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sexta-feira, 13 de março de 2015

O Evangelho é, também, um Livro Biológico.


in, https://igrejadojubileu.wordpress.com


Se não se parte da convicção de que o Evangelho é um livro biológico, que corresponde às exigências fundamentais do ser e que, portanto, é de necessidade ontológica; se não se aceita a eterna escala de valores, com o valor da vida em primeiro lugar; do valor do homem, que vem ainda antes da própria vida, é inútil cansarmo-nos a procurar respostas que não existem.
David Maria Turoldo
In, Deus Tem Coração


Levo milhares de páginas lidas ao longo da vida sobre o Evangelho de Jesus e pela primeira vez li um autor que chamasse este Livro divino por este nome, impressionando-me pela forma como apresenta a questão, apontando a necessidade de se partir para a sua leitura, para além de vir a recolher nele os ensinamentos divinos enquanto Missão messiânica, o devêssemos entender como um “livro biológico”.

É evidente que Jesus não inspirou um qualquer tratado de Biologia para ser estudado nas Escolas, mas antes, uma Mensagem da Boa Nova que Ele trazia para os homens.
Mas ser o seu Evangelho um “livro biológico” deu-me que pensar, razão, porque, o significado de “biologia” ganhou todo o sentido:  é, como se sabe, o estudo dos seres vivos através das características e do comportamento dos organismos.

Debruça-se sobre a origem de espécies e indivíduos e a forma como estes interagem uns com os outros e com o seu ambiente e destina-se a estudar a vida nas mais variadas escalas, das quais, uma só me bastou para entender o pensamento do autor – a etologia – que é como se sabe um dos ramos da ciência biológica e  cujo fim é estudar o comportamento dos indivíduos, o que bastou a Turoldo para a denominação que deu ao Evangelho, onde se cumprem por vontade de Jesus acções comportamentais inseridas na ordem social que tendem chegar às alturas do divino, uma das condições naturais com que o Criador doou o homem.

Jesus nunca pensou que vinte séculos depois, alguém se atrevesse a tanto, como o fez Turoldo, mas a verdade é que ele o faz com todo o sentido quando nos apresenta a “parábola do samaritano”, que é toda ela, um estudo de Jesus sobre o comportamento de pessoas reais, que Ele apresentou num quadro dramático, onde imergem – para além dos salteadores e do hospedeiro – as quatro personagens principais.

Vejamos parte do texto: (Lc 10, 30-35)

Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar.

Visto sobre este prisma, o Evangelho, para além de ser o Livro da Revelação de Jesus aos homens, é, neste episódio um tratado de biologia no campo etológico.
Obrigado, Jesus, por teres dado tanta doutrina, a par de tanta ciência aos homens.
Pena é, que eles – onde eu mesmo me incluo – não entendamos, verdadeiramente, o teu antigo e eterno Livro à luz das novas ciências, fazendo dele a parte que falta à muita sabedoria académica, onde está actuante – sem o parecer - a doutrina evangélica que preside à lei comportamental dos homens entre si mesmos.

Pena é, portanto, que a sabedoria dos homens – ou, melhor dizendo – a sua vaidade encapotada no saber do materialismo das sebentas não lhe diga, como afinal, tudo já está estudado e apresentado, para além do que diz a Academia, daquilo que dia a linha espiritual, fonte de partida de todos os ensinamentos que estão ligados à vida do homem.

Por isso, se não aceitamos o Evangelho, como propõe Turoldo, como algo que corresponde às exigências fundamentais do ser imbricado na ontologia, enquanto realidade que estuda a existência dos entes e das questões metafísicas, é inútil cansarmo-nos a procurar respostas que não existem fora do que está escrito, foi dito ou explicado por Jesus através de parábolas e dos seus sermões nos tempos em que calcorreou as estradas poeirentas da Galileia e da Judeia.
                                                             

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