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sexta-feira, 13 de março de 2015

De mãos abertas!





Na velha Grécia vivia um velho sábio, Cirilo de Estagira, no recôncavo de um acidente geográfico que dava directamente para o Mar Egeu.

Era um eminente mestre de Filosofia.
Tornara-se famoso pelo facto de não só, saber de tudo, como em adivinhar o sentido de todas as perguntas que lhe fizessem.
Era o expoente da sabedoria (sophia) que em grego quer dizer: um conhecimento simultaneamente teórico e prático, honrando a  filosofia - que deriva de philos e de sophia -  e significa, por isso, amor à sabedoria.

Num certo dia, um aluno seu, de conluio com outro colega, querendo experimentar o saber do Mestre mas com desejo último de o enganar, aliciou-o, dizendo-lhe:

- Já sei, como é que vou fazer cair o Mestre da sua sabedoria...
- Qual é o teu plano? – perguntou o outro, interessado na esperteza do colega.
-Vês este gafanhoto? – e abriu a mão, mostrando encurralado o pequeno insecto saltador – Vou ao Mestre com a mão fechada e o gafanhoto dentro dela… mas vivo.
- E, depois?...
- É simples. Pergunto-lhe se o gafanhoto que levo escondido está vivo ou se está morto. Se ele disser que ele está vivo aperto-o e mato-o. Mas se ele disser que está morto, então, abro a mão e deixo que ele salte!

Nesse propósito foram os dois ter com o sábio fazendo-lhe a pergunta combinada:

- Mestre Cirilo. Tenho dentro da minha mão um gafanhoto. Está vivo ou está morto?

Respondeu o sábio:

- Meu querido, a resposta está dentro da sua mão fechada. Fica sabendo que todo o sucesso que venhas a conquistar na tua vida está sempre na tua mão... que nunca deves fechar para ninguém!

E, mais uma vez o velho sábio respondeu certo, correspondendo à fama que tinha.
Na mão fechada – e que é preciso abrir – está o segredo da existência que não consente trazê-la fechada, porque escondemos aquilo que é preciso mostrar ao mundo. 

Cirilo não se deixou enganar nem colaborou com um jogo escondido, dando a resposta que desarmou o burlador.

Na vida é o que temos de fazer.
Abrir as mãos.
Mostrar o jogo, pois é de mãos abertas que se abraça e é de mãos abertas que pesamos as coisas, neste jogo aberto de viver e amar e nunca de enganar o próximo.

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