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sábado, 5 de janeiro de 2019

Olha as minhas mãos...


Foto captada com a devida vénia do Jornal "Expresso" de 5 de Janeiro de 2019
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       Olha as minhas mãos

Foram jovens e pujantes,
fortes e ágeis e construíram coisas…
Com elas ergui catedrais
e casas humildes.
Foi com elas que ganhei honradamente a vida
trabalhando horas a fio… horas demais,
tantas vezes!

Mas havia prazos a cumprir.

E lá em casa, aqueles que dependiam de mim,
e que viviam à mercê do trabalho das minhas mãos
e me pediam – e com todo o direito –
que lhes desse o essencial…
que fosse, ao menos, o pão-nosso de cada dia,
sempre que nisto pensava, as minhas  mãos
nunca se cansaram!

Hoje estão assim…

Velhas e enrugadas, tendo em cada ruga
esforços e vitórias de muitos trabalhos.
Mas, também, o sabor amargo de algumas derrotas
das quais, penso, o vencedor foi a ingratidão
de um Mundo por demais incompreensivo
com os mais fracos… e me pediam impossíveis!

Mas, tudo lá vai…

Dou graças a Deus pelas minhas mãos enrugadas,
por serem, cada uma, das que, amorosamente
seguras entres as tuas,
mapas de muitos caminhos vencidos..
porque, podes crer, todos aqueles que me derrotaram
por me terem pedido, esforços sobre-humanos
em certos dias em que lhes faltou a caridade humana,
eu venci-os a todos,
porque foi sempre minha a vitória do dia seguinte.

E foram as tuas mãos macias
que agora acariciam as minhas mãos enrugadas,
as causadoras de todas as batalhas que venci,
porque foi por amor das tuas mãos,
que eram então, pequeninas,
que eu senti o grito de ganhar  
por cima de todos os esforços, 
o pão-nosso de cada dia!

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