NAS MENINAS DOS MEUS OLHOS
(Cantiga) 1893
Nas meninas dos meus olhos,
Para onde quer que elas vão,
Que imagem vês refletida?
Mar? Céu? Arvoredos? – Não!
Errantes por longes terras,
Perdidas na multidão,
As meninas dos meus olhos
São como cegas, não são?
Nas meninas dos meus olhos,
Para onde quer que elas vão,
Só anda a tua figura,
Dona do meu coração!
Anda o teu santo retrato,
Tua adorada expressão,
Nas meninas dos meus olhos,
E toda a vida andarão...
Sempre que leio a poesia de Alberto de Oliveira, encontro nela todos os sentimentos da cultura brasileira do seu tempo, fundada no Parnasianismo da escola da sua Pátria que teve nele o positivismo da objectividade como ele abordou a poesia que deixou para a posteridade profusamente plasmada na sua imensa obra, na qual a valorização da estética literária agia em busca da perfeição que teve nele um cultor admirável
É tudo isto que se encontra "NAS MENINAS DOS MEUS OLHOS" em que, na sua aparente "cegueira" ele vê, distinta e bela a dona do seu coração e, de tal modo, que é assim que a quer ver por toda a vida, sem qualquer subjectivismo, mas numa atitude positiva, por oposição ao Romantismo que ele ainda conheceu na idade adulta, no último quartel do século XIX.
Ler Alberto de Oliveira é ir a um tempo em que, no Brasil, a arte poética encontrou a expressão lúdica em que a vida se firmava, serena e profunda nas raízes do amor que ia pela vida fora, como se fora um rio com princípio e fim, sendo este o encontro final com o Mar da Eternidade.
É por isso que o Poeta disse:
Anda o teu santo retrato,
Tua adorada expressão,
Nas meninas dos meus olhos,
E toda a vida andarão...
E toda a vida andarão...
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