o distinto professor, de tal arte se houve que conseguiu apresentar um projecto que satisfez com pequenas modificações a comissão técnica, para esse fim nomeada e composta dos sócios os srs. Augusto Xavier Palmeirim, João Maria Feijó e Miguel Baptista Maciel.

Aprovado o modelo em sessão de 7 de Julho de 1877, foi depois em 4 do mês seguinte resolvida a sua construção, assim como o de ser dada por empreitada ao sr. Sérgio Augusto de Barros, contratando por escritura pública a construção do monumento, ma parte respeitante ao trabalho de pedra e erecção pela quantia de 22.000$000.

Para fazer face a esta despesa e às mais que o monumento exigia para a sua completa conclusão (acabaria por custar 45.000$000) recorreu a Comissão  à subscrição pública em Portugal e Brasil, sendo a subscrição dos nossos irmãos do Brasil a mais avultada, para que muito influiu o digno vogal da Comissão, o Ex.mo sr. Visconde de Sanches de Baena, especialmente no Rio de Janeiro e o Ex.mo sr. Comendador Francisco Lourenço da Fonseca em outras terras do Império.

O monumento compõe-se de um envasamento de 4,70 metros, de um pedestal com 6,90 metros, altico de 3,20 metros e o obelisco de 14,60 metros, dando um total de altura de próximo de 30 metros.
O aspecto geral do monumento é harmonioso e agradável. A sua execução é primorosa na parte que respeita ao trabalho de canteiro e de escultura em pedra, devendo-se especializar-se as quatro coroas de louro entrelançadas com palmas que assentam nos quatro ângulos do pedestal e os dois troféus colocados nas faces do altico que olham para este e oeste.

As estátuas que assentam sobre o pedestal, nas faces norte e sul do monumento, são verdadeiramente grandiosas e honram os escultores que as produziam, porque são duas esculturas de primeira ordem, tanto no nosso País como em qualquer outro que se apresentassem.
Estas estátuas representam a Independência e o Génio da Vitória e são obra dos escultores srs. Alberto Nunes e Simões de Almeida.


O Génio da Independência


O Génio da Vitória


Por tudo isto, agora que Portugal - de outro modo - ganhou uma nova independência, estando livre da "troika" que vasculhou trimestralmente durante três anos o resgate do empréstimo a que nos vimos sujeitos e tendo em atenção o amor patriótico com que este célebre monumento da Praça dos Restauradores, em Lisboa, foi feito, pede-se que seja reposto no calendário dos feriados nacionais o dia 1º de Dezembro.

Valeu?

Um pouco menos de descaramento!



in, Jornal online "Observador"


A campanha eleitoral - a começar pela pré-campanha já em movimento -  tira o bom senso, todos o sabemos e esta distorção mental é comum, mas ao ouvir Ferro Rodrigues meter debaixo do tapete a opinião de António Costa quando o Syriza ganhou as eleições na Grécia, em Janeiro de 2015 - portanto num tempo bem recente - de que aquela vitória da euforia e irresponsabilidade da estrema-esquerda, dava forças "para seguir na mesma linha", vir agora dizer-se que a "posição do PS nada tem a ver com a posição do Syriza desde o princípio" sendo que foi no princípio - logo a seguir às eleições que António Costa achou bem dizer o que disse - é tentar branquear aquela infeliz asserção.

Mas... não se viu logo que a estratégia do Syriza foi "suicidária"?
Porquê, então "seguir na mesma linha"?

Exige-se, por isso, mais compostura e mais respeito pela inteligência dos portugueses!
Exige-se, por isso, um pouco menos de descaramento!

Será ressentimento?




in, Jornal online "Observador"


Esta ilustre senhora que muito admirei, perdeu toda a minha estima política de cidadão atento ao que se passa na vida política, quando, no exercício de comentadora de um programa de uma das televisões privadas emite opiniões - muitas delas em desfavor do seu próprio partido (PSD) - de que foi uma figura proeminente, como Secretária de Estado do Orçamento, Ministra da Educação, Ministra de Estado e das Finanças e de permeio Vive-Presidente da bancada parlamentar do PSD

Não nego que os seus comentários são feitos no exercício pleno da sua conduta política e independência cultural, mas o que tem ressaltado para grande parte da opinião pública é que tal facto não tem abonado a seu favor, a ponto de António Costa - na manha política que o caracteriza e não se lhe pode levar a mal, por tal facto fazer parte do "jogo político" em vésperas de eleições - se ter agarrado à postura desta ex-responsável maior do PSD e bem recente, para admitir que há "uma identidade muito significativa" com Manuela Ferreira Leite.

Isto agravou o meu azedume, porque cheguei à conclusão - e, penso, quem o queira fazer - que Manuela Ferreira Leite, como diz o povo, tem andado a dar tiros nos pés.

Será ressentimento... mas não foi ela que excluiu Pedro Passos Coelho das listas eleitorais, retirando-o de cabeça de lista do PSD por Vila Real conforme atesta o relato da Rádio Brigantia de 4 de Agosto de 2009?

Eis o texto que se reproduz, com a devida vénia:


Pedro Passos Coelho já não vai ser o cabeça de lista pelo PSD de Vila Real às eleições legislativas.
A presidente do partido comunicou hoje à comissão política distrital que não aceita a inclusão de Pedro Passos Coelho na lista de candidatos a deputados.
O nome indicado pela estrutura partidária do distrito foi candidato à presidência do partido, perdendo a liderança para Manuela Ferreira Leite.
O actual presidente da assembleia municipal de Vila Real encabeçava a lista de candidatos pelo PSD às eleições de 27 de Setembro, mas os nomes indicados pelas distritais estão sujeitos à aprovação da comissão política nacional, que tem o direito de vetar ou incluir outros candidatos.
Foi o que aconteceu neste caso.
A presidente do PSD não aceitou que Pedro Passos Coelho fosse o primeiro da lista.

São birras, não é? - Pois é... mas na vida civil como na vida política que semeia ventos colhe tempestades.


E diga-se a verdade: esta senhora de que fui um incondicional seguidor político defraudou o meu sentimento de cidadão comum e ignorado, mas que não passa ao lado destas coisas menos positivas da vida política que gostava de ver mais dignificada.

Lamento ter esta opinião sobre Manuela Ferreira Leite, que sem o querer - acredito - deu aso a António Costa para se servir das suas atitudes para a meter na campanha política, atirando o seu nome contra o seu próprio Partido, o PSD que serviu com o esmero e postura responsável e, isso, não o nego e respeito...

Mas é daí que nasce o meu desencanto!


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Não há "castelos no ar"!


Castelo dos mouros em Sintra


Não há "castelos no ar"!
E não existem de duas maneiras:

Ou seja, não podem haver projectos utópicos e irrealizáveis, como infelizmente, na nossa política caseira pós-25 de Abril, alguns "casteleiros" pensaram ser possível, ao ponto de terem levado uma parte do povo a acreditar na sua verborreia manhosa e, por isso, é que tantos desses "castelos" se construíram, uns na mente dos que acreditaram nos falsos construtores, e outros que se construiram e agora por assentar em locais que não lhes permitem mostrar a sua necessidade, não tarda, serão abatidos, como é o caso de alguns estádios de futebol.

Por outro lado, "não há castelos no ar" quando se arquitectam mentalmente, destinos impossíveis de alcançar - um facto comum por demais na juventude - quando no ardor desculpável e até compreendido se forjam na bigorna do ferreiro em que mais ou menos, nesta idade, se arranja na oficina improvisada do pensamento, sonhos de vida que podem constituir percalços dolorosos se não forem devidamente caldeados, e assim criadores de desilusões que acarretam no futuro desesperanças, senão abandonos de carreiras e faltas de força humana para contornar os sonhos perdidos que não houve maneira de lhes dar forma na tal bigorna do ferreiro que se julgava haver no pensamento, quando, afinal, apenas existia na imaginação exaltada que via cor de rosa um mundo em frente, mas sem lhe conhecer a porta de entrada que era larga no sonho e apertada - ou inexistente - na realidade.

Disse François Mauriac que "É barato construir castelos no ar e bem cara a sua destruição" e falou verdade, porque se é caro destruir a obra feita e desnecessária, mais caro é - não tendo preço - destruir sonhos falsamente elaborados porque a sua liquidação é, muitas vezes, a derrota que vai acompanhar pela vida fora o homem.

É certo que o Poeta Fernando Pessoa, disse: "Deus quer, o Homem sonha e a obra nasce." , mas atenção ao pormenor importantíssimo de Pessoa ter começado por dizer: "Deus quer", ou seja, todos os sonhos do homem ou começam por ser aferidos na balança de Deus ou - caso contrário - estão sujeitos ao fracasso, se atentarmos que na base do sonho - seja ele qual seja - tem de estar o AMOR como força inspiradora, se atentarmos e para citar um outro homem de génio, quando ele disse: "Para fazer uma obra de arte não basta ter talento; não basta ter força; é preciso também viver um grande amor".  (Mozart).

Efectivamente, não há "castelos no ar" se lhes falta o mais importante: O AMOR, algo que não existiu nos estádios de futebol que hoje estão quase ao abandono - porque aqui o que houve foi VAIDADE - e, porque é o AMOR que comanda a vida, todos os sonhos da juventude que não tenham o AMOR como mola propulsora, arriscam-se a ser "castelos no ar".

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Já não há paciência!



A encruzilhada em que estamos metidos não consente mais aventuras.
Todos os caminhos estão cheios de pedras...


A propósito dos 207.000 mil empregos apregoados, António Costa, perdido nas entrelinhas do seu próprio esforço em prometer o que neste momento é pecado prometer veio, um dia depois sublinhar que "convém não confundir promessas com aquilo que são estimativas dos resultados das promessas", creio que foram estas as palavras.

Temos, assim, que se este senhor ganhar as eleições do dia 4 de Outubro, vamos todos ficar a saber que muitas das promessas feitas nasceram de estimativas incorrectas e que tomando por exemplo a vergonhosa cena dos "cartazes" o PS não se coibirá de pedir desculpas aos portugueses... mas tendo bem agarrado o poder do seu lado.

Afinal, o que os portugueses esperam é que ele cumpra o que um dia disse "que não prometia o que não pudesse cumprir"  e, por isso, que se deixe de estimativas e, também de promessas como estas; porque já não há paciência para as ouvir, venham dele ou doutro qualquer político:
  • Promover o emprego, combater a precariedade. 
  • Resolver o problema de financiamento das empresas. 
  • Aumentar o rendimento disponível das famílias para relançar a economia.
  • Relançar a economia e promover o emprego.
  • Apoiar as PME.
  • Reforçar a internacionalização da economia. 
  • Reforçar a parceria com o sector social.
  • Retomar o crescimento da economia.
  • Reforçar a coesão social.
  • Melhorar a qualidade de vida dos portugueses.
Estamos fartos de loas!

Em relação à dimensão da dívida pública diz o PS que subiu 34 pontos em percentagem do PIB entre 2010 e 2014. Esquece-se de dizer que antes, entre 2004 e 2010, a subida foi de 38 pontos percentuais, passando de 58% para 96% do PIB, com a agravante do PS ter metido "debaixo do tapete" uma parte muito significativa do saldo actual da dívida pública que resulta de sucessivos alargamentos do perímetro de consolidação orçamental, a partir de 2011, que passou a integrar as empresas públicas reclassificadas (EPR). 

 Estes esqueletos socialistas tinham sido varridos porque não convinha mostrá-los.

Estamos fartos de quimeras eleitorais!

Portugal não aguenta mais o discurso do fiel "cumpridor de promesas" pela simples razão que as ideologias morreram e o que Portugal precisa é de homens públicos que não queiram continuar a comprar votos com promessas confundidas com estimativas.

Obras no Porto de Leixões no século XIX


O guindaste Titan
Obras no Porto de Leixões
in. Revista "Occidente" de 1 de Março de 1886


Desenhado pela pena de um ilustre colaborador da Revista "Occidente" esta revista publicou com o pormenor que o guindaste Titan - uma máquina prodigiosa para aquele tempo - suscitou.

Diz assim o relato:

 É uma verdadeira monstruosidade, um dos grandes arrojos da mecânica moderna, o imenso guindaste  que está funcionando nas obras do porto de Leixões e que se destina a colocar blocos artificiais do peso de 50 toneladas no fundo do mar, para a construção dos molhes.

 O ilustre publicista o sr. Oliveira Martins, falando deste poderoso aparelho, comparou-o à torre dos Clérigos, deitada de costas.

Efectivamente, nada mais imponente do que ver esta máquina a extraordinária deslisar serenamente pelos carris em que assenta, girar em todas as direcções com a maior facilidade, erguer sern o menor esforço pesadíssimas massas e ir submergi-las no fundo do oceano.
Para melhor se avaliarem as dimensões e estrutura do Titan, que o Occidente hoje reproduz em gravura, damos aqui as seguintes minudências:

O grande braço mede de comprimento 68,75m, dividundo-se para a frente em 46 metros e para a rectaguarda ou culatra em 22,75m. O contrapeso nesta última pane é forrmada por um maciço de alvenaria. A altura do braço no centro, é de 5 metros e meio, na culatra, de 3 metros e na extremidade oposta de 80 centímetros.

Esse braço repousa sobre uma torre assente num plano circular, ao qual imprimem o movimento circular 16 rodas de aço, agrupadas quatro a quatro. Pelo centro de um veio que liga o braço à torre, passa o eixo vertical que dá movimento ao aparelho de translação do guindaste. O plano circular tem 9,20m de diâmetro.

Toda a parte superior do guindaste assenta sobre duas paredes paralelas apoiadas em 32 rodas, colocadas em dois grupos de oito rodas de cada lado, as quais giram em quatro carris de aço, separados cada par por uma entrevia de 8,70m.

No cimo do braço, parta o lado da culatra, estão as caldeiras de vapor da força de 50 cavalos, bem como uma máquina que comanda todo o mecanismo do Titan. Um só homem, movendo as alavancas põe em acção todos os membros do imenso aparelho.

O peso total do guindaste é de 450 toneladas de ferro e o braço tem força para pegar em 50 toneladas até 27 metros do centro da trave e em 15 toneladas até 47 metros.
O tempo gasto em cada operação é de 16 minutos e 20 segundos, divididos do seguinte modo: 30 segundos para erguer um bloco de 50 toneladas a 20 entimetros acima do solo; 550 para o descer à profundidade de 8 metros; 250 para subir de novo a cadeia e aparelho de suspensão: 150 para engate e desengate.

Informa a Revista "Occidente" que esta máquina que assombrava que a via trabalhar foi fabricada nas oficinas Fives, um famoso Grupo Industrial sediado em  Lille, em França, ainda hoje existente. 


Titan (ou Saturno VI) é a maior lua de Saturno.  
Pela sua densidade foi a este fenómeno atmosférico que os fabricantes franceses desta máquina recorreram para lhe dar o nome, não só pelo facto dela girar rotativamente, como ele faz à volta do planeta Saturno, mas pela densidade da sua sólida construção metálica.

Esta máquina revela, como desde sempre, o homem se tem esforçado pelo domínio das coisas, cumprindo, aliás, um mandato do Criador que para tanto colocou ao seu dispor os materiais naturais, que ontem como hoje continuam a dar resposta à sua ânsia de saber e de projectar sobre a matéria inanimada a força do seu espírito e o génio da sua inteligência.

Ficamos assim a saber que no fundo do Porto de Leixões estão colocados maçiços de 50 toneladas que a Titan proporcionou que ali fossem lançados, assegurando, a segurança do cais de então e, possivelmente, ainda hoje, a beneficiar dos trabalhos então realizados por esta máquina prodigiosa que Oliveira Martins não se esqueceu de a lembrar como a Torre dos Clérigos deitada de costas, tal era a sua envergadura.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A velha Escola Primária da minha aldeia... e tudo o mais!


Ao cimo da ribanceira, hoje tão fácil de subir... 
e antigamente, tão difícil!


Ei-la, restaurada, a velha Escola Primária da minha aldeia serrana, infelizmente, já não para receber alunos, que os não há, mas para constituir nos tempos de hoje uma bela recordação, aparecendo assim aos naturais e forasteiros emoldurada por canteiros de flores e de arbustos por entre a escala coleante feita de pedra: piso e guardas.

Dir-se-á e com todo o sentido que o urbanismo rural passou por aqui, tendo feito da antiga ribanceira - ou barreira como era conhecido o acidente orográfico - a partir da velha fonte dos bois - que já não existem - um caminho seguro que substituiu o antigo carreiro, tendo dos lados o tratamento verde que lhe dá com a beleza das flores, aquilo que a velha Escola Primária foi: um canteiro de jovens - as flores da aldeia - que ali aprenderem as primeiras letras.

Na bela imagem o pinheiro bravo - em profusão - atira as agulhas das suas pernadas para o azul imaculado do céu, cuja cor só assim se encontra na minha aldeia, como se as nossas cabeças merecessem receber naquele lugar encantado o esmalte daquele azul forte a projectar-se sobre a poalha sempre leve duma atmosfera regeneradora de todas as nossas canseiras da cidade, que ali se vencem na calmaria dos horizontes, cujo ar nos chega, leve e puro, peneirado pelo arvoredo, giestas, madressilvas e pelos matos rasteiros por onde se esconde, fugitivo, o coelho bravo.

Uma das minhas queixas é nunca ter frequentado esta velha Escola Primária, porque em menino - tinha 2 anos - o destino arrancou-me deste rincão para me postar na grande cidade, sem contudo, por "obra e graça" dos meus progenitores ter esmorecido em mim o amor pela aldeia onde nasci e, na qual, um dia, mercê da minha colaboração com a Liga de Melhoramentos, ter ajudado a restaurar o edifício degradado onde se ensinaram os primeiros saberes, para o transformar num Museu onde se guardam com esmero e quase religiosidade alguns antigos objectos da faina dos campos, manuseados por quem nos antecedeu no tempo e são para sempre eternamente recordados e chamados - por nossos avós - cujos horizontes de muitos deles foi este Mar de Montanhas que a foto documenta:



Foi a este Mar de Montanhas que num dia de alguma quietude contemplativa dediquei o poema "Bucólico", onde aparecem os bois "lentos e mansos" que eu via, levados pela mão do lavrador até à tina de pedra que está ao fundo da ribanceira que conduz à velha Escola Primária, a chamada "fonte dos bois" de que já se falou.

Tudo, é hoje, é uma imensa saudade que se mistura com a alegria dos novos tempos em que, a minha aldeia renovada, quer caminhar a par da modernidade, sem contudo deixar de ter no cerne da sua história a memória intergeracional que ficou e no "céu azul sem tormenta" a paz que só ali acontece.


 BUCÓLICO

Ó terra da Beira, distante..
Quanto de ti me contenta!
O ar,
A luz,
O céu azul sem tormenta!

Terra onde um dia nasci
Entre pinhais e penedos...
Ai, quanto me prende a ti:
O milheiral,
Verde e doirado,
Cheio de segredos!
O ribeiro manso
Por entre salgueirais
Limando penedos!

Os carros de bois
À tardinha,
Lentos e mansos
Pela mão da boieirinha!

Os teus pinhais
E os montes floridos
De cores vivas
Como vitrais!
A tua capelinha
Co’a torre sineira
Muito branquinha!

Mas de tudo
O que mais me enleia
E enternece
É a paz
Da minh’aldeia...

Que noutro lado
Não acontece!

1972

terça-feira, 25 de agosto de 2015

É só para lembrar...




Não tarda aí a campanha eleitoral para as Legislativas de 4 de Outubro de 2015, onde vamos eleger os dgníssimos representantes do povo português no Parlamento, local maior da nossa alforria de povo libertado da Ditadura e dos seus ditadores.

Certamente, como é um costume atávico, vamos assistir a discussões sem sentido, muitas delas, em especial as que parecem mostrar que vivemos como se fôssemos um País sem deveres a cumprir com a Comunidade Europeia de que fazemos parte, quando, afinal, o que está em jogo é a nossa permanência e não fazer uma campanha eleitoral como se tudo o que resulta dela se confinasse ao nosso espaço territorial.

Isto é só para lembrar, nada mais.

Atenção, pois, à demagogia, aos que tudo prometem, como se tudo o que dizem fosse cumprível por nós mesmos e não estivéssemos amarrados a princípios, normas e regras a que aderimos por nossa livre vontade,

Por isso, desconfiemos dos que prometem cumprir com tudo aquilo que no fervor da campanha prometem, porque o que os move é, apenas, o mando que advém do poder conquistado, ou seja, o assento nas cadeiras confortáveis, quer das tribunas, quer dos gabinetes governamentais.


Um recado aos nossos "Syrizas" domésticos.


in, "Expresso.sapo,pt" de 25 de Janeiro de 2015



Lembra-se, mais uma vez, esta opinião de António Costa em 25 de Janeiro de 2015, quando ocorreu a vitória do Syriza, na Grécia.

Depois do descalabro - previsível - do Syriza e do senhor Tsipras, que transformaram a velha e nobre Grécia num País sem norte, aceitando sem decoro o que haviam prometido ao povo que elegeu aquele partido enganador e o seu "líder" - que já o não é - parece oportuno lembrar aos nossos Syrisas domésticos - a começar por António Costa que quer ganhar as eleições de 4 de Outubro - se, afinal, aquele sinal de mudança "dá força para seguir a mesma linha" ou se, não deve bater com a mão no peito e pedir desculpa aos portugueses, que no momento, acreditaram na mudança, que tal como o Syriza, ele oferecia aos portugueses.

Não. 

Com confianças destas de "os outros países devem seguir a mesma estratégia contra a austeridade" eu não alinho, porquanto, um País é como a minha casa. Quando encolhe o orçamento, o remédio é fazer alguma contenção de despesas e a isto chama-se austeridade.

É assim ou não é?

Uma fábula eleitoral

in, Livro infantil nº 2 - Vamos Aprender Profissões


O senhor "professor Costa", do alto da sua cátedra que conquistou, atropelando um outro "professor" - seu colega - que assinou um documento que obriga a fazer contas que têm de estar certas  e que, como mandavam as regras teve de ser entregue à entidade que vigia todas as contas - insiste com o "aluno" Passos para apresentar as suas contas, ou seja, a resolução da equação, embora, como se vê no exemplo do quadro, não tenha resolvido a equação que ele mesmo diz estar certa, mas sem ter o valor respectivo apresentado.

E por isso, ninguém sabe se os termos estão correctamente equacionados - pelo que não lhe assiste o direito de pedir ao "aluno" Passos para apresentar as suas contas, ou seja, a resolução do problema que ele mesmo não soube responder com a certeza que se deve exigir a quem pede contas, sem ter - com a certeza absoluta - resolvido as suas próprias contas, até porque, os termos da equação não foram feitos por ele.

O "aluno" Passos, ao contrário do que pensa o "professor Costa" não é madraço por força de responsabilidades assumidas em 2013 numa terra chamada Maastricht, onde se assinou o "Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação da União Económica e Monetária" (TECG) que veio a impor uma regra chamada "Pacto de Estabilidade e Crescimento" (PEC) onde, por causa das regras mais apertadas de controlo orçamental, este obriga a ter todas as contas bem feitas.

E, por isso, o "aluno" Passos, entende que não deve atender o pedido do "professor Costa" porque, jamais, poderão haver desculpas para eventuais "défices excessivos", um facto que o senhor "professor Costa" sabe ser assim, pelo que o pedido de apresentação de contas ao senhor "Passos" é um embuste, pelo que aquilo a que estamos a assistir é a uma fábula eleitoral que permite estes desmandos manhosos.

Eis, porque, o senhor "professor Costa" tem de perceber uma coisa: o povo gosta de fábulas - daquelas que La Fontaine imortalizou - mas despreza as suas "fábulas" que não têm graças nenhuma e em vez de fábulas, o que lhe pede é o concreto das coisas, para que Portugal prossiga levantado perante a entidade - que, essa sim - tem o poder e o direito de pedir contas.

Senhor "professor Costa", um conselho: não faça de ignorantes todos os portugueses, porque todos sabem que daqui em diante acabou-se o regabofe e as nossas contas são escrutinadas nas estâncias que a tal nos obrigam... por causa das contas mal feitas que temos andado a fazer e nas quais o seu partido - o PS -  tem grandes responsabilidades.