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sexta-feira, 13 de março de 2015

Viver sem sonhos de altura!



Até a própria torre desafia o alto!


Grande homem é aquele 
que não perde  o seu coração de criança.
                                                   Lao  Tzu



Conta-se que havia um caminho longo e estreito que corria ao longo de quilómetros, tendo de ambos os lados muros altos a servir de divisão entre duas propriedades onde se cultivava de tudo e cujos donos se isolavam entre aqueles dois muros, cada um para não ver o que o outro cultivava.
Eram dois homens vizinhos, mas estranhos.
Tendo perdido, cada um, o seu coração de criança, viviam egoisticamente, fazendo da vida uma luta constante, numa competição feroz que não admitia troca de ideias quanto aos modos de serem rentabilizadas as culturas das suas terras.

Diz-nos a história, que iguais a eles, havia dois passarinhos.

Tinham o hábito de voar rasteiros por dentro dos muros que ladeavam as duas propriedades e tal como os lavradores não se viam um ao outro, cada um, julgando, que o campo de um era mais fértil que o outro e, assim, imitando a solidão dos dois lavradores, levando dia a dia voos sem alegria, quase a tocar o chão, sem lhes importar a grandeza do Céu que por cima deles apresentava sinfonias de um azul sem mancha, onde os dois faziam falta, talhados como haviam sido para voar nas alturas.

Temos assim, a par os homens e aquelas duas aves.
Destinos criados para as alturas – cada um de acordo com a sua condição – a viverem rentes ao chão.
É então, que na história entram dois protagonistas do Céu, que no propósito de emendar as atitudes dos lavradores, começam por falar das atitudes dos dois passarinhos, companheiros, nas atitudes, dos dois lavradores.

Num certo dia, um anjo, condoído do voo das duas aves que voavam ao longo daqueles dois muros imensos a um metro do chão, admirado, comentou:

- Mas, assim, voando tão baixo – não se vendo até um ao outro – será que algum dia se encontrarão?

Foi quando, um outro anjo lhe respondeu:

- Não te importes. Verás que o muro, sendo embora muito grande, tem um fim e quando acabar, nesse dia,  encontrar-se-ão...

Replicou-lhe o companheiro:

- Mas vê bem. Não seria mais sensato, para eles, que foram criados por Deus para voar alto, deixarem aquele voo rasteiro? – É que se subissem um pouco mais para o alto ainda hoje se encontravam, concluiu ele, dando mostras de estar cheio de razão.

E tinha-a, convenhamos.

Este diálogo fabuloso serve para acabar a história e tecer as seguintes considerações:
Os passarinhos são uma alegoria do que se passava com os dois proprietários dos terrenos, separados por aqueles dois muros.
Um dia – como avisadamente disse um dos anjos – os dois homens, criados por Deus para erguerem os olhos para o alto, depois de ter passado o tempo dos egoísmos e das vaidades mesquinhas, tendo reconhecido o tempo que perderam, haviam de apertar as mãos e pedir desculpa um ao outro por terem erguido muros tão altos nas suas vidas.

Os passarinhos, são, ainda, uma imagem do que se passa com os homens que, tantas vezes, andam de costas voltadas, voando baixo ao longo dos muros que os separam, quando pelo dom de Deus, os seus destinos  - como o dos passarinhos – foram feitos para voar nas alturas.


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