A páginas 31 do seu "Dicionário Filosófico" ao tratar da alma que Voltaire considerava imortal. cita S. Tomás de Aquino para dizer o seguinte:
Diz Santo Tomás
(questão septuagésima quinta e subseqüentes) que a alma é uma forma subsistante
per se. Que está em todas as coisas. Que sua essência difere de sua potência.
Que há três almas vegetativas: nutritiva, aumentativa, generativa. Que a memória
das coisas espirituais é espiritual. Que a memória das coisas corporais é
corporal. Que a alma racional é uma forma imaterial quanto às operações e
material quanto ao ser. Sto. Tomás escreveu duas mil páginas dessa força e
dessa clareza. É o pai da escola
Mais à frente a terminar este Capitulo, Voltaire, diz assim:
Parece que só depois da fundação
de Alexandria os judeus se cindiriam em três seitas: fariseus, saduceus,
essênios. Ensina o historiador fariseu José no livro 13 das Antigüidades que os
fariseus acreditavam na metempsicose. Criam os saduceus que a alma se extinguia
com o corpo. Para os essênios - é ainda José quem o afiança - a alma era
imortal; segundo eles as almas, sob forma aérea, desciam do fastígio do
firmamento violentamente atraídas pelos corpos. Após a morte as almas das
pessoas boas iam morar além oceano, num país onde não fazia calor nem frio, não
ventava nem chovia. Lugar de todo em todo oposto era o desterro das almas
ruins. Tal a teologia dos judeus.
Aquele que devia ensinar todos os homens
veio condenar essas três seitas. Sem ele, porém, jamais saberíamos coisa alguma
da própria alma. Porque os filósofos nunca souberam nada certo e Moisés, único
verdadeiro legislador do mundo antes do nosso, Moisés que falava com Deus face
a face e não o via senão pelas costas, deixou os homens em profunda ignorância
dessa magna questão. Há apenas mil e setecentos anos que estamos certos da
existência e imortalidade da alma.
Cícero não tinha mais que dúvidas. Seus
netos aprenderam a verdade com os primeiros galileus que arribaram a Roma.
Mas antes disso, e até depois disso em
todo o resto da terra onde não penetraram os apóstolos, cada um devia dizer à
própria alma: Que és tu? De onde vens? Que fazes? Para onde vais? Tu és não sei
que, que pensa e que sente. Mas ainda que pensasses e sentisses cem bilhões de
anos, nada saberias por tuas próprias luzes, sem o auxílio de Deus.
Homem! Deus outorgou-te o entendimento
para bem procederes e não para penetrares a essência das coisas por ele criadas.
Retenho o parágrafo em que ele explicitamente se refere a Jesus Cristo.
Aquele que devia ensinar todos os homens veio condenar essas três seitas. Sem ele, porém, jamais saberíamos coisa alguma da própria alma. Porque os filósofos nunca souberam nada certo e Moisés, único verdadeiro legislador do mundo antes do nosso, Moisés que falava com Deus face a face e não o via senão pelas costas, deixou os homens em profunda ignorância dessa magna questão. Há apenas mil e setecentos anos que estamos certos da existência e imortalidade da alma.
E, depois, fixo a minha atenção e entendimento na frase final: Homem! Deus outorgou-te o entendimento para bem procederes e não para penetrares a essência das coisas por ele criadas.
E todo o meu ser agradece a Voltaire - injustamente criticado pelo poder temporal da Igreja do seu tempo - a clarividência do grande e ilustre filósofo ao chamar a atenção do homem para o julgamento que lhe convém fazer sobre a sua alma - fonte da vida do seu organismo, usufruindo do dom da vida eterna mas separada do seu corpo.
Foi buscar a sua essência ao tempo que antecede a criação do homem, quando Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança", um propósito realizado na primeira criatura,tendo tido desde logo analogias com o seu Criador, vicissitudes que ficaram impressas na alma do primeiro homem através do sopro recebido, com reflexos na inteligência e plasmada numa vontade divina que capacita o homem a afirmar que, tal como Deus é eterno, assim será a sua alma.
Foi buscar a sua essência ao tempo que antecede a criação do homem, quando Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança", um propósito realizado na primeira criatura,tendo tido desde logo analogias com o seu Criador, vicissitudes que ficaram impressas na alma do primeiro homem através do sopro recebido, com reflexos na inteligência e plasmada numa vontade divina que capacita o homem a afirmar que, tal como Deus é eterno, assim será a sua alma.
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