Homenagem da Revista "O Occidente" em 11 de Junho de 1890
ao passamento de Camilo Castelo Branco no dia 1 de Junho de 1890
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1 - Uma viagem na companhia
de um precioso livro de Camilo Castelo Branco
de um precioso livro de Camilo Castelo Branco
Busquei há dias, na minha velha Biblioteca o 1º volume das "HORAS DE PAZ -Escritos Religiosos" de Camilo Castelo Branco, um livro que passa algo desapercebido na longa e valiosíssima lista da Obra Camiliana - e que eu tenho a felicidade de conhecer - para fazendo-me comboio de mim mesmo, tomar lugar numa carruagem de 1ª classe - que assim o merece este livro do trágico donatário do palacete de S. Miguel de Seide, sabendo de antemão que para chegar ao fim da viagem do Capítulo IX que o autor dedica ao problema da FÉ, iria parar nalgumas "estações do caminho".
Aconteceu logo no nº 1 para "beber" estas palavras:
Eu elevei a razão humana a um grau de pureza tal, que, reputando-a assim sublime, na generalidade dos homens, basta esse atributo para estabelecer a harmonia entre o criador e a criatura.
Foi, nessa estação do caminho que dei comigo a pensar em filósofos como Galileu, Giordano Bruno -um teólogo condenado à morte pela Inquisição romana - e em Descartes por terem tido a coragem de aviventar o pensamento contra a fé cega que mantinha os homens na ignorância das trevas e reclamava o direito à luz natural da razão que lhe dizia que entre Deus e o homem existia um fio condutor que transportava o calor do incognoscível ao seu ser pensante e amado pela Força que o criara.
Prosseguiu a viagem e numa segunda paragem, Camilo Castelo Branco surpreendeu-me desta maneira ao falar do celebre médico Barthez (Paul Joseph) um teórico da biologia que advogou o "princípio vital" para explicar o fenómeno da vida, usando uma visão matemática e materialista da vida que fez publicar na Enciclopédia de Denis Diderot e d'Alembert.
Conta Camilo Castelo Branco que estando ele à beira da morte e a temia por não ter a certeza fosse do que fosse, até que o padre que o assistiu e condoído da sua dúvida lhe perguntou: - Mr. Barthez nem ao menos nas matemáticas achais uma certeza? - a que o moribundo respondeu: - As matemáticas têm uma série de consequências inevitáveis, perfeitamente encadeadas, mas a base não sei qual é.
E Camilo remata: A base que Barthez não conhecia é a base de todas as doutrinas- é a substância oculta de todos os fenómenos, deixando esta pergunta: - Repelis a fé quando estudais o dogma da ciência divina?
A seguir a uma nova paragem, no nº II que começa com esta frase: A dúvida é uma tortura, dei que Camilo fez que a agulha do comboio que me levava maravilhado, entrasse num novo percurso em que a razão humana apareceu pela primeira vez, dizendo ele que a razão cultivada pelo estudo e ilustrada pela consciência, contempla os fenómenos da divindade: explica-os no âmbito da sua compreensão, e abate o vôo arrojado para o raso da terra, quando topa na escala da ciência, um degrau que sobe para a região dos mistérios.
Um pouco mais adiante, diz Camilo Castelo Branco: A ignorância é o abismo da fé, porque a fé é um acto de inteligência. A faculdade de receber e combinar ideias, que são as relações eternas das coisas, é o que se diz inteligência. A harmonia da inteligência com as ideias naturais chama-se razão. Mas há umas outras ideias, chamadas divinas, e quando a inteligência estiver em harmonia com elas está constituída a fé. Para adquirimos a razão temos um processo, que é o estudo. O estudo é o idêntico processo que temos para adquirir a fé.
Senti que nesta estação do caminho o comboio que me levava parou mais tempo, porque foi preciso ler, reler, uma, duas e não sei ao certo quantas vezes o fiz, pelo facto de Camilo me dizer esta coisa clara: a fé é um acto de inteligência e dei comigo a agradecer a Deus a vida que Ele deu àquele ilustre senhor que de um modo preciso me deu um significado para a fé sem se socorrer de grandes devaneios, para, por fim nos aconselhar a estudar a religião cristã, como críticos, como filósofos, como moralistas, mas estudai-a.
E a terminar o capítulo da Fé, Camilo regista este grito de Lacordaire dirigido a Deus: - Ó tu. quem quer que sejas, que me fizeste! Deixa-me tirar da minha dúvida, da minha miséria!
Não sei precisar, exactamente, o tempo em que a carruagem de 1ª classe do meu próprio comboio esteve parada nesta estação do caminho, mas sei e com toda a convicção que este capítulo sobre a Fé, senti que para ela continuar a percorrer o caminho que lhe faltava segui o conselho de Camilo sobre o estudo que é precisos fazer da religião cristã e, porque, o grito de Lacordaire passou a martelar com força no meu entendimento das coisas
Aconteceu logo no nº 1 para "beber" estas palavras:
Eu elevei a razão humana a um grau de pureza tal, que, reputando-a assim sublime, na generalidade dos homens, basta esse atributo para estabelecer a harmonia entre o criador e a criatura.
Foi, nessa estação do caminho que dei comigo a pensar em filósofos como Galileu, Giordano Bruno -um teólogo condenado à morte pela Inquisição romana - e em Descartes por terem tido a coragem de aviventar o pensamento contra a fé cega que mantinha os homens na ignorância das trevas e reclamava o direito à luz natural da razão que lhe dizia que entre Deus e o homem existia um fio condutor que transportava o calor do incognoscível ao seu ser pensante e amado pela Força que o criara.
Prosseguiu a viagem e numa segunda paragem, Camilo Castelo Branco surpreendeu-me desta maneira ao falar do celebre médico Barthez (Paul Joseph) um teórico da biologia que advogou o "princípio vital" para explicar o fenómeno da vida, usando uma visão matemática e materialista da vida que fez publicar na Enciclopédia de Denis Diderot e d'Alembert.
Conta Camilo Castelo Branco que estando ele à beira da morte e a temia por não ter a certeza fosse do que fosse, até que o padre que o assistiu e condoído da sua dúvida lhe perguntou: - Mr. Barthez nem ao menos nas matemáticas achais uma certeza? - a que o moribundo respondeu: - As matemáticas têm uma série de consequências inevitáveis, perfeitamente encadeadas, mas a base não sei qual é.
E Camilo remata: A base que Barthez não conhecia é a base de todas as doutrinas- é a substância oculta de todos os fenómenos, deixando esta pergunta: - Repelis a fé quando estudais o dogma da ciência divina?
A seguir a uma nova paragem, no nº II que começa com esta frase: A dúvida é uma tortura, dei que Camilo fez que a agulha do comboio que me levava maravilhado, entrasse num novo percurso em que a razão humana apareceu pela primeira vez, dizendo ele que a razão cultivada pelo estudo e ilustrada pela consciência, contempla os fenómenos da divindade: explica-os no âmbito da sua compreensão, e abate o vôo arrojado para o raso da terra, quando topa na escala da ciência, um degrau que sobe para a região dos mistérios.
Um pouco mais adiante, diz Camilo Castelo Branco: A ignorância é o abismo da fé, porque a fé é um acto de inteligência. A faculdade de receber e combinar ideias, que são as relações eternas das coisas, é o que se diz inteligência. A harmonia da inteligência com as ideias naturais chama-se razão. Mas há umas outras ideias, chamadas divinas, e quando a inteligência estiver em harmonia com elas está constituída a fé. Para adquirimos a razão temos um processo, que é o estudo. O estudo é o idêntico processo que temos para adquirir a fé.
Senti que nesta estação do caminho o comboio que me levava parou mais tempo, porque foi preciso ler, reler, uma, duas e não sei ao certo quantas vezes o fiz, pelo facto de Camilo me dizer esta coisa clara: a fé é um acto de inteligência e dei comigo a agradecer a Deus a vida que Ele deu àquele ilustre senhor que de um modo preciso me deu um significado para a fé sem se socorrer de grandes devaneios, para, por fim nos aconselhar a estudar a religião cristã, como críticos, como filósofos, como moralistas, mas estudai-a.
E a terminar o capítulo da Fé, Camilo regista este grito de Lacordaire dirigido a Deus: - Ó tu. quem quer que sejas, que me fizeste! Deixa-me tirar da minha dúvida, da minha miséria!
Não sei precisar, exactamente, o tempo em que a carruagem de 1ª classe do meu próprio comboio esteve parada nesta estação do caminho, mas sei e com toda a convicção que este capítulo sobre a Fé, senti que para ela continuar a percorrer o caminho que lhe faltava segui o conselho de Camilo sobre o estudo que é precisos fazer da religião cristã e, porque, o grito de Lacordaire passou a martelar com força no meu entendimento das coisas
2 - Uma viagem (breve) pela Filosofia
do homem perante a sua existência
do homem perante a sua existência
Diz a Revelação de Deus através de Jesus Cristo - um Homem que era Deus - que ele coloca dentro da história um ponto referencial de que todos o homem não pode prescindir para o entendimento do mistério da sua existência e que, por esse motivo, diz o filósofo "Credo ut inttellegam" - creio para entender- e que na ordem natural das coisas, a Sabedoria do Ente Supremo, ao longo de um tempo de que nunca saberemos a extensão, através dos Patriarcas e Profetas foi alinhando o curso das coisas que veio a desembocar em Jesus, que veio para preencher esta tríade admirável: ser para todos os homens - seus irmãos - CAMINHO, VERDADE E VIDA - abrindo assim, através d'Ele o homem ao conhecimento da verdade-
Uma verdade que o leva - se ele quiser - pela observação atenta da Natureza, até à especulação científica e filosófica, mas, sobretudo pelo estudo da sua vida concreta até às profundezas de onde partiu para a entender à luz de dois candelabros: o divino que só será entendível se não lhe faltar a sabedoria humana que tem de partir do nada para entender o tudo que vive escondido no mistério que o envolve por todos os lados e é, por isso que a filosofia diz: "Intellego ut credam" - Entendo para crer - porque o homem, por vontade do Criador é por sua natureza um buscador da verdade.
- Qual o sentido da vida?
- De onde vim?
- Para onde vou?
São três questões básicas, mas fundamentais que se fundam em quatro níveis da verdade que o homem procura atender:
- À da vida quotidiana.
- À da vida científica.
- À da vida filosófica.
- À da vida teológica.
E é na busca de dar resposta a tudo isto que o homem num dado momento da vida se vê diante do Mistério de Deus, no desejo de encontrar no Ser Absoluto uma resposta racional que lhe possa sustentar a fé procurada, ao estabelecer diante do seu destino uma relação consciente entre esta e a razão, uma dicotomia que nos leva à filosofia de S. Tomás de Aquino que nos diz que Deus, sendo ao mesmo tempo o criador da razão humana e o
autor da fé, é o garante da harmonia entre ambas, algo que, apesar da harmonia que deu à percepção humana, sofreu o revés, no Iluminismo ao afastar a fé e a razão, porque desejou o afastamento de Deus, deixando o homem à deriva, matando o Absoluto que é preciso reencontrar.
Eis, porque, urge que pensadores - como Camilo Castelo Branco que deixou o seu pensamento espraiado nas HORAS DE PAZ - Filósofos, Teólogos, Cristãos e todos os homens de boa vontade devem
ter a coragem de desenvolver e aprofundar as justas relações entre fé e razão,
para mostrar ao mundo que uma não exclui a outra; ao contrário, ambas são como
que asas de um pássaro que nos levam à contemplação da verdade, de Deus.
3 - Uma viagem através de um documento fundamental do Magistério da Igreja Apostólica Romana
à Luz do Concílio Vaticano II
à Luz do Concílio Vaticano II
JOÃO PAULO II
AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA
SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE FÉ E RAZÃO
INTRODUÇÃO
«CONHECE-TE
A TI MESMO »
5. A Igreja,
por sua vez, não pode deixar de apreciar o esforço da razão na consecução de
objectivos que tornem cada vez mais digna a existência pessoal. Na verdade, ela
vê, na filosofia, o caminho para conhecer verdades fundamentais relativas à
existência do homem. Ao mesmo tempo, considera a filosofia uma ajuda
indispensável para aprofundar a compreensão da fé e comunicar a verdade do
Evangelho a quantos não a conhecem ainda.
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CAPÍTULO I
A REVELAÇÃO DA SABEDORIA DE DEUS
A REVELAÇÃO DA SABEDORIA DE DEUS
2. A
razão perante o mistério
13.
Entretanto, não se pode esquecer que a Revelação permanece envolvida no
mistério. Jesus, com toda a sua vida, revela seguramente o rosto do Pai, porque
Ele veio para manifestar os segredos de Deus; e contudo, o conhecimento que possuímos
daquele rosto, está marcado sempre pelo carácter parcial e limitado da nossa
compreensão. Somente a fé permite entrar dentro do mistério, proporcionando uma
sua compreensão coerente.
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CAPÍTULO
II
CREDO UT INTELLEGAM
CREDO UT INTELLEGAM
17. Não há
motivo para existir concorrência entre a razão e a fé: uma implica a outra, e
cada qual tem o seu espaço próprio de realização. Aponta nesta direcção o livro
dos Provérbios, quando exclama: « A glória de Deus é encobrir as coisas, e a
glória dos reis é investigá-las » (25, 2). Deus e o homem estão colocados, em
seu respectivo mundo, numa relação única. Em Deus reside a origem de tudo,
n'Ele se encerra a plenitude do mistério, e isto constitui a sua glória; ao
homem, pelo contrário, compete o dever de investigar a verdade com a razão, e
nisto está a sua nobreza. Um novo ladrilho é colocado neste mosaico pelo
Salmista, quando diz: « Quão insondáveis para mim, ó Deus, vossos pensamentos!
Quão imenso o seu número! Quisera contá-los, são mais que as areias; se pudesse
chegar ao fim, estaria ainda convosco » (139/ 138, 17-18). O desejo de conhecer
é tão grande e comporta tal dinamismo que o coração do homem, ao tocar o limite
intransponível, suspira pela riqueza infinita que se encontra para além deste,
por intuir que nela está contida a resposta cabal para toda a questão ainda sem
resposta.
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INTELLEGO UT CREDAM
1.
Caminhar à procura da verdade
24. Nos Actos
dos Apóstolos, o evangelista Lucas narra a chegada de Paulo a Atenas, numa das
suas viagens missionárias. A cidade dos filósofos estava cheia de estátuas, que
representavam vários ídolos; e chamou-lhe a atenção um altar, que Paulo
prontamente aproveitou como motivo e base comum para iniciar o anúncio do
querigma: « Atenienses — disse ele —, vejo que sois, em tudo, os mais
religiosos dos homens. Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos
monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: "Ao Deus
desconhecido". Pois bem! O que venerais sem conhecer, é que eu vos anuncio
» (Act 17, 22-23). Partindo daqui, S. Paulo fala-lhes de Deus
enquanto criador, como Aquele que tudo transcende e a tudo dá vida. Depois
continua o seu discurso, dizendo: « Fez a partir de um só homem, todo o género
humano, para habitar em toda a face da Terra; e fixou a sequência dos tempos e
os limites para a sua habitação, a fim de que os homens procurem a Deus e se
esforcem por encontrá-Lo, mesmo tacteando, embora não Se encontre longe de cada
um de nós » (Act 17, 26-27).
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CAPÍTULO
IV
A RELAÇÃO ENTRE A FÉ E A RAZÃO
A RELAÇÃO ENTRE A FÉ E A RAZÃO
1. As
etapas significativas do encontro entre a fé e a razão
36. Os Actos
dos Apóstolos testemunham que o anúncio cristão se encontrou, desde os seus
primórdios, com as correntes filosóficas do tempo. Lá se refere a discussão que
S. Paulo teve com « alguns filósofos epicuristas e estóicos » (17, 18). A
análise exegética do discurso no Areópago evidenciou repetidas alusões a ideias
populares, predominantemente de origem estóica. Certamente isso não se deu por
acaso; os primeiros cristãos, para se fazerem compreender pelos pagãos, não
podiam citar apenas « Moisés e os profetas » nos seus discursos, mas tinham de
servir-se também do conhecimento natural de Deus e da voz da consciência moral
de cada homem (cf. Rom 1, 19-21; 2, 14-15; Act 14, 16-17).
Como, porém, na religião pagã, esse conhecimento natural tinha degenerado em
idolatria (cf. Rom 1, 21-32), o Apóstolo considerou mais
prudente ligar o seu discurso ao pensamento dos filósofos, que desde o início
tinham contraposto, aos mitos e cultos mistéricos, conceitos mais respeitosos
da transcendência divina.
4 - Uma viagem por dentro de mim mesmo
Comecei por escrever este "post" unicamente para me debruçar sobre o livro HORAS DE PAZ de Camilo Castelo Branco no capítulo a que aduzo, mas vieram a seguir às sábias considerações do eminente escritor sobre a fé e razão, e o seu dizer que, esta cultivada pelo estudo e ilustrada pela consciência, contempla os fenómenos da divindade: explica-os no âmbito da sua compreensão, e abate o vôo arrojado para o raso da terra, quando topa na escala da ciência, um degrau que sobe para a região dos mistérios.
E tanto bastou para me por de atalaia, para me levar mais à frente - e eu que tenho uma fé racional - senti, verdadeiramente o que Camilo quis dizer, porque é na tal região dos mistérios, que se esconde o poder da razão, porque Deus no-la deu para com coragem de desenvolver e aprofundar as justas relações entre fé e razão, para mostrar ao mundo que uma não exclui a outra; ao contrário, ambas são como que asas de um pássaro que nos levam à contemplação da verdade, de Deus.
E, depois, profundo e belo surgiu ao meu espírito esse livro - que o hoje S, João Paulo II - chamou "Carta Encíclica" - Fides et Ratio - a décima segunda publicação do seu Magistério publicada em 14 de Setembro de 1998 destinada a abordar as relações ente a fé e a razão,para dizer aos homens de todo o mundo que: A Igreja, por sua vez, não pode deixar de apreciar o esforço da razão na consecução de objectivos que tornem cada vez mais digna a existência pessoal. Na verdade, ela vê, na filosofia, o caminho para conhecer verdades fundamentais relativas à existência do homem - e que, portanto - não há motivo para existir concorrência entre a razão e a fé: uma implica a outra, e cada qual tem o seu espaço próprio de realização.
E para tornar tudo mais claro - que assim o quer a Igreja o nosso tempo - aponta como um caminho a seguir o livro dos Provérbios, quando exclama: « A glória de Deus é encobrir as coisas, e a glória dos reis é investigá-las » (25, 2). Deus e o homem estão colocados, em seu respectivo mundo, numa relação única.
Para concluir, citando o mesmo Livro Bíblico:
Em Deus reside a origem de tudo, n'Ele se encerra a plenitude do mistério, e isto constitui a sua glória; ao homem, pelo contrário, compete o dever de investigar a verdade com a razão, e nisto está a sua nobreza.
Que Deus seja louvado pela minha fé racional.
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