EM TUA MEMÓRIA, MÃE
Como se fosse uma finíssima escultura
de um qualquer afamado artista
de Atenas
era uma estátua grega o teu
rosto mortuário.
Era de tal modo a talha e a
linha pura
que o teu rosto escondia as suas
penas
e tinha o ar de quem rezava o
seu Rosário.
Apesar disso, Mãe,
apesar da tua serenidade
amortalhada
e do ar que tinhas... como se
dormisses
por teres chegado ao fim da
estrada
nunca supus que após o fim da
tua vida
deixasses tanto vazio e tanto
escuro!
É que tudo é mais longe e é mais
além...
e é por me faltar a tua guarida
que em cada passo encontro um
muro.
Ensina-me, Mãe, o modo de o
vencer.
Que há vidas que tenho de
cumprir
e sortes onde não posso perder.
Conto contigo, minha Mãe,
embora nunca mais me digas adeus
quando saía comovido do teu
ninho
- que era a nossa casa da aldeia
-
e me perdia na curva do caminho.
Sabes, Mãe, dou graças ao
destino
por ter sido eu quem te havia de
cerrar os olhos.
- Os teus olhos quase cegos -
mas que se abriam
para me ver, como se não houvesse crescido
e fosse sempre ao teu olhar o
teu menino!
Graças, Mãe, pela tua força e
pelo teu querer
Graças, Mãe, por tudo o que me
ensinaste,
Graças, Mãe, pela tua alegria de
viver
Graças, Mãe, por tudo quanto
amaste
Graças, Mãe, por tudo quanto me
deste:
- os teus inolvidáveis
presentes.
Graças, Mãe, pelo teu amor à
terra
e às suas gentes.
E agora, Mãe, embala-me
docemente,
como se eu fosse - e era para ti
-
o teu menino... sempre em teus
braços.
E reza por mim no alvor celeste
para que eu vença todos os
cansaços
e me erga sempre em cada um dos
passos
que tenha de cumprir na vida que
me deste!
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