Na
velha Grécia vivia um velho sábio, Cirilo de Estagira, no recôncavo de um acidente
geográfico que dava directamente para o Mar Egeu.
Era
um eminente mestre de Filosofia.
Tornara-se
famoso pelo facto de não só, saber de tudo, como em adivinhar o sentido de
todas as perguntas que lhe fizessem.
Era o expoente da sabedoria (sophia) que em grego quer dizer: um
conhecimento simultaneamente teórico e prático, honrando a filosofia - que deriva de philos e de sophia
- e significa, por isso, amor à
sabedoria.
Num certo dia, um aluno seu, de conluio com
outro colega, querendo experimentar o saber do Mestre mas com desejo último de
o enganar, aliciou-o, dizendo-lhe:
-
Já sei, como é que vou fazer cair o Mestre da sua sabedoria...
- Qual é o teu
plano? – perguntou o outro, interessado na esperteza do colega.
-Vês
este gafanhoto? – e abriu a mão, mostrando encurralado o pequeno insecto
saltador – Vou ao Mestre com a mão fechada e o gafanhoto dentro dela…
mas vivo.
- E, depois?...
-
É simples. Pergunto-lhe se o gafanhoto que levo escondido está vivo ou se está
morto. Se ele disser que ele está vivo aperto-o e mato-o. Mas se ele disser que
está morto, então, abro a mão e deixo que ele salte!
Nesse
propósito foram os dois ter com o sábio fazendo-lhe a pergunta combinada:
-
Mestre Cirilo. Tenho dentro da minha mão um gafanhoto. Está vivo ou está morto?
Respondeu
o sábio:
-
Meu querido, a resposta está dentro da sua mão fechada. Fica sabendo que todo o
sucesso que venhas a conquistar na tua vida está sempre na tua mão... que nunca deves fechar para ninguém!
E,
mais uma vez o velho sábio respondeu certo, correspondendo à fama que tinha.
Na
mão fechada – e que é preciso abrir – está o segredo da existência que não
consente trazê-la fechada, porque escondemos aquilo que é preciso mostrar ao
mundo.
Cirilo não se deixou enganar nem colaborou com um jogo escondido, dando
a resposta que desarmou o burlador.
Na
vida é o que temos de fazer.
Abrir
as mãos.
Mostrar
o jogo, pois é de mãos abertas que se abraça e é de mãos abertas que pesamos as
coisas, neste jogo aberto de viver e amar e nunca de enganar o próximo.
Sem comentários:
Enviar um comentário