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domingo, 29 de março de 2015

Domingo de Ramos - 29 de Março de 2015




Naquele tempo, os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho, logo de manhã, com os anciãos e os escribas, isto é, todo o Sinédrio. Depois de terem manietado Jesus, foram entregá- l’O a Pilatos. Pilatos perguntou-Lhe: «Tu és o Rei dos judeus?». Jesus respondeu: «É como dizes». E os príncipes dos sacerdotes faziam muitas acusações contra Ele. Pilatos interrogou- O de novo: «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam». Mas Jesus nada respondeu, de modo que Pilatos estava admirado. Pela festa da Páscoa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha. Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos, que numa revolta tinham cometido um assassínio. A multidão, subindo, começou a pedir o que era costume conceder-lhes. Pilatos respondeu: «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?». Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes O tinham entregado por inveja. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes Barrabás. Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes: «Então, que hei-de fazer d’Aquele que chamais o Rei dos judeus?». Eles gritaram de novo: «Crucifica-O!». Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?». Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-O!». Então Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás e, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-O para ser crucificado. Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio, que era o pretório, e convocaram toda a corte. Revestiram-n’O com um manto de púrpura e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido. Depois começaram a saudá-l’O: «Salve, Rei dos judeus!». Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele. Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto de púrpura e vestiram-Lhe as suas roupas. Em seguida levaramn’O dali para O crucificarem. Requisitaram, para Lhe levar a cruz, um homem que passava, vindo do campo, Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo. E levaram Jesus ao lugar do Gólgota, quer dizer, lugar do Calvário. Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não o quis beber. Depois crucificaram-n’O. E repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um. Eram nove horas da manhã quando O crucificaram. O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito: «Rei dos Judeus». Crucificaram com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam insultavam-n’O e abanavam a cabeça, dizendo: «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva- Te a Ti mesmo e desce da cruz». Os príncipes dos sacerdotes e os escribas troçavam uns com os outros, dizendo: «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo! Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para nós vermos e acreditarmos». Até os que estavam crucificados com Ele O injuriavam. Quando chegou o meio-dia, as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde. E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: «Eloí, Eloí, lemá sabactáni?». Que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?». Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram: «Está a chamar por Elias». Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse: «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali». Então Jesus, soltando um grande brado, expirou. O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo. O centurião que estava em frente de Jesus, ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou: «Na verdade, este homem era Filhode Deus». (Mc 15, 1-39) Forma breve.


Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste.... eis a exclamação de Jesus que marca este Domingo de Ramos, para dizer aos que não tem conhecimento da História Sagrada que deviam ter mais cuidado quando falam destas palavras como se tivessem sido um grito de mágoa por se sentir abandonado por Deus - o Pai da Misericórdia - que não o poupou ao extremo sacrifício da Cruz, e lembrar-lhes o Salmo 21 que a seguir se transcreve, pelo qual se entende que Jesus naquela hora final soltou aquelas palavras em obediência ao velho salmista e prova o quanto Ele era fiel à missão que cumpriu e às palavras da lei que Ele veio melhorar e não abrogar.


Salmo 21

1Ao Director do coro. Pela melodia «A corça da aurora».
Salmo de David.
2Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste,
rejeitando o meu lamento, o meu grito de socorro?
3Meu Deus, clamo por ti durante o dia e não me respondes;
durante a noite, e não tenho sossego.
4Tu, porém, és o Santo
e habitas na glória de Israel.
5Em ti confiaram os nossos pais;
confiaram e Tu os libertaste.
6A ti clamaram e foram salvos;
confiaram em ti e não foram confundidos.
7Eu, porém, sou um verme e não um homem,
o opróbrio dos homens e o desprezo da plebe.
8Todos os que me vêem escarnecem de mim;
estendem os lábios e abanam a cabeça.
9«Confiou no SENHOR, Ele que o livre;
Ele que o salve, já que é seu amigo.»
10Na verdade, Tu me tiraste do seio materno;
puseste-me em segurança ao peito de minha mãe.
11Pertenço-te desde o ventre materno;
desde o seio de minha mãe, Tu és o meu Deus.
12Não te afastes de mim, porque estou atribulado
e não há quem me ajude.
13Rodeiam-me touros em manada;
cercam-me touros ferozes de Basan.
14Abrem contra mim as suas fauces,
como leão que despedaça e ruge.
15Fui derramado como água;
e todos os meus ossos se desconjuntaram;
o meu coração tornou-se como cera
e derreteu-se dentro do meu peito.
16A minha garganta secou-se como barro cozido
e a minha língua pegou-se-me ao céu da boca;
reduziste-me ao pó da sepultura.
17Estou rodeado por matilhas de cães,
envolvido por um bando de malfeitores;
trespassaram as minhas mãos e os meus pés:
18posso contar todos os meus ossos.
Eles olham para mim cheios de espanto!
19Repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam a minha túnica.
20Mas Tu, SENHOR, não te afastes de mim!
És o meu auxílio: vem socorrer-me depressa!
21Livra a minha alma da espada,
e, das garras dos cães, a minha vida.
22Salva-me da boca dos leões;
livra-me dos chifres dos búfalos.
23Então anunciarei o teu nome aos meus irmãos
e te louvarei no meio da assembleia.
24Vós, que temeis o SENHOR, louvai-o!
Glorificai-o, descendentes de Jacob!
Reverenciai-o, descendentes de Israel!
25Pois Ele não desprezou nem desdenhou a aflição do pobre,
nem desviou dele a sua face;
mas ouviu-o, quando lhe pediu socorro.
26De ti vem o meu louvor na grande assembleia;
cumprirei os meus votos na presença dos teus fiéis.
27Os pobres comerão e serão saciados;
louvarão o SENHOR, os que o procuram.
«Vivam para sempre os vossos corações.»
28Hão-de lembrar-se do SENHOR e voltar-se para Ele
todos os confins da terra;
hão-de prostrar-se diante dele
todos os povos e nações,
29porque ao SENHOR pertence a realeza.
Ele domina sobre todas as nações.
30Diante dele hão-de prostrar-se todos os grandes da terra;
diante dele hão-de inclinar-se todos os que descem ao pó
e assim deixam de viver.
31Uma nova geração o servirá
e narrará aos vindouros as maravilhas do Senhor;
32ao povo que vai nascer dará a conhecer a sua justiça,
contará o que Ele fez.


sexta-feira, 27 de março de 2015

Acautelemo-nos!


in. Observador.pt


Carlos César não encomendou o "sermão" a nenhum outro, que não fosse ele mesmo, o actual Presidente do PS  que num aceno de "grande magnanimidade" - como é bom sê-lo com o dinheiro dos outros -  veio dizer que se o Partido Socialista ganhar as Legislativas de Outubro 2015 vai ressarcir os que foram lesados pelo ex-Banco Espírito Santo, como se todo o universo dos contribuintes portugueses tivessem responsabilidades na gestão danosa daquele Banco que caiu como um baralho de cartas.

Disse (sic) o seguinte: Penso que esse mesmo Estado que os estimulou, é o Estado que nesta fase deve garantir o ressarcimento de todos esses cidadãos e de todas essas empresas, afirmando-o assim, alto e bom som no programa Três Pontos, da RTP Informação, tendo acrescentado: Esse ressarcimento deve procurar ser um ressarcimento na íntegra das aplicações que eles fizeram. Mesmo que não o possa fazer numa única tranche ou numa única ocasião, o Estado deve assumir as suas responsabilidades neste domínio, porque não pode ser inocentado face à forma como estimulou a aplicação dessas poupanças.

Portanto, acautelemo-nos!

Com o PS no Governo o Estado vai ser um mãos-largas, pondo a pagar todos os contribuintes por uns tantos que se deixaram enganar.
É evidente que é lamentável que isto tenha acontecido, mas porque não diz Carlos César que se o PS for Governo uma das primeiras medidas a tomar seria a do confisco de bens dos administradores do BES, no montante exacto que dê para saldar os depósitos dos que foram enganados?

Isto é que era razoável e não com o dinheiro de todos liquidar uma malfeitoria que só cabe a alguns, mas isto é o que se chama "fogo de vista", pois num dado ponto, temendo não poder cumprir, disse: A não ser que entretanto esvaziem os cofres. para mais tarde - talvez depois do "puxão de orelhas" conforme relata o jornal online "Observador" ter emendado o "sermão", deste modo:

Pouco depois de ter falado na RTP Informação, e perante as notícias feitas a partir das suas declarações, Carlos César deixou uma nota na sua página de Facebook a dizer que “não explicitou bem o seu ponto de vista”. E retificou: “o Estado não deve desresponsabilizar-se”, disse, acrescentado que o Estado tem a responsabilidade de “proteger quem foi induzido em erro e não foi alertado”. Mas a questão é que, segundo Carlos César, o Estado “não pode libertar o Novo Banco desse encargo” e deve obrigá-lo a cumprir os seus deveres de ressarcimento “na íntegra”.

Diz uma coisa e outra pelo que não é de levar a sério.
Faz parte do "jogo político"... só que Portugal começa a andar farto destas jogadas... que parecem que metem golo mas a bola vai sempre para fora, ou seja, para o público das bancadas, o povo... a quem cabe discernir o seu sentido de voto.

Portanto, acautelemo-nos!

quinta-feira, 26 de março de 2015

Sabedoria do Mundo - Barulho de carroça




Barulho de Carroça

 Certa manhã, meu pai convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.
 Num dado momento deteve-se numa clareira e depois de um pequeno silêncio perguntou-me:

- Além do cantar dos pássaros, estás a ouvir mais alguma coisa?
 Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou a ouvir um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse o meu pai.
E acrescentou:
 - É uma carroça vazia ...
 Perguntei -lhe, então:
- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora, respondeu o meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho. Quanto mais vazia estiver maior é o barulho que faz.

 Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, inoportuna, interrompendo as conversas, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

 - Quanto mais vazia estiver maior é o barulho que faz.


 Autor Desconhecido


O meu comentário a esta Sabedoria do Mundo

O pai da história era um conhecedor dos homens e das coisas do mundo, porque aqui e ali, todos já algum dia encontramos pessoas que falam por falar, apenas para encher o vazio que transportam.


Sabedoria do Mundo - As marcas que ficam




As marcas que ficam...


Havia um garoto, que com uma frequência muito grande, magoava a todos com quem convivia, especialmente os seus familiares.

Um dia o pai o chamou-o e entregou-lhe uma tábua, um martelo e alguns pregos e disse ao filho para cravar todos os pregos na tábua. 
O filho assim o fez.
Em seguida pediu-lhe que retirasse todos os pregos e ele obedeceu.
Disse-lhe, então, o pai:

◦- Agora remove também as marcas.
 Confuso, o filho respondeu:
◦- As marcam não se podem remover.

O pai então explicou:

◦- Meu filho, esta tábua são seus amigos. O martelo és tu e as suas palavras e atitudes são os pregos que magoam os teus amigos. Ao pedires desculpa removes apenas os pregos, porque as marcas ficarão para sempre.

Autor desconhecido



O meu comentário a esta Sabedoria do Mundo

A este propósito diz um ditado bem português que "perdoar não é esquecer", porque se a desculpa limpa a ofensa - como Deus quer - o esquecer as feridas mais fundas do coração não é fácil, pelo facto de fazerem parte do nosso percurso de vida, como se fizessem parte da nossa própria identidade

São parte da nossa memória e caminham connosco, servindo-nos para enfrentar a vida, aprendendo com o passado para melhor nos conhecermos, porque é a memória que nos ajuda a ir mais além.

Sabedoria do Mundo - O Amigo



O amigo... 

“Meu amigo não voltou do campo de   batalha, senhor.  
 Solicito permissão para ir buscá-lo” disse o soldado ao seu tenente.
“ Permissão negada” replicou o oficial,
“ Não quero que arrisque a sua vida por um homem que provavelmente está morto”.

O soldado, ignorando a proibição, saiu e uma hora mais tarde regressou, mortalmente ferido, transportando o cadáver do seu amigo.

O oficial estava furioso:
“Já tinha te dito que ele estava morto!
 Agora eu perdi dois homens!
 Diga-me: Valeu à pena ir lá para trazer um cadáver?”

 E o soldado moribundo, respondeu:
“ Claro  que sim, senhor ! Quando o encontrei, ele ainda estava vivo e ainda me disse:

“Tinha a certeza de que tu virias.”

                                           Autor desconhecido


O meu comentário a esta Sabedoria do Mundo


Eis o que nos diz o poder da amizade!
A Sabedoria do Mundo, quando é profunda manifesta-se em todas as situações, sobretudo, nas mais difíceis, como aconteceu com o soldado deste breve conto de autor desconhecido, mas que não é por ser breve que o seu ensinamento não deixa de ser longo e nos põe a pensar.



quarta-feira, 25 de março de 2015

De profundis - Um poema de Vitorino Nemésio


in, http://www.rtp.pt/arquivo/


De profundis


Do profundo abismo em que me achei,
E em que não me lembro se caí ou fui precipitado,
Da lama fofa e a ferver de que me cozi, clamei
A vós, Senhor, surdo e infinito:
Sejas tu neste grito
Para todo o sempre louvado.

Sejam vossos ouvidos atentos (ah, Senhor,
Assim se diz, assim seja!)
A voz da minha culpa e do meu nada -
Maior, neste clamor
E na miséria que esse olhar deseja,
Que toda a coisa principiada.

O meu corpo é moído e ardente
Como a areia do deserto
De que o teu vento faz as ondas da cegueira
Rotativa e lunar;
Tenho o meu lado aberto
Por uma lança rasteira,
E não por te imitar.

Aqui, das toalhas da aflição
Pela canalha rasgadas
E em minhas chagas embebidas,
Levanto o meu queixume,
Pura evaporação,
Secada pelo teu lume,
Em sangue e mijo molhadas,

Senhor, que me sujei na força da agonia
E em minhas lágrimas me lavo,
Como um velhinho fazia
No catre do hospital, fedendo a murta e alho bravo -
Uma argália nas partes, algodão num ouvido:
Só por cima da colcha uma mosca o afagava
Enquanto ele chorava,
Todo borrado e comovido.

Sim, daqui, deste abismo trivial
A que só as palavras dão fundura,
A ti clamo.
Abre o meu pedernal,
Que a seca estéril rege;
Monda o vil coração com que te amo
E, ainda que eu fraqueje,
Cava-me até ao fio de água pura.

Abre os seios dos meus ossos
E a cerração tenaz dos meus tendões:
Assim se abrem os poços
Que dão de beber aos leões.

Aí, Senhor, a tua estrela,
Quanto mais podre eu for à tona,
Mais brilhará, profunda e bela
Como o luar e a beladona.

Recebe, Senhor, do abismo
Em que me engolfo e debato,
As lembranças agudas em que me pico e cismo -
Meu remorso barato
Que o tempo vai tornando
Todo em cinza saudosa,
Minhas saudades peneirando
Com uma peneira de rosa.

Ah! Tu, Toiro de Fogo, e eu lesma fria!
Tu, Roda de Navalhas retiradas
Das Sete Dores de tua Mãe!
Tu, Tubarão de Amor, e eu a enguia
Que até as águas estagnadas
Têm!

Tu, Sol cortado a diamante,
Que lavra as terras, aprofunda o dia,
Abre o mar ao navio confiante
E cerra a flor cansada e esguia,

Enquanto eu, o morrão grosso,
Encarquilhado, me escureço
E na fogueira do meu osso
Chamusco tudo o que te ofereço.

Mas, já levado nas areias
De que a minha alma faz moinha
E a tua cólera desdoba,
Hei-de enterrar a dor, farinha
Das minhas sementes feias,
Nos sete palmos de uma cova.

Abre, Senhor, teus flancos: pare-me
(Que tu podes) outra vez,
E a chaga densa
Da minha outra vida sare-me!
A tua mão salgada e imensa
Como todos os mares comunicados
Já ressuscita a tua rês:
Ela me acene,
E à tua divina presença
Suba meus ossos branqueados.
Amen.

Vitorino Nemésio


Se Bem Me Lembro, é  com enlevo mas com muita saudade que lembro este belo momento semanal de televisão que foi para o ar com este título entre os anos de 1969 a 1975 - onde o poder da palavra do Prof. Vitorino Nemésio encheu o pequeno ecran da RTP - e, no qual, a paixão pela palavra, o gesto e o modo como comunicava deixou até hoje, um vazio.

"De profundis" é um poema-oração comovente pelo poder da linguagem do homem que na súplica que dirige a Deus do fundo do seu precipício, diz de um forma clara, concisa o perdão que lhe merece o que chamuscando tudo o que oferece à divindade, ainda assim, se lhe dirige, repeso mas confiante:

A vós, Senhor, surdo e infinito:
Sejas tu neste grito
Para todo o sempre louvado.

E no desejo de estar no final da vida, junto da divina presença, termina o poema - oração como começa o salmista do "De profundis", com a sua súplica individual plasmada no salmo 130(129), porque é do fundo de si mesmo que ele se eleva para as alturas:

1Cântico das peregrinações.

Do fundo do abismo clamo a ti, SENHOR!
2Senhor, ouve a minha prece!
Estejam teus ouvidos atentos
à voz da minha súplica!
3Se tiveres em conta os nossos pecados,
Senhor, quem poderá resistir?
4Mas em ti encontramos o perdão;
por isso te fazes respeitar.
5Eu espero no SENHOR! Sim, espero!
A minha alma confia na sua palavra.
(...)

segunda-feira, 23 de março de 2015

Um poema de Albert Einstein sobre a amizade




Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

Albert Einstein


Quando lemos este homem das ciências puras e o vemos debruçar o seu lúcido pensamento para temas esotéricos como o de não existirmos e podermos nascer de novo, um para o outro  num dado lugar em que ele acreditou, a sensação que nos fica é que Einstein prova que a ciência pode e deve andar de braço dado com a fé e que é um erro fazer o contrário, porque a ciência é uma das muitas possibilidades que Deus dá ao homem de se realizar por inteiro dentro do campo racional da sua razão.

Eis o que nos diz João Paulo II sobre os pontos comuns que existem entre a Fé e a Razão.

Em auxílio da razão, que procura a compreensão do mistério, vêm também os sinais presentes na Revelação. Estes servem para conduzir mais longe a busca da verdade e permitir que a mente possa autonomamente investigar inclusive dentro do mistério. De qualquer modo, se, por um lado, esses sinais dão maior força à razão, porque lhe permitem pesquisar dentro do mistério com os seus próprios meios, de que ela justamente se sente ciosa, por outro lado, impelem-na a transcender a sua realidade de sinais para apreender o significado ulterior de que eles são portadores. Portanto, já há neles uma verdade escondida, para a qual encaminham a mente e da qual esta não pode prescindir sem destruir o próprio sinal que lhe foi proposto. (...)
Em resumo, o conhecimento da fé não anula o mistério; torna-o apenas mais evidente e apresenta-o como um facto essencial para a vida do homem: Cristo Senhor, « na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime », 18 que é participar no mistério da vida trinitária de Deus.
Cap. 2 - A razão perante o mistério.
nº 13 da Encíclica de João Paulo II sobre as relações entre a Fé e a Razão.

Eis, porque, a amizade de que nos fala Einstein no seu poema é um meio para que todo o homem investigue a sua razão, não apenas, naquilo que vê ou sente, mas dentro do mistério, que de modo algum é anulado pelo conhecimento da fé, porquanto, é por meio dela que vivemos das duas formas que o grande cientista nos aconselha: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

A nossa vida é o maior desses milagres!


E do velho pode nascer o novo!



O rebento novo da velha árvore ou a força da Natureza



O machado dendroclasta, num certo dia, passou por ali.

Sem respeito algum pela velha árvore cujo porte desafiava os céus, o homem deitou por terra o seu sonho secular de continuar a oferecer aos visitantes da floresta o poder da sua vida vegetal que se erguia para as alturas, muito acima de todas as suas companheiras.

Cortado a um metro do chão que lhe servira de frutuoso alimento, aquele gigante arbóreo ali ficou a queixar-se a todos os que passam por ali, podendo imaginar o que ele teria sido - vendo a postura descomunal da sua base - como se esta tivesse sido protegida para testemunhar o tempo em que alardeou a força que o fez viver até ao dia em que, cortada a seiva, a expuseram às canículas e às invernias, a ponto da conjugação das duas épocas temporais a terem esventrado, deixando à mostra a cratera que não tardou a servir de ninho das poeiras aéreas.

Foi assim durante muitos anos, até que um dia, a velha árvore que parecia ter morrido para sempre numa manifestação da força que a fez viver, resolveu que do fundo da tal cratera - de onde nada seria de esperar - nascesse um rebento da sua própria natureza, que é, para o queira apreciar uma mensagem que nos diz que do velho pode imergir o novo.

Olhando a velha árvore e o seu novo nascimento - acontecido dentro de si mesma - transportei o meu pensamento para o campo humano e fiquei a cogitar nas palavras de Jesus ditas a  Nicodemos, que apesar de ser um homem velho é aconselhado a nascer de novo.

Atentemos no texto bíblico:

Havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.  Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
Jo 3, 2 - 7

Nicodemos, apesar de ser mestre em Israel não percebeu o alcance das palavras de Jesus, mas Ele foi peremptório: Necessário vos é nascer de novo. 

E este mandamento faz-me lembrar a necessidade humana e a possibilidade de, mesmo, já sendo velhos podermos nascer de novo, se levarmos em conta que o espírito que anima o homem não tem idade e, por isso, o corpo gasto pelos anos pode nascer de novo para o encontro com Deus.

Bem sei das diferenças abismais e existenciais que demarcam o campo humano e o vegetal e a comparação - por ser de todo incomparável - poder nada acrescentar à reflexão que me provocou o rebento novo da velha árvore, mas tal facto não deixou de me interpelar quanto à possibilidade - e necessidade - do homem velho poder nascer de novo, com a particularidade do novo sair de si mesmo, por mais velho que seja.

E, depois, se a velha árvore não quis morrer sem nascer de novo, por que há-de o homem por mais descrente ou velho que seja - morrer - sem fazer o mesmo?

domingo, 22 de março de 2015

O "crime" da Ministra das Finanças




Temos os "cofres cheios"...

Só que a oposição não ouviu o resto. 
Aquilo que era mais importante, ou seja, que o facto de Portugal ter os cofres cheios, significava que podia fazer frente a uma eventual conjuntura menos favorável e desse modo haver liquidez para suprir qualquer surpresa económica.

Esta foi a mensagem.
Pelos vistos uma mensagem maldita, porque, vai daí como se esperava a oposição "Syriza" de Portugal com António Costa a cabeça - ele que disse quando o Syriza ganhou as eleições na Grécia "que era um caminho a seguir" - não poupou o desplante de Maria Luis Albuquerque, porque a afirmação de se ter "os cofres cheios" lhe cheirou a uma "heresia", esquecido que o seu partido - o PS - em 2011, 
deixou Portugal de cofres vazios.

António Costa, antes de falar para o ar e sem nexo, devia lembrar-se que "os cofres cheios" vai servir para pagar as dívidas que o seu partido e, sobretudo o Governo de que fez parte, deixou a Portugal, ou será que ele pensa que todos os portugueses perderam a memória?

Desengane-se se pensa assim...

Há coisas que custam a ouvir, sobretudo quando cheiram a verdade, o que não deixa de ser um desconchavo quando devia ser a verdade que devia imperar sobre a mentira, se a política não fosse o que é.

Contudo, a Ministra das Finanças tem de se cuidar, porque para a oposição que temos cometeu um "crime", dizendo uma afirmativa quando a manha política impunha que nada fosse dito, que era, possivelmente, o que a oposição faria.

Infelizmente, todos sabemos que Portugal passa um mau momento e "os cofres cheios" não significa que estejamos ricos.
Muito longe disso. Só que levantamos um pouco a cabeça ao contrário de Maio de 2011 que vivíamos com a "cabeça a prémio" sem dinheiro para suprir as despesas do mês mais próximo, como disse o então Ministro das Finanças.

Ou já nos esquecemos disto?

sábado, 21 de março de 2015

A vingança da Natureza!



in, jornal "Miau" de 19 de Maio de 1916


Este dia assinala o começo de mais uma Primavera e é, lembrando a data e o significado das flores que atapetam as ramadas da árvore e a arma de guerra envolvida pelas flores do campo - olhando a gravura -  que se lembra, ficcionalmente, o seguinte:

A última guerra dos homens naquele local destruíra tudo em redor durante um dos Invernos tenebrosos, tendo ficado abandonada aos pés de uma das muitas árvores destruídas ou maltratadas uma arma com a baioneta enclavinhada, ao pé da qual uma caveira é a testemunha vencida daquela guerra, como o resultado visível de um corpo que ali ficara morto para sempre.

Dir-se-ia, que naquele local - como acontecera com os soldados mortos - a própria natureza havia morrido, mas tal não aconteceu!

Dando uma lição aos homens da barbárie, as Primaveras que sucederam ao confronto vingaram-se e nos anos seguintes fizeram florir a árvore que sofrera os ataques da metralha, fazendo-a surgir engalanada e pronta a mostrar aos homens que no próprio campo da guerra podem renascer com toda a garridice as suas flores.

Assim, nós, homens,  entendêssemos a lição que nos dá a vingança da Natureza sobre a barbaridade dos homens!

quarta-feira, 18 de março de 2015

A nomeação do Governador do Banco de Portugal

Jornal "O Xuão" de 4 de Março de 1908

A política entretém o povo!


http://economico.sapo.pt/


Há dias, António Costa disse que iria propor a alteração das normas que actualmente regem a nomeação do Governador do  Banco de Portugal, uma medida que pareceu - e é acertada - como se o líder do PS tivesse tirado "um coelho da cartola".

Afinal, tal não aconteceu.

O insuspeito e lúcido homem de leis, Vital Moreira, hoje no "Económico" on-line, vem dizer como a notícia acima transluz e de que se transcreve apenas um excerto, que uma proposta idêntica - apresentada - há meia dúzia de anos pelo PSD e CDS, nessa altura na oposição, foi rejeitada pelo PS, nessa altura no Governo. Agora invertem-se os papéis!

A gente ouve, lê e não acredita.

Afinal, António Costa quer fazer agora aquilo que o seu partido recusou há anos, como se tivesse "descoberto a pólvora", quando, afinal, ela já havia sido "descoberta" pelos partidos que agora estão no governo!!!

E estes - a quem competia defender a medida que já haviam proposto - são apanhados de surpresa pela "esperteza" de António Costa, o que não deixa de ser uma lição para eles por terem sido apanhados a dormir...

Razão assiste, por isso, a quem pensa que há que mudar, não de regime - que a Democracia é o pior dos males - mas de uma certa política que se diverte nestas "danças", mas sem cuidar que o povo pode começar a fartar-se de tal "dança" e por uma questão de respeito que deve merecer exige mais compostura que quem estando no governo - então, o PS recusou o que o PSD e CDS propuseram - e vêm agora cheio de "esperteza" propor o que foi recusado.

Do mesmo modo, começa a andar farto da "palermice" dos que tendo proposto a mudança, dão, agora, de caras com a proposta do PS como se fosse uma novidade e como se nunca tivessem pensado no assunto calam-se e consentem que os outros se antecipem à sua inércia, quando, sendo governo, deveriam ser mais actuantes e defensores das suas próprias medidas.

E a dança da POLÍTICA continua...
E a do povo? Será que vai continuar?