O rebento novo da velha árvore ou a força da Natureza
O machado dendroclasta, num certo dia, passou por ali.
Sem respeito algum pela velha árvore cujo porte desafiava os céus, o homem deitou por terra o seu sonho secular de continuar a oferecer aos visitantes da floresta o poder da sua vida vegetal que se erguia para as alturas, muito acima de todas as suas companheiras.
Cortado a um metro do chão que lhe servira de frutuoso alimento, aquele gigante arbóreo ali ficou a queixar-se a todos os que passam por ali, podendo imaginar o que ele teria sido - vendo a postura descomunal da sua base - como se esta tivesse sido protegida para testemunhar o tempo em que alardeou a força que o fez viver até ao dia em que, cortada a seiva, a expuseram às canículas e às invernias, a ponto da conjugação das duas épocas temporais a terem esventrado, deixando à mostra a cratera que não tardou a servir de ninho das poeiras aéreas.
Foi assim durante muitos anos, até que um dia, a velha árvore que parecia ter morrido para sempre numa manifestação da força que a fez viver, resolveu que do fundo da tal cratera - de onde nada seria de esperar - nascesse um rebento da sua própria natureza, que é, para o queira apreciar uma mensagem que nos diz que do velho pode imergir o novo.
Olhando a velha árvore e o seu novo nascimento - acontecido dentro de si mesma - transportei o meu pensamento para o campo humano e fiquei a cogitar nas palavras de Jesus ditas a Nicodemos, que apesar de ser um homem velho é aconselhado a nascer de novo.
Atentemos no texto bíblico:
Foi assim durante muitos anos, até que um dia, a velha árvore que parecia ter morrido para sempre numa manifestação da força que a fez viver, resolveu que do fundo da tal cratera - de onde nada seria de esperar - nascesse um rebento da sua própria natureza, que é, para o queira apreciar uma mensagem que nos diz que do velho pode imergir o novo.
Olhando a velha árvore e o seu novo nascimento - acontecido dentro de si mesma - transportei o meu pensamento para o campo humano e fiquei a cogitar nas palavras de Jesus ditas a Nicodemos, que apesar de ser um homem velho é aconselhado a nascer de novo.
Atentemos no texto bíblico:
Havia entre os
fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de
noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus;
porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus
respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem
nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e
nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido
da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes
de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
Jo 3, 2 - 7
Nicodemos, apesar de ser mestre em Israel não percebeu o alcance das palavras de Jesus, mas Ele foi peremptório: Necessário vos é nascer de novo.
E este mandamento faz-me lembrar a necessidade humana e a possibilidade de, mesmo, já sendo velhos podermos nascer de novo, se levarmos em conta que o espírito que anima o homem não tem idade e, por isso, o corpo gasto pelos anos pode nascer de novo para o encontro com Deus.
Bem sei das diferenças abismais e existenciais que demarcam o campo humano e o vegetal e a comparação - por ser de todo incomparável - poder nada acrescentar à reflexão que me provocou o rebento novo da velha árvore, mas tal facto não deixou de me interpelar quanto à possibilidade - e necessidade - do homem velho poder nascer de novo, com a particularidade do novo sair de si mesmo, por mais velho que seja.
E, depois, se a velha árvore não quis morrer sem nascer de novo, por que há-de o homem por mais descrente ou velho que seja - morrer - sem fazer o mesmo?
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