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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A tua primeira corrida


     A TUA PRIMEIRA CORRIDA 

Querido  Vasquinho:
Olhei, rendido, a graça dos teus primeiros passos...
Foi a tua primeira corrida!

Aconteceu, ontem, ao cair da noite.
Tinhas comido a tua refeição e havias tomado o teu banho.
A tua Mãe, solícita, tinha-te vestido todo de azul
e calçara-te umas meias brancas...

Ficaste lindo  dentro do “parque” 
que havia na sala maior da tua casa.
Dentro dele, havia uma profusão imensa de brinquedos,
até que, primeiro, um, e depois, outro e outro até ao último,
todos voaram,  até caírem  com estrondo no chão.
Limpaste o “terreno” de empecilhos...
eram assim os teus brinquedos -  ante os teus intentos.
Depois, num rodopio, fincaste as tuas mãositas
nos bordos  do “parque”... a tua primeira pista de corridas
e ergueste o teu corpito, junto a um dos cantos
e, num relance, olhaste, interrogador, o outro
como quem estuda o “terreno” e o seu tamanho.

Depois, largaste as mãos
 e ficaste gracioso, num “tem-tem...”
Foi um encantamento.
Porém, o mais lindo, não foi apenas isto.
Num repente, puseste asas leves nos teus pesinhos
E correste em frente, 
até ao outro lado com uma gargalhada!
Havias vencido a tua primeira corrida, num espaço “enorme”
Para os teus robustos e saudáveis nove meses!

Deus queira, Vasquinho, que esta vitória sobre ti mesmo
seja a primeira das muitas nas corridas que vais ter...
e que seja sempre assim, pela vida fora.
É este o meu desejo e, também, o da tua avó,
que assistiu agachada, á frente do parque,
na expectativa de te levantar, se tu caísses.
Não foi preciso, porque tu és um campeão!

Como eu, a tua avó 
que gosta muito de ti - foi a testemunha
dos teus primeiros passos... 
da tua primeira e grande vitória!
E, como eu, deixa aqui, um beijo do tamanho do mundo
e um desejo ardente, para que em todas em tuas corridas,
pela lonjura da vida, 
chegues sempre ao outro lado sempre inteiro
e como aconteceu nesta primeira vez, sorridente!

Que tu, querido Vasquinho, 
tenhas sempre a alegria de ontem,
dentro do “parque” que havia na sala maior da tua casa...

Mas, se um dia não chegares ao fim de um caminho traçado,
isto é, ao outro lado, pensa nisto:
é porque o caminho 
era muito comprido para as forças daquele dia.
Porque - acredita - 
quando queremos, nunca se perdem  corridas!
o que é preciso, é recomeçar sempre no mesmo ponto
até que surja, mesmo longe, o outro lado do “parque”
Faz sempre como ontem: era grande a lonjura... e venceste!

É este o desejo dos teus avós,
que sentiram uma santa vaidade pela tua grande corrida
e sorriram contentes com as tuas gargalhadas
e com teu encantamento pela tua primeira vitória!


14 de Outubro de 1997



















































      

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